sábado, 25 de julho de 2009

Nada do que foi... será...

As idéias transformadoras sempre aparecem disfarçadas. Em uma palestra sobre os meios de comunicação e o nosso dia a dia notei maravilhada que uma parcela, dos participantes, encontra-se em crise de percepção. Existe um desejo por alterações fundamentais nos valores vigentes. Estudos sociológicos comprovam esse anseio. Entretanto é diferente quando você se depara com esses indicadores tão perceptíveis em pessoas sentadas ao seu lado. Em seguida, uma amiga falando de algumas mudanças em sua maneira de agir concluiu dizendo: sou criativa e ponto final... Na verdade, ela estava fazendo o Manifesto da Pessoa, uma declaração do seu soberano direito de auto-descoberta e auto-afirmação. Passei por isso há muitos anos atrás, embora essa metamorfose tenha acontecido de forma quase subterrânea. No meu caso foi um livro “A Conspiração Aquariana” de Marilyn Ferguson, uma jornalista norte-americana. A autora falava de uma rede de intelectuais agindo e provocando modificações no mundo. Alguns estavam destruindo elementos-chave do pensamento ocidental e rompendo com a continuidade da História, afirmava ela. Às vezes, as idéias transformadoras podem aparecer também no formato de um inofensivo compêndio, pensei. Do meu ponto de vista, o antigo modelo não funcionava mais. Ao mesmo tempo que, o livro respondia às minhas indagações, uma silenciosa revolução teve inicio no meu cotidiano. A crise por mim vivida era grande e de dimensões intelectuais, morais e espirituais e me acompanhava desde a graduação. Passou? Não passou, foi amenizada com a ajuda de um médico que antes de pedir testes de laboratório ofereceu calor humano e auxílio. O paradigma dessa medicina – a homeopatia – está na busca de causas, pois a mente é o fator primário nas doenças. Bem-estar não será ministrado às colheradas, ele vai emanar de uma matriz: o corpo-cérebro. O referido médico foi assunto de nossa conversa. A minha amiga disse: o doutor estava certo. Eu respondi: essa é a pior parte. Ele sempre tem razão ao afirmar que os seres humanos estão atravessando uma crise mundial complexa. Ela afeta a saúde, a economia, a tecnologia, a política, o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e as nossas relações sociais e afetivas. Verdade...
A humanidade passou por grandes modificações, porém, esse momento não tem precedente. Estamos nos defrontando com a possibilidade de extinção da raça humana e da vida no planeta. Além da poluição atmosférica, a saúde está ameaçada pela água e pelos alimentos contaminados por produtos químicos tóxicos. São problemas intimamente relacionados e interdependentes.
Fritjof Capra citou a frase do I Ching em seu livro O ponto de mutação: ao término de um período de decadência sobrevém o ponto de mutação. Há movimento, mas este não é gerado pela força... ele é natural, surgindo de forma espontânea. Por essa razão, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado, e o novo introduzido.
Os seres humanos estão vivenciando alterações que tanto poderão harmonizar o mundo como destruí-lo. Até a pouco tempo, normas e hábitos culturais eram pressupostos não questionáveis norteando vidas, porém, costume é como nevoeiro, sempre se desfaz. Está acontecendo agora: depois da tempestade – de 1968 – são visíveis os contornos de uma nova postura cultural. Modelos como casamento, família, sexualidade, além das instituições sociais e políticas foram abalados. Mesmo não existindo formulas para introduzir mudanças, a resposta aparecerá através da atitude para solucionar os problemas mais urgentes. As idéias transformadoras estão em nossas cabeças e a chave das mutações em nossas mãos. Como Caetano está na hora de cantar: nada do que foi... será...

Um comentário:

Janaina Fainer disse...

ola rosa
otimo texto
bjsssssss