segunda-feira, 28 de junho de 2010

Fiquei três dias na fazenda, sem Internet. Hoje me surpreendi com a reforma da casa. Gostei!
Esperei acabar o jogo para postar. Vencemos!

Dunga era um tranqueira, grosseiro, cavalo, a seleção péssima... não era isso que ouvíamos antes que chegassem à África? Hoje os comentaristas dizem de boca cheia "A Seleção do Dunga!". Somos engraçados ou não? Três a zero... Ótimo, vamos ver com a Holanda.

Por falar em África, quem viu o suplemento Ilustríssima, da Folha de domingo leu A Cultura do Estupro. Não posso deixar de comentar que fiquei surpresa. Segundo relatório publicado pela ONU em 2002, com dados de 50 países, a África do Sul recebeu o vergonhoso título de campeã mundial de estupros: 75,6 estupros por grupo de 100 mil habitantes (disso já tínhamos noção), a surpresa veio por conta dos outros vencedores da triste competição: logo a seguir vêm Canadá, EUA, Nova Zelândia e Suécia.
Na reportagem, de Fábio Zanini e Laura Capriglione, os autores tecem considerações sobre a cautela necessária ao se fazer a análise desse tipo de dado pois que eles podem significar, por exemplo, que as mulheres desses países se sentem mais à vontade para dar parte na polícia enquanto na África isso não acontece. Por outro lado, embora o índice africano seja chocante (um estupro a cada 30 segundo ou 1,2 milhão de estupros por ano), segundo a organização não governamental Pessoas contra o Abuso de Mulheres apenas um em cada nove estupros é denunciado à polícia e só 7% terminam em condenação.
Socialmente foi levantado que existe uma grande tolerância em relação ao crime: a polícia pouco prende, a justiça pouco age e a sociedade ainda desconfia de que a vítima deu margem para ser estuprada.
Festejar a vitória ou chorar diante dessa realidade?

domingo, 27 de junho de 2010

Desejo

"Em que rua te escondes?
É terrível não poder adivinhar teu sorriso.
Não te quero sempre ao meu lado, também não te quero vagando por aí.
Que sei teu coração vagabundo e o quanto encantas a mim.
Se disser que não como, choro ou estou triste, sabes que menti.
Mas te juro, tua ausência é presente aqui."

Vagante - Urbanda

Por que para andar para frente sempre preciso voltar para trás? E lembrar que certa tarde encontrei um amor de bicicleta quando ele ia para a aula de violão; que odiei um amor a primeira vez que o vi e nunca mais o esqueci até que o esqueci; que declarei amor a quem não amava por pura vaidade; que gritei na rua com outro depois de muito absinto; que derrubei uma taça de champagne ao ser beijada por um homem lindo em uma festa; que caí da calçada quando conheci outro por quem suspirei por poucos meses; que me deixei amar por retribuição; que fui traída e traí; que discuti muito; que senti frio na barriga e muito medo; que chorei quietinha; que comprei presente; que senti saudade; que sonhei acordada; que magoei e fui magoada... agora, só falta voltar a me apaixonar.

sábado, 26 de junho de 2010

MODOS DE VER...

Assisti dia desses, um documentário sobre Da Vinci e sua explicação sobre a influência da atmosfera no jeito que um sujeito vê objetos, esse estudo dele tornou-se conhecido como perspectiva aérea. Algo que todo estudante de desenho sabe, figuras cortadas pela cor. Lembrei-me que a base óptica da perspectiva foi definida pelo filósofo árabe Alhazen, uns quinhentos anos antes do Renascimento, mas o interesse dele era a ciência. Perspectiva... uma projeção em superfície plana de um fenômeno tridimensional. Na Grécia e Roma Antiga o recurso era conhecido como escorço, porém foi durante a Renascença que a perspectiva foi desvendada, abrindo caminho para seu estudo matemático. Nessa época, Alberti montou um cenário e colocou modelo e observador em pontos de vista fixos criando um espaço uniforme de caráter contínuo. Porém, tempo e espaço são descontínuos e coexistentes. Antes do reaparecimento da perspectiva, as pinturas e desenhos utilizavam uma escala para objetos e personagens, de acordo com seu valor temático ou espiritual.
Existe uma teoria que descreve a desaparição das condições de estabilidade em um espaço determinado. Pensei na série Catástrofe, onde Salvador Dali representou um espaço geométrico plano e elástico. Imaginei questões relacionadas à fotografia, onde as figuras repetem o olho humano aparecendo invertidas. Não sei se culpa da máquina mecânica ou da humana, pois o cristalino, uma lente gelatinosa responsável pela acomodação da imagem se encarrega de adaptar o original para o cérebro. Resumindo, o mundo captado pelo olhar está de cabeça para baixo.
Que horror! Mesmo sentimento causado pela perspectiva no século XV, algo comparado ao impacto de inovação e repulsa que o cubismo e a arte abstrata provocaram no século XX. Se na Renascença foi o encontro com o novo espaço pictórico que causou desconforto, na vanguarda, foi à volta aos espaços multi-sensoriais que perturbaram e confundiram os espectadores.
Shakespeare compreendeu como a perspectiva era artificial e com habilidade descreveu essa ilusão através de recursos verbais. O relato de Edgar ao cego Gloucester, na peça Rei Lear são: “Eis o lugar. Permanece quieto. Quão apavorante e perturbador é lançar os olhos para baixo!” Nessa descrição o bardo inglês apontou a sensação desagradável despertada, quando da mudança do espaço sensorial da Idade Média para o novo espaço visual da Renascença. È como se ele dissesse como Pascal: o silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora. Para quem viu 2001, uma odisséia espacial sabe do que ele está falando, aquela lentidão, aquela ausência de barulho, aquele frio na barriga, medo, enfim...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

saudade

texto lindo de Noemi Jaffe

"o dicionário diz que saudade é um sentimento mais ou menos melancólico de incompletude. como assim, mais ou menos? como saber se um sentimento está mais ou menos melancólico de incompletude? e por que às vezes é saudade e outras vezes saudades? será que quando é menos é saudade e quando é mais é saudades? penso que saudade é mais geral e saudades, mais específico. e que saudade é mais melancólico e saudades é menos melancólico. mas, de incompletude, os dois sentimentos são. e eu, agora, estou com muito sentimento melancólico de incompletude específico."



segunda-feira, 21 de junho de 2010

DÁ-ME TUA MÃO!


Vem, vamos juntos explorar vales e montanhas.
Que enfadonhas as planícies!
Vem, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na beleza e na feiúra, dá-me tua mão.
Vamos sair, por aí, ver o Sol... Os pingos da chuva que ontem caiu já estão a brilhar.
Vem bailar ao vento alegre que nos traz esta canção
Quero que me dês tua mão...
Vamos sair por aí sem pensar no que foi que sonhei
O que sonhaste, não sei...
Esta manhã nos faz esquecer
Vem ver o sol, deixa-o tostar-te, esquece o juízo
Não pensa no que foi que sofri, por que foi que chorei
Vem! Dá-me tua mão...
Que te abro um champanhe, que te mostro paisagens
Que te aqueço e te assopro, mas vem!
Não olha para trás, estátua de sal,
Esvazia teu bolso do metro, calendário e bússola...
Só vem, dá-me tua mão.
Vem!
Ref. “Estrada do Sol” de Dolores Duran e Tom Jobim