E acaba janeiro...
E fevereiro começa com a ameaça de chuvas e carnaval.
Prédios caem, navios tombam, mulheres são violentadas ao vivo e a cores em programa de grande aceitação popular... e a escola de samba ensaia, o show deve continuar.
Proliferam lojas de colchões. Os ortopedistas recomendam que se troque a cada três anos, há modelos com molas ensacadas e com fibra de bambu, além dos brancos, os pretos e cor de vinho, com cabeceira acoplada...
- Este não é igual àquele?
- Não, é completamente diferente, a camada superior é feita com o mesmo látex usado na naves espaciais...
Como nossos antepassados sobreviveram à dor nas costas? Não só um colchão era para a vida toda como, muitas vezes, tratava-se apenas de um saco recheado com palha de milho, afofado na hora de dormir. Geralmente ao acordar a “vítima” não tinha palha nenhuma sob seu pobre corpo que jazia dolorido sobre as tábuas. Dormi algumas vezes num desses, na fazenda de meu avô, lá no Rio Grande do Sul.
E os tamborins (atenção ao momento cultura... instrumento de percussão do tipo membranofone, constituído de uma membrana esticada, em uma de suas extremidades, sobre uma armação, sem caixa de ressonância, normalmente confeccionada em metal, acrílico ou PVC - policloreto de vinila), bom, as tamborins repicam esquentando as cabrochas.
Os surdos, de primeira e de segunda, a caixa de guerra, a cuíca, o agogô e o reco-reco... “meu samba, viva meu samba verdadeiro, porque tem telecoteco...” ensaiam e fazem correr mais rápido o sangue dos brasileiros.
E as aulas recomeçam, o material tá caro, as mães depoem em frente às escolas dizendo que tudo aumentou. Pessoas enterram seus mortos e outros tantos não serão enterrados porque desapareceram na água do mar ou nos escombros dos prédios, e as sambistas bundudas continuam ensaiando e as porta-bandeiras giram, giram, giram... os mestres- sala ajoelham pedindo que parem, como não conseguem ter seu pedido atendido giram também, dão alguns saltos, fazem reverências e continuam, que o cortejo não pode parar:
- Vão pra frente que atrás vem gente!
E eles vão...
E o Brado Retumbante cotucou a política mas tudo fica igual, e a presidente que deve ter problemas com dentistas pois que a deixaram dentuça, por isso não quer dente no seu título e trocou por denta, vai viajar. Meu sobrinho trabalha no Itamarati, contou que vai um avião lotado com o “corpo diplomático” – deveria dizer corpos diplomáticos? Um avião para a presidente e seus assessores, outro avião com os corpos diplomáticos...
E as pessoas morrem na porta do hospital porque ninguém é responsável por elas, se estão longe uma ambulância busca, se estão dentro do hospital os enfermeiros levam mas na porta... bom, na porta é diferente... não está dentro, não podem atender, caído na calçada não está no hospital... é verdade, eu havia esquecido.
Preciso bordar minha fantasia.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
domingo, 29 de janeiro de 2012
Pré conceito
Em 5 de maio de 1993, três meninos de 8 anos foram dados como desaparecidos pelo pai de um deles na então pacata West Memphis, interior de Arkansas, Estados Unidos. Horas depois seus corpos, mortos, foram localizados com marcas de violência em uma floresta.
Um mês após o crime, três adolescentes, Jessie Misskelley, Jr, 17 anos, Jason Baldwin, 16 anos e Damien Echols, 18 anos, foram presos, julgados e condenados pelo crime em um dos julgamentos mais comentados da história justamente pelo seu absurdo.
O julgamento inicial, em 1994, rendeu o documentário Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills (1996) com produção da HBO e direção de Joe Berlinger e Bruce Sinofsky.
O longa levantou questões e fez com que diversas pessoas, dentre as quais algumas celebridades tais como Eddie Vader, Natalie Maines e Johnny Deep, se interessassem pelo caso.
Surgiu aí um grupo de apoio que juntamente com um dos advogados de defesa de um dos jovens tornou a descoberta do ocorrido em uma cruzada que correu por 18 anos e rendeu duas sequências, Paradise Lost 2: Revelations (2000) e Paradise Lost 3: Purgatory (2011).
Quem ainda não viu os documentários não deve perder a chance e com pouca pesquisa eles são facilmente localizáveis na internet. O conjunto quando visto é brutal e mostra a crueldade que só o preconceito é capaz de causar.
Deve virar filme em Hollywood em breve.
Um mês após o crime, três adolescentes, Jessie Misskelley, Jr, 17 anos, Jason Baldwin, 16 anos e Damien Echols, 18 anos, foram presos, julgados e condenados pelo crime em um dos julgamentos mais comentados da história justamente pelo seu absurdo.
O julgamento inicial, em 1994, rendeu o documentário Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills (1996) com produção da HBO e direção de Joe Berlinger e Bruce Sinofsky.
O longa levantou questões e fez com que diversas pessoas, dentre as quais algumas celebridades tais como Eddie Vader, Natalie Maines e Johnny Deep, se interessassem pelo caso.
Surgiu aí um grupo de apoio que juntamente com um dos advogados de defesa de um dos jovens tornou a descoberta do ocorrido em uma cruzada que correu por 18 anos e rendeu duas sequências, Paradise Lost 2: Revelations (2000) e Paradise Lost 3: Purgatory (2011).
Quem ainda não viu os documentários não deve perder a chance e com pouca pesquisa eles são facilmente localizáveis na internet. O conjunto quando visto é brutal e mostra a crueldade que só o preconceito é capaz de causar.
Deve virar filme em Hollywood em breve.
sábado, 28 de janeiro de 2012
0800.... uma piada!

As empresas culpam os call centers, eles empurram a questão para qualquer santo que exista no céu, menos para o verdadeiro culpado: a empresa que terceiriza esse atendimento e se gaba de seu bom relacionamento com o cliente, quando deveria dizer seu isolamento. A maior parte do tempo é uma máquina que fala.
Se der sorte e conseguir dialogar com um ser humano pague promessa em qualquer grande basílica, isso se você for católica, senão agradeça do mesmo jeito. Li dia desse que um pouco menos de marketing de massa e mais ênfase no relacionamento pode ser uma boa política para esse tipo de serviço.

O jovem perguntou qual a razão, eu expliquei e comentei ainda o fato de ter sido maltratada no 0800. Ele adotou as medidas necessárias na hora e explicou: é o segundo que faço hoje pelo mesmo motivo.
Acho que é hora das empresas acordarem e tratarem melhor seus clientes, pois hoje as pessoas querem agilidade no atendimento e um mínimo de preparo do atendente. Mas, como eles pensam que são invisíveis comportam-se como trogloditas. Diz um velho ditado “respeito é bom e eu gosto.”
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Verdade
"O que se vê é vero
O teu sabor eu quero
Mas nem só beleza eu vi (2x)
Vi cidades degradadas
Pessoas desamparadas
Nas grades da solidão
Fogo nos campos nas matas
Queima de arquivo nas praças
Chovia nas ruas do meu coração
O que se vê é vero
O teu sabor eu quero
Mas nem só beleza eu vi (2x)
Vi cidades turbulentas
Chacinas sanguinolentas
Pensei que morava nas terras do mal
Choro dos filhos, maldades
Fora dos trilhos, cidades
Pensei que sonhava e era tudo real
O que se vê é vero
O teu sabor eu quero
E a tua beleza eu vi (2x)
Vi uma estrela luzindo
A minha porta bateu
Querendo me namorar
Lua cheia clareava
Imaginei que sonhava e era tudo real
Ninguém mais coça bicho de pé
Nem ninguém caça mais arrastapé
Vida é assim é o que é"
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Ânsia
Esta semana nossa querida Camilla Telbet voltou a postar um vídeo que acho incrível que traz uma leitura sensível e de uma peça intensa e por vezes bem pouco delicada da britânica Sarah Kane (1971 - 99) e me deu vontade de publicar aqui também...
"E eu quero brincar de esconde-esconde, te emprestar minhas roupas, dizer que amo seus sapatos, sentar na escada enquanto você toma banho, e massagear seu pescoço. E beijar seu rosto, segurar sua mão e sair p'ra andar. Não ligar quando você comer minha comida, e te encontrar numa lanchonete p'ra falar sobre o dia. Falar sobre o seu dia e rir da sua paranóia. E te dar fitas que você não ouve, ver filmes ótimos, ver filmes horríveis. E te contar sobre o programa de TV que assisti na noite anterior e não rir das suas piadas. Te querer pela manhã, mas deixar você dormir mais um pouco. Te dizer o quanto adoro seus olhos, seus lábios, seu pescoço, seus peitos, sua bunda. Sentar na escada, fumando, até seus vizinhos chegarem em casa, sentar na escada, fumando, até você chegar em casa. Me preocupar quando você está atrasado, e me surpreender quando você chega cedo. E te dar girassóis e ir à sua festa e dançar. Me arrepender quando estou errado e feliz quando você me perdoa. Olhar suas fotos e querer ter te conhecido desde sempre. Ouvir sua voz no meu ouvido, sentir sua pele na minha pele, e ficar assustada quando você se irrita. Eu digo que você está linda, e te abraçar quando você estiver aflita, e te apoiar quando você estiver magoada, te querer quando te cheiro, e te irritar quando te toco e choramingar quando estou ao seu lado. E choramingar quando não estou. Debruçar-me no seu peito, te sufocar de noite e sentir frio quando você puxa o cobertor e sentir calor quando você não puxa. Me derreter quando você sorri, me desarmar quando você ri. Mas não entender como você pode achar que estou rejeitando você quando eu não estou te rejeitando, e pensar como você pôde pensar que eu te rejeitaria. E me perguntar quem você é, mas te aceitar do mesmo jeito. E te contar sobre o "tree angel", "o menino da floresta encantada" que voou todo o oceano porque ele te amava. Comprar presentes que você não quer e devolvê-los de novo. E te pedir em casamento, e você dizer "não" de novo mas continuar pedindo, porque embora você ache que não era de verdade mas sempre foi sério, desde a primeira vez que pedi. Ando pela cidade pensando. É vazio sem você mas eu quero o que você quiser e penso. Estou me perdendo, mas vou contar o pior de mim e tentar dar o melhor de mim porque você não merece nada menos que isso. Responder suas perguntas quando prefiro não responder, e dizer a verdade mesmo que eu não queira, e tentar ser honesto porque sei que você prefere. E achar que tudo acabou, espera só mais dez minutos antes de me tirar da sua vida. Esquecer quem eu sou e me deixar tentar chegar mais perto de você. E de alguma forma, de alguma forma, de alguma forma compartilhar um pouco do irresistível, imortal, poderoso, incondicional, envolvente, enriquecedor, agregador, atual, infinito amor que eu tenho por você."
"E eu quero brincar de esconde-esconde, te emprestar minhas roupas, dizer que amo seus sapatos, sentar na escada enquanto você toma banho, e massagear seu pescoço. E beijar seu rosto, segurar sua mão e sair p'ra andar. Não ligar quando você comer minha comida, e te encontrar numa lanchonete p'ra falar sobre o dia. Falar sobre o seu dia e rir da sua paranóia. E te dar fitas que você não ouve, ver filmes ótimos, ver filmes horríveis. E te contar sobre o programa de TV que assisti na noite anterior e não rir das suas piadas. Te querer pela manhã, mas deixar você dormir mais um pouco. Te dizer o quanto adoro seus olhos, seus lábios, seu pescoço, seus peitos, sua bunda. Sentar na escada, fumando, até seus vizinhos chegarem em casa, sentar na escada, fumando, até você chegar em casa. Me preocupar quando você está atrasado, e me surpreender quando você chega cedo. E te dar girassóis e ir à sua festa e dançar. Me arrepender quando estou errado e feliz quando você me perdoa. Olhar suas fotos e querer ter te conhecido desde sempre. Ouvir sua voz no meu ouvido, sentir sua pele na minha pele, e ficar assustada quando você se irrita. Eu digo que você está linda, e te abraçar quando você estiver aflita, e te apoiar quando você estiver magoada, te querer quando te cheiro, e te irritar quando te toco e choramingar quando estou ao seu lado. E choramingar quando não estou. Debruçar-me no seu peito, te sufocar de noite e sentir frio quando você puxa o cobertor e sentir calor quando você não puxa. Me derreter quando você sorri, me desarmar quando você ri. Mas não entender como você pode achar que estou rejeitando você quando eu não estou te rejeitando, e pensar como você pôde pensar que eu te rejeitaria. E me perguntar quem você é, mas te aceitar do mesmo jeito. E te contar sobre o "tree angel", "o menino da floresta encantada" que voou todo o oceano porque ele te amava. Comprar presentes que você não quer e devolvê-los de novo. E te pedir em casamento, e você dizer "não" de novo mas continuar pedindo, porque embora você ache que não era de verdade mas sempre foi sério, desde a primeira vez que pedi. Ando pela cidade pensando. É vazio sem você mas eu quero o que você quiser e penso. Estou me perdendo, mas vou contar o pior de mim e tentar dar o melhor de mim porque você não merece nada menos que isso. Responder suas perguntas quando prefiro não responder, e dizer a verdade mesmo que eu não queira, e tentar ser honesto porque sei que você prefere. E achar que tudo acabou, espera só mais dez minutos antes de me tirar da sua vida. Esquecer quem eu sou e me deixar tentar chegar mais perto de você. E de alguma forma, de alguma forma, de alguma forma compartilhar um pouco do irresistível, imortal, poderoso, incondicional, envolvente, enriquecedor, agregador, atual, infinito amor que eu tenho por você."
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Um momento só seu
Por sua mente passaram cenas do passado, de vinte, trinta, quarenta anos atrás. Tantas vezes ouvira falar que isso aconteceria... seu momento, só seu, sua memória, seu passado, sua história, seu tempo.
Tentou mexer as mãos, não se mexeram. Dos olhos percebeu escorrerem lágrimas. Não as pode enxugar, correram livremente encontrando seu caminho. Tudo parecia muito claro, iluminado, pensara que escurecesse...
O frio tomava conta de seu corpo. Consciente de seus membros mas incapaz de movê-los teve certeza de que chegara a hora.
Só, completamente só para fazer a travessia, gostaria de ter alguém segurando suas mãos, alguém em que se agarrasse caso decidisse ficar, se resolvesse não partir.
Era tarde.
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