terça-feira, 11 de novembro de 2008

Belkis/Nicaula ou a rainha de Sabá

Torá ou Pentateuco, um dos livros sagrados dos judeus, é composto de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. No Gênesis existe uma referência a Sabá (Shva), filho de Raamá, filho de Cuxe, filho de Cam, filho de Noé. A questão sobre se a rainha de Sabá era ancestral dos hamitas, considerados sobreviventes da arca de Noé, ou dos semitas, descendentes de Sem, suscita debates até hoje.
Em maio de 2008, os pesquisadores da Universidade de Hamburgo anunciaram que arqueólogos alemães descobriram em Aksum, cidade sagrada da Etiópia, os restos do palácio da rainha de Sabá. Da existência de Belkis, ninguém tinha dúvidas, só à arqueologia precisava de provas concretas. O cinema imortalizou sua relação com Salomão. Nas passagens bíblicas tratando do assunto não há sinal de amor entre eles. Cinema sem romance não é cinema, ainda mais, em Hollywood.
Mas, a tradição etíope afirma com segurança que o rei Salomão seduziu e engravidou sua convidada, um assunto de importância considerável para esse povo, pois a linhagem de seus imperadores remontaria àquela união.
Conhecida no velho e novo testamento como a rainha do sul, foi indicada pelo próprio Jesus, juntamente com os ninivitas, para julgar a geração de contemporâneos dele. As interpretações cristãs das escrituras enfatizam tanto os valores históricos, quanto os metafóricos da narrativa. Sua visita ao rei de Israel pode ser comparada ao casamento da Igreja com Cristo, onde Salomão seria o “ungido” e ela representaria uma população de gentios submetida ao messias. Sua castidade foi descrita como um presságio da Virgem Maria. Os três presentes levado ao reino de Israel – ouro, incenso e mirra – estão ligados às oferendas dos magos. No livro de Isaías existe uma referência ao fato: “todos virão de Sabá, trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do Senhor.”
Giovanni Boccaccio, em sua obra Sobre as Mulheres Famosas seguindo exemplos anteriores refere-se à rainha de Sabá como Nicaula afirmando ser ela soberana da Etiópia, do Egito e da Arábia. Piero della Francesca pintou um afresco sobre o assunto. Hieronymus Bosch optou por retratá-la com o rei Salomão no colar usado por um dos magos. No Doutor Fausto, de Christopher Malowe, existe uma referência a ela, quando Mefistófeles está tentando persuadir Fausto da sabedoria das mulheres.
O encontro de ambos foi um enfrentamento de duas forças, afirmam alguns autores. Belkis é descrita como uma anomalia de pés cobertos de pêlos, a prova de sua origem demoníaca. Acredito nessa possível luta entre as forças do bem e do mal, embora me ponha a pensar na contradição disso tudo. Se, foi citada por Jesus como instrumento no julgamento final, isso significa que era do bem ou do mal? Se do bem, Salomão era do mal? Se ela fazia parte dos gentios representava o mal? Convertida tornou-se do bem? Estranho, muito estranho...

Um comentário:

Belkiz disse...

Poxaaa, muito legal a matéria, parabéns!