quinta-feira, 6 de novembro de 2008

borrão

cigarros, nacos de esmalte e tristes lembranças no cinzeiro.
jogou tudo no lixo. mas o lixeiro não levou pra longe a dor.
fica o cheiro, sabe... embrulha o estômago e as idéias.
noites cada vez mais longas, dias cada vez menos coloridos.
ela não sabe onde errou.
não faz idéia qual ônibus perdeu.
e não tem mais saco de fazer pedidos a uma estrela cadente.
já tentou ouvir the cardigans. mas o sorriso não vem.
até o senhorio já reclamou. ameaçou aumentar o aluguel.
as caminhadas madrugada afora estão mais freqüentes.
passos curtos, leves, contados... afastam a tristeza, mas aproximam a incerteza.
e as respostas, prostitutas que são, fogem das esquinas.
apressadas, com suas saias curtas, seus saltos baratos, o batom a retocar.
e ela? ela continua caminhando.
continua perguntando.
continua vivendo.
se vale a pena, ainda não descobriu.
e agradece ao que se acostumou a chamar de deus por isso.
porque quando descobrir que não vale...
bom, deixe-a caminhar mais um pouco.
passos curtos, leves, contados...
talvez pra sempre.

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