domingo, 2 de novembro de 2008

De beijos roubados

Nick Hornby diz que as pessoas se apaixonam tanto porque elas adoram estréias. Novidade. Tudo é moda. Deve ser verdade. Não que estar junto há algum tempo não tenha suas delícias mas beijar pela primeira vez alguém que se deseja há algum tempo é sempre uma experiência única.
E ma-ra-vi-lho-sa!
É um calor que sobe meio frio na espinha, um bambear de pernas, um arrepio na nuca e o cheiro da pele que chega em uma distância nunca antes atingida, todas as alterações de velocidade que o corpo sofre, a respiração que de repente ganha peso e o gosto, temperatura e textura desse corpo estranho que tem aí seu primeiro contato íntimo. Descobrir ritmo, calor, sabor de outra pessoa é quase como descobrir um continente.
Aí que delícia é beijar alguém que se deseja pela primeira vez. E não estou falando desses beijos tortos que a gente eventualmente lasca em malucos na balada por efeito do álcool ou qualquer outro aditivo, estou falando de beijo que já foi sonhado, imaginado e até milimetricamente dissecado antes, muito antes, de acontecer de fato.
Beijo daqueles que a gente já criou histórinhas antes de dormir imaginando como seria, qual seria o passo que levaria da situação paquera para a ação inicial. Beijos, beijos e mais beijos. Porque geralmente uma vez que o primeiro é lascado segue-se uma sucessão deliciosamente interminável. Já notaram que depois do primeiro beijo a noite se perde em termos de conversa. Assuntos não mais interessam.
Eu já disse que sou péssima de paquera? Sou horrível. Nunca fui boa e acho que há menos que pare a vida para ter aulas com uma versão feminina do Will Smith eu nunca vou melhorar. Não sei jogar. Não gosto de jogo. Sou absolutamente pró sinceridade. E na paquera não existe sinceridade. Só jogo. Então estou sempre em desvantagem.
É uma olhadela de lá, uma pegada no braço de cá. Um se fazer de desinteressada e coisa e tal e tal e coisa que eu sofro.
Nunca tive muita paciência na arte de esperar com cara de blazé a boa vontade alheia. E também sou mestra em não notar quando estou sendo cantada. Demoro dias, meses, anos para notar. Todo mundo já sabe e disse que fulaninho quer algo e eu continuo achando que é amizade. Já dei foras homéricos. E levei tantos outros para balancear.
E já levei cantadas boas. Uma das melhores me fez feliz mas rendeu pouco. Cantada boa nem sempre é garantia de química boa. Química é um negócio engraçado mesmo porque não dá para forçar. Ou acontece ou não. Gente é um negócio engraçado, né?

Um comentário:

o que me vier à real gana disse...

Olá, boa tarde. Mais um blog k vale a pena. Parabéns!