terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O NATAL: ontem e hoje

Criança da era digital acredita no Papai Noel ou só em presentes? Quando penso em Natal lembro meu pai convidando a família para um passeio e retornando, sorrateiramente, deixava dentro de um vaso, as pulseiras que minha irmã e eu queríamos ganhar do velho Noel. Alegria pelo mimo, tristeza pela confirmação de algo pressentido: o bom velhinho não existia. A festa cristã do Natal é resultado de uma síntese de comemorações antagônicas. A Igreja de ontem conhecia somente a celebração anual da Páscoa da Ressurreição. Entre os séculos IV a VII, aliando princípios judaicos e pagãos, os cristãos criaram um almanaque próprio ao unir o calendário lunar e o solar. Como alguns festejos estavam inseridos no cotidiano das pessoas, a Igreja preferiu reinterpretá-los no seu contexto, quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano.
Em 371, Constantino declarou por lei o dia do sol como feriado. Os cristãos fizeram o mesmo chamando-o de domingo. Nesse momento, as festividades natalinas nasceram. As discussões em torno do cristianismo encontraram nessa louvação oportunidade para confirmar a crença na Encarnação do Verbo, enquanto afastava os fiéis dos festejos pagãos do solstício de inverno. Os romanos realizavam a comemoração do renascimento do sol em 25 de dezembro, trocando presentes com votos de boas festas. Em 534, o papa Líbero oficializou a data como do nascimento de Jesus. A contraposição de ambas apoiava-se no simbolismo de Cristo como o sol da justiça e luz do mundo.
Na Roma dessa época, Natal comportava apenas uma missa celebrada na basílica vaticana, durante o dia. No século VI apareceu em um nicho junto à basílica de Santa Maria Maior, uma réplica do estábulo de Belém. Praesepium, nome de origem hebraica, significando manjedoura, passou a ser celebração da vinda ao mundo do filho de Deus.
Em 1223, São Francisco teve a idéia de encenar um presépio na cidade de Greccio, perto de Assis, para auxiliar um grupo de fiéis analfabetos. O teatro era uma das poucas formas de representação popular, e essa foi à maneira que ele encontrou para ajudá-los a visualizar e entender a importância da celebração. Dessa forma o santo acabou difundindo essa manifestação religiosa tão inseparável das festas natalinas, quanto à árvore conífera.
Atualmente essa tradição atinge o mundo ocidental.
Para festejar o dia de Natal vamos olhar para o céu em busca da estrela guia, cantarolar baixinho Noite Feliz, enfeitar uma grande mesa com branco e dourado para receber os amigos. Nela estarão as castanhas, o peru, o panetone, o champagne, enfim as comidas e bebidas típicas dessa data, brilhando com a iluminação das velas, um símbolo da luz divina.
Os pacotes serão colocados ao lado da árvore, pois criança moderninha não acredita em Papai Noel. O espírito natalino é de trocar presentes, de alegria, de contentamento e qualquer semelhança com a Roma Antiga não é mera coincidência. Após o segundo ou terceiro brinde, você como eu talvez pense: tal e qual na festa do solstício de inverno, ontem e hoje um evento mundano.

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