domingo, 7 de março de 2010

Um café de negócios

Uhu, uhu, 'cause life's like this. That's the way it is. É a música que tocava dentro da sua cabeça ao entrar no carro e antes mesmo de ligar o rádo. Feito. Mais uma vez estava feito. Mais uma vez ele a havia encontrado. Ela que era uma das poucas pessoas capazes de desestabilizar sua vida. Se ela sabia desse poder? Provavelmente.
Quando ele atendeu o telefone e era sua secretária ele já sabia. O circo está na cidade. E depois de uma sucessão de fugas desenfreadas era hora de mais uma vez a enfrentar.
E foi até o café combinado para as palavras curtas e polidas perto de pessoas conhecidas. Ao todo o encontro durou 20 minutos ou menos. E não foi dos piores.
Afinal, é o que diz o senso comum. O tempo cura tudo. E a medida que a distância entre seu encontro aumentava os detalhes deixavam de ser dolorosos.
O encontro de alguns meses atrás não havia sido um encontro de palavras polidas e amigos em comum. Havia sido uma trombada. Um acidente. Literalmente. Sem nada marcado, o dia em que se encontraram na rua sozinhos por acaso e o dia virou noite e dia mais uma vez e eles se deixaram ser humanos e não colegas de trabalho com interesses comuns. Seres humanos mutuamente interessados. Esse encontro onde os muros cairam e além de beijos deram muitas risadas de suas diferenças e lembranças em comum. Se conheciam há tanto tempo e já haviam estado nessa posição algumas vezes. Incomodo do desejo um pelo outro que a vida fazia questão de relembrar afastando-os e colocando-os de volta um no caminho do outro. Dessa vez, no entanto, não seriam eles a não querer e sim suas escolhas de vida a proibir. E declarou seu amor. E a porta se fechou assim que sairam daquela bolha.
E desde então a vida não tem sido fácil. Sua saída? A mesma de sempre, desdém mesclado de muito trabalho. E quando se encontravam formalmente por força da necessidade, um desconforto não de vergonha das palavras ditas. Mas da vontade de beijá-la de outra forma mesmo na frente de amigos em comum ou estranhos completos. Mas a vida não é filme e as pessoas não agem de acordo com suas vontades. Ele ao menos não. E estranhamente ela era muito mais controlada. Ou tinha muito mais a perder. Ele sabia que não era o que ela precisava para realizar suas ambições.
E lá estava ele com respostas prontas a perguntas óbvias. Negou o café. Conversou um pouco e saiu. Na saída o beijo de até logo foi torto. Naqueles três segundos casuais eles se deixaram trair e uma troca fugaz de um olhar talvez tenha sido um pouco doce. E tocou seu cabelo.
Saiu. De volta a vida. E sem expectativa para um próximo encontro mas com o coração aos pulos. Esperando que o corpo e o coração fossem logo capazes de voltar a agir como se essa moça fosse somente uma colega, amiga de amigos que ele havia conhecido há muitos anos.

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