domingo, 12 de setembro de 2010

Replay


Em funçao da minha situçao atual, ser humano sem internet em casa, segue um post requentado... mas que eu gosto...

“Uma rachadura não precisa pedir permissão para existir.”
Doris Salcedo


Há pouco mais de um ano uma ferida foi britada na Tate. Britada é a única hipótese possível se bem que a britadeira e seu piloto deviam ser muito sensíveis para atingir traços tão bem definidos e doces. A obra nunca foi muito explicada tecnicamente. Seu impacto era muito maior. Abertas ficaram as entranhas do museu. Belas, expostas ao prazer da artista e de seus visitantes. Cheias de sinuâncias e significados intrínsecos. Eu tive o prazer de ver Shibboleth enquanto obra presente. Em meus dias de frio londrino, caminhei a beira do rio e voltei algumas vezes para ver essa obra somente. A cicatriz fechada, pleonasmicamente, cicatrizada está lá ainda para ser vista. A ferida aberta fechou regenerando a ordem. Tudo na vida é assim. Feridas que se abrem e fecham e cicatrizes. Por vezes externas e outras não.

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