terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu e minha sombra

Nesse dia que nunca termina... odeio horário de verão, com esse tom claro/escuro na atmosfera até tarde da noite. Mas nesse dia que nunca termina vou falar da minha sombra. Não daquela que o Jung descreveu, mas de um gato chato que minha irmã de duas pernas (aleijada, coitada) trouxe para passar uma temporada aqui. Tenho uma casa linda! Pelo menos eu acho. Clara, com muito vidro. Isso é ruim, atrapalha meu soninho da tarde! Um jardinzão, onde costumo rolar na grama e às vezes fazer um xixi. Minha mãe corre para colocar um negócio para tirar o cheiro. Ela só gosta de cheiros de perfumes, de xixi ela quer passar longe sem entender que isso é uma maneira que nós gatos usamos para marcar nosso território. E como aqui além da sombra existem mais dois gatos, uma velha ranzinza que ficam dizendo o tempo todo: Mimi não briga com ela, ela é assim porque está velhinha. Eu provoco, mesmo... Problema dela, quem mandou ficar uma senhora idosa? Tem também o irmão da sombra. Veio de São Paulo e é viciado em drogas, pode? Sai toda noite e só volta de manhã. Dorme o dia todo e levanta de tardinha, come vai para a rua de novo, acho que encher a cara! Mas, voltando a minha sombra, ele é cinza e não preto, como as sombras que são projetadas pelo nosso corpo. Essa sombra tem pelos longos até nas patas e veio de um lugar gelado chamado Himalaia, talvez por isso seja tão esquisito!

Jung afirma que quando alguém tenta ver sua sombra fica consciente e muitas vezes envergonhada das tendências e impulsos que nega existir em si mesma, mas que vê nos outros. Coisas como egoísmo, preguiça, inveja, tramóias, covardia, etc, etc. Será? Dizem que Beatriz era a “anima” de Dante. Como ele falava o tempo todo nela em sua obra Divina Comédia, fico me perguntando se ela era uma sombra dele. Sombra e anima são a mesma coisa?

Seria o pestinha cinza minha “animus”? Tenho que perguntar para o meu avô o mestre Jedi Yoda. Olha a situação em que colocaram uma Princesa Jedi. Carregando esse peso pra todo lado. Eu dou um passo com minhas quatro patinhas brancas e lindas de princesa e ele atrás. Ninguém merece, nem eu que sou o capeta em forma de gata! Só que ele ficou tanto, mais tanto tempo aqui que agora não paro de pensar nele. Estarei apaixonada pela minha própria sombra? Não é possível. Além de tudo aqui em casa eles dizem que sou tia dele. Preciso ter paciência com ele. Ele, ele, ele, sempre ele... Tia e sobrinho podem se casar? Credo... Vou embarcar na nave espacial do meu avô assim que ele aportar no terreno do vizinho e parto para uma viagem espacial. Se Einstein estiver com a razão quando eu voltar ele será bem velhinho e eu terei a mesma aparência, pois o tempo no espaço é outro. Acho que o velho linguarudo queria enlouquecer alguém com essa teoria. Será? Em dúvida, estou preparando minha malinha cor de rosa choque. Se não couber tudo peço a roxa emprestada para minha irmã, aquele de duas pernas. Não vou repetir a outra palavra. Dizem que não é politicamente correto. Politicamente correto é o que? Um dia vou descobrir. Terei que tomar algumas vacinas rapidamente. Por que? Vocês não ouviram não? Ele vai voltar para as festas do final do ano, só se fala nisso aqui em casa, nem se lembram que eu existo, agora não sou nada. Antes era princesa jedi daqui, princesa jedi dali, agora só se fala na minha sombra!!!!!!!!!! Eu não disse o nome dele? Fabrício, isso lá é nome de gato? Vou passar as festas de final de ano no novo planeta descoberto recentemente pela sonda Kleper e pronto, afinal nem cristã eu sou, pois frequento uma sinagoga para gatos cujo rabino se chama Robelgato e tenho dito. Shana Tová!

Mimi Yoda – a gata mais charmosa do espaço sideral

Um comentário:

Anônimo disse...

Mimi, não vou ficar com pena pq vc bem que merece. E o bebê veio de Osasco e não do Himalaia.