segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sono profundo...

Manteve os olhos fechados, tateou, tentando não se movimentar, para perceber a granulação do lençol, que sentiu sobre e sob o corpo. O colchão macio parecia de boa qualidade. Ouviu os passos cuidadosos - talvez estivesse preservando seu sono - mas já não dormia há tempo. Alguém mexeu em chaves. A claridade, quando a porta foi aberta, atravessou suas pálpebras. Manteve-se imóvel. Haveria mais alguém ali?
Respira lentamente. Arrisca olhar entre os cílios. O quadro horroroso, à sua frente, é uma reprodução sem qualidade, girassóis alaranjados e uma cadeira turqueza, um horror!
Move-se, fingindo sono profundo. Nenhum ruído, nenhum movimento. Está só. entreabre os olhos, confirma. Empurra os lençóis, senta-se. Os chinelos quase que saltam para envolver os pés quentes. Novos, limpos. Usa-os, encaminha-se para a cortina, abre uma fresta. É noite de lua cheia. Não vê sua bolsa, não há roupas espalhadas e os armários estão vazios.Nenhum telefone ou rádio relógio. A porta está trancada.
Deita e espera. Acaba dormindo.
Acorda quando a claridade da porta aberta atravessa suas pálpebras. Espera que fechem a porta, não fecham. Experimenta olhar. As cortinas estão abertas, a porta escancarada, um terno azul marinho, de crepe, num cabide pendurado no puxador do armário. Sua bolsa, aberta, na poltrona. Ergue-se num repente.
Está só, vê o celular e a carteira através do zipper aberto da bolsa.
Fecha a porta, entra no banheiro, toma banho, veste-se e sai.

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