domingo, 23 de fevereiro de 2014

A arte de ser uma mãe judia



Dan Greenburg escreveu um livro, O Manual da Mãe Judia, que se tornou famoso para mães de todas as idades ou religiões. Um clássico do humor judaico. Lá estão listadas as técnicas que qualquer filho necessita para se proteger de sua mãe, pois o exercício adequado da condição de mãe judia é uma forma de arte com articulações sofisticadas. Agora imagine essa loucura misturada em uma mãe judia hippie. Sorte deles que a experiência da maternidade se dá na convivência com os filhos. Hipster, termo pejorativo cunhado por Norman Mailer para se referir aos brancos de classe média frequentadores de bares, onde músicos tocavam jazz, em bairros negros na cidade de New York, daí hippie. Em 1970, a filosofia hippie pregava o culto ao prazer livre – seja ele físico, sexual ou intelectual – o repúdio à ganância, à falsidade, a discriminação racial, e o respeito ao meio ambiente.  Frase como paz e amor, faça amor não faça a guerra, são evidencias do caráter pacifista do movimento. O incenso e a meditação faziam parte integrante da vida de um hippie, sem esquecer o forte misticismo. Seguindo as ideias dos beats e de Tomothy Leary consideravam o cigarro prejudicial à saúde, mas exaltavam a maconha pelos seus benefícios espirituais ou terapêuticos. Não viam com bons olhos as novas tecnologias, nem os produtos industrializados, então eles se voltaram para a medicina homeopática e os produtos orgânicos.
Primeiro tive um menino. Dele recebo constantemente o desafio de modernizar meus valores sociais e culturais. Conforme ele foi crescendo tento entender o seu jeito, pois meu aquariano de risada gostosa e contagiante tem fixação em inovação e acompanhá-lo em sua infindável tarefa de atualização tecnológica não é fácil! Certa vez perdi o garoto no Shopping Iguatemi. Foi um Deus nos acuda. E por falar nisso, homens sempre pensam que são melhores, mais inteligentes, etc, etc... Certa vez ambos participaram de um concurso nesse local e a menina ganhou o prêmio! Foi outro Deus nos acuda! E quando ele franze a testa olhando para mim e dizendo: mãe... lá vem chumbo grosso. Essa deve ser a razão dele ter trazido sais do Mar Morto para mim.
A minha filha chegou branquinha e cabeluda. É sensível e criativa tendo como característica a inteligência e comunicação. Ah, ela vale por duas como toda geminiana. Tem gênio forte e coração mole. Se ela ficar brava saí de perto... Adora animais e quando pequena colecionava bichos de pelúcia. Possuía um galo de cobalto. Este sal reage às moléculas de água no ar. O galo ficava azul quando o tempo estava seco e rosa nos dias úmidos. Hoje faz trabalho voluntário numa Ong. Com ela aprendi a palavra compaixão, além de dividir as dificuldades e alegrias de cada dia. Não saí de casa sem passar batom e adora esmaltes! Se você está pensando numa patricinha, esquece. Quem corrige todos os meus textos? Ela, sim senhores. Arte contemporânea, eu aprendi com quem? Com ela.
É claro que herdaram muitas manias da mãe: comida natural e homeopatia são algumas delas. Outra é viveram com as malas nas costas. Acho que se somadas às viagens, daria para visitar a lua de São Jorge e voltar. E eu aprendi o que com eles? Viver o presente, além de ter-me tornando um ser humano melhor.      

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