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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Odô iyá

Nasci Iemanjá.
Nasci também filha de Iansã, Oxum e, é claro, Iemanjá.
Cresci entre escadas, livros e gatos. Mocinha fui para o asfalto, viver entre prédios e fumaça. Entre rios poluídos.
Não sei desenhar, mal cozinho, troco palavras e me confundo com nomes, pronomes, verbos e adjetivos. Mas sei nadar e até ando de bicicleta.
Não tenho medo de bicho algum. Só de barata, mas barata é inseto e não conta.
Nunca fui boa aluna. Sou absolutamente incapaz de guardar nomes. Datas então, nem se fale. Tenho uma capacidade incrível para reter na mente tudo o que há de inútil e desnecessário. Nunca me peça para fazer contas ou ser objetiva.
Ontem joguei do meu armário algo como 12 kg de papel, contas de 2006, recibos, lembranças de uma outra vida.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

RECOMEÇO


Recomeço, revisão, restauração, renovação... começamos de novo. Os rumos foram mudando e um dia a Janaína comunicou estar parando. Rosa Bertoldi e eu pensamos em mantê-lo mas faltou-nos alguma coisa e paramos também. Outro momento histórico,  novos sonhos e projetos, um ano sabático bem vivido e cá estamos novamente.

Quando era pequena queria crescer (como todo mundo, isso não é novidade)

Quando era moça queria casar (como todas as moças de então, isso não é novidade)

Quando casei queria engravidar (como todas as moças de então, isso não é novidade)

Quando tive filhos, de vez em quando, queria que eles sumissem e me deixassem quieta.

Quando eles ficavam quietos eu ia cutucar, para ver se não estavam doentes.

Quando estavam doentes eu ficava junto o tempo todo, e rezava, e cantava, e brincava para alegrá-los.

Quando estavam muito alegres e barulhentos eu queria que se aquietassem e prometia prêmios para o mais quietinho.

Quando dava presentes queria que me agradassem e agradecessem.

Quando me agradeciam e agradavam eu ficava feliz e pensava: sou uma boa mãe (nunca tive certeza disso).

Quando não tenho certeza das coisas gosto de fazer terapia.

Quando faço terapia falo tudo... e choro.... e falo mais.... e choro.

Quando choro meus olhos ficam bem verdes, mas o nariz fica vermelho e a maquiagem borra, mas os olhos ficam lindos.

Quando meus olhos ficam lindos eu me sinto sedutora.

Quando me sinto sedutora esqueço que já cresci e já vivi bastante...

Quando penso que já vivi bastante lembro de quando eu era pequena e queria crescer.