terça-feira, 15 de setembro de 2009

Quartett

Desde domingo o barulho na região da Faria Lima em São Paulo, não era causado por Christian Louboutin e sim pela dupla Robert Wilson e Isabelle Huppert.
Segue a crítica de Inácio Araújo com imagens.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009


Li em algum lugar que quando o primeiro ornitorrinco (para os distraídos, aquele famoso mamífero que põe ovos) chegou à Europa, trazido da Austrália, a reação foi procurar o autor da farsa. Parecia, evidentemente, tratar-se de uma montagem para enganar ingênuos. O animal, muito invulgar, é inexplicável. Tem mais ou menos o tamanho de um coelho, bico semelhante ao do pato, embora maior e mais largo, cauda igual à do castor e nas patas membranas interdigitais e os machos também possuem, nas patas traseiras, umas garras venenosas. O corpo é coberto de pelos.
Para além desta bizarra combinação de elementos este mamífero, que vive em tocas cujos buracos abrem com o rabo, perto da água, põe ovos, que depois de chocados dão origem a pequenos ornitorrincos. Mamãe os amamenta embora não tenha mamas, o leite escorre por seus pelos e os filhotes lambem-no.
O ornitorrinco é mais que uma metáfora. É a conexão com os ancestrais remotos que se conservou num continente isolado.
Se nós, humanos, nos mantivermos isolados faremos contato com nossos ancestrais?
Evoluimos fisicamente e conquistamos um grande desenvolvimento intelectual. Nos espalhamos pelos diferentes continentes, nos adaptamos aos mais diversos ambientes e desenvolvemos um sistema de crenças e regras sociais. Nos últimos 10 mil anos o homem aprendeu a transformar a natureza, plantar, criar animais e deixou de ser nômade
Como dizer que o mundo nasceu pronto, e não resulta de uma transformação incessante?
Já no século XVI descobriu-se que o universo cresceria e envelheceria cada vez mais, os cometas foram decodificados e as estrelas explodidas (supernovas).
Na sequência veio o uso dos talheres, da escova de dentes mas as doenças ainda dizimavam pela falta de saneamento e péssima qualidade da água.
As mulheres saíram de casa para as fábricas, a imprensa desenvolveu-se, muitos tiveram acesso à leitura e os meios de comunicação ligaram os povos.
Chegamos ao limite? Excesso de informações, informações corrompidas por incapacidade, por uso de fontes ruins ou por maldade mesmo, a Internet... e os políticos ainda têm esperança de controlar a Internet!
Tenho uma amiga, professora no interior, escritora, que fica desesperada cada vez que vê seu texto Solidão, escrito há muitos anos, ser divulgado pela Internet atribuído a Chico Buarque de Holanda. Sente-se honrada e irada. Já não sabemos o que é bom, ruim e péssimo ou, pior ainda, o que é ótimo, excelente, maravilhoso... Eh, vida marvada!


Esqueci de dizer o nome de minha amiga: Fátima Irene Pinto. Se alguém quiser acessar, encontrará poemas, textos e orações belíssimas.

domingo, 13 de setembro de 2009

Momento Roberto Carlos

Quem nunca viveu um desses momentos inexplicáveis não sabe o que é. Eles são deliciosos e surreais. Eu os chamo de momentos bolha. Quando tudo a volta parece não importar a não ser aquela ação daquela pessoa em relação a você. Ah, que delícia. Mesmo que seja uma ação louca, insana, incompreensível. Uma conversa torta. Uma brincadeira boba em meio a multidão, uma pisada no pé que rende um abraço. Um abraço, um abraço, um abraço... Delícia. São essas pequenas surpresas que a vida nos oferta e que faz com que nos sintamos como bailarinos. Dançando em plumas. Sem nenhuma razão de ser. Essa foi uma semana de emoções. Eu sei que sou boba. Sou mesmo. Mas nesse exato momento sou uma boba bastante feliz.

sábado, 12 de setembro de 2009

Um camaleão tropical superbacana...

Dia desses, em um evento, o rei Roberto Carlos foi citado em discurso durante o Desenvolve Bauru. Pensei anos atrás... Lembrei-me da composição Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma música do Roberto e Erasmo dedicada ao Caetano Veloso, nas coisas vindo sempre aos turbilhões, no fato de não ser a única fã incondicional do cantor. A noticia se espalhou e eu ganhei uma antiga revista Vogue onde Olivetto falou do seu ídolo Caetano Veloso.
O poeta baiano, que não faz poesia. A palavra encerra grandeza, então procura evitá-la, porém, Caetano aplica o ato de poetar – não tão secretamente - em suas composições.
Pertence a uma juventude colorida, de túnicas, sandálias e cabelos compridos para ambos os sexos, a geração flower power, cantando música popular como quem toma partido, na verdade a gente se posicionava e acabava na cadeia. A partir dessa postura irreverente a cultura do Brasil foi delineada. A geração, cujo centro de atenção foi o Tropicalismo, um movimento que não dá para ser definido. Pode ser uma retomada dos ideais modernistas ou talvez, um novo olhar sobre a Antropofagia, sobre Oswald de Andrade, o homem do Paul Brasil. A juventude falava em bloco, Caetano de si mesmo transformando a relação com a poesia num roteiro de sua vida pessoal.
Uma autobiográfica com as relações familiares, a ditadura, o exílio em Londres, filmes e leituras decisivas, bossa nova, João Gilberto, samba, Maria Bethânia, Gal, cinema novo e Cinema Falado, os festivais, Zé Celso, Allen Ginsberg, Beatles, os Mutantes... ah, têm as fotografias da Terra. Coisa linda! Atire a primeira pedra quem não viveu e sofreu essa influência. Pop e rock, os meios de expressão perfeitos devido ao efeito libertador sobre a mente. Contracultura no mundo, contraditadura, no Brasil. Era proibido proibir, não era Caetano? Por isso você acabou sem lenço e sem documento em London, London. Por isso Roberto e Erasmo escreveram os famosos versos: “As luzes e o colorido/que você vê agora/nas ruas por onde anda/na casa onde mora/você olha tudo e nada/lhe faz ficar contente/você só deseja agora/voltar pra sua gente.”
Há duas maneiras de se desconhecer um autor: uma é ignorando sua lógica profunda, a outra, a potência e o seu gênio, de onde ele retira a eficácia anticonformista. Isto se refere ao trabalho de Caetano, mas poderia ser aplicado ao momento político vivido pelo país. Preciso explicar? Não!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...

sobreviveram ao dilúvio que caiu em São Paulo na última terça-feira? Ficaram presos horas e horas no trânsito? Entre secos e molhados, nesses momentos, temos razão em odiar São Paulo. Ainda bem que há muitos outros motivos para amar a cidade, sobretudo quando o assunto é cultura...

para quem quiser conhecer novos talentos da música popular brasileira, a semana paulistana reserva um excelente cardápio solar, vamos assim dizer. No domingo, Fabiana Cozza, que nem pode ser considerada uma revelação - mas, sim, uma realidade -, faz show no Centro Cultural São Paulo - na apresentação, a cantora presta uma homenagem a Ataulfo Alves. Outra novidade é Blubell, que faz show do Tapas Club, na quarta - eu fui ao show da moça há alguns meses no Studio SP e posso garantir que é sensacional, sobretudo para quem gosta de jazz (mas ela não é cantora de jazz, aviso!). Na terça, outra "nova" voz: Marcela Bellas toca no projeto Cedo e Sentado (o melhor projeto musical de SP) do Studio SP.

na área teatral, vale ficar de olho em "Safo", texto de Ivam Cabral, que estreia a quinta no Satyros. Outros destaques são "Comunicação a uma Academia" (no Club Noir, sábado e domingo), "Memória da Cana" (Esp. dos Fofos), "Foi Carmen" (Sesc Consolação) e "Teatro para Pássaros" (Funarte).

se quiser chorar no cinema, segundo um amigo meu, vale assistir ao filme "Uma Prova de Amor", que estreou hoje. Outros filmes em cartaz em destaque são "Almoço em Agosto", "Aquele Querido Mês de Agosto", "Desejo e Perigo", "O Milagre de Santa Luzia", "Tempos de Paz" e "Uma Canção de Amor". Devo assistir a dois ou a três neste final de semana...

no domingo, a dica é dar uma passada no bonito prédio da Pinacoteca para ver a exposição de Matisse.

e o melhor da semana que se passou foi o show da cantora baiana Marcia Castro. A moça, que tem um "quê de Alcione", surpreende pela voz e pela postura no palco. E, em seu som, vale quase tudo: samba, sofrimento, rock, baladas... Grata surpresa! E vale ainda mencionar a simplicidade geniosa da peça "Aqui Quase Longe", que está em cartaz no teatro Fábrica, às quartas e quintas.

é isso! O final de semana chegou, e a outra semana já dobra a esquina... bora sair? Espero encontrá-lo(a) por aí...

é isso
até mais
se cuida!
alan

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Salve Plebe Rude

E o primeiro DVD da Plebe Rude será gravado neste sábado na Ermida Dom Bosco em Brasília, como não podia deixar de ser.
Aos super dispostos, vale a viagem. Eu, infelizmente, vou ter que esperar o DVD ficar pronto...



Mais informações no blog do André X

"A Secretaria de Transportes do DF aprovou onibus especial para o evento da gravação do DVD da Plebe Rude. Ônibus sairão da Rodoviaria do Plano Piloto a cada meia hora das 14 horas a 22 horas... (tarifa preço de onibus normal do plano piloto)."

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Chorume, intestino e cheiro de lavanda.

Chega a ser bastante interessante a percepção do blackout mental que me assola de vez em quando. Começa com uma espécie de angústia, um mal estar em saber que se deve emitir determinada opinião (qualquer que seja, de minha total e livre escolha) em determinado momento e que, por mais que se esforce, não se consiga pensar em nada de interesse para compartilhar com os demais.

Esta fase de aparente desinteresse por minhas próprias idéias é algo cíclico. Vai e volta e num período aparentemente fixo de tempo. O blackout se manifesta de dois em dois meses mais ou menos e, nesses espaços de tempo, todo o esforço se dá para encontrar um tema que se mostre digno de um comentário. Às vezes o tema é interessante para mim, mas acabo por perceber que não teria o mesmo interesse para os leitores. Às vezes até encontro determinado assunto que tem “boa saída no mercado”, mas sobre o qual não tenho interesse, vontade e/ou conhecimento para emitir qualquer barulhinho que seja.

Nesse exercício de busca pelo interesse por minhas idéias, acabo por dar enormes passeios por minha cabeça. A caminhada, muitas vezes desprovida de paisagens interessantes, se mostra de vez em quando bastante recompensadora e reconfortante. Não sempre. Mas já ajuda.

O ultimo resultado da afasia temporária cíclica (pronto! Inventei um nome pra minha preguiça mental com cara de doença mal du siècle) que me assola foi a constatação da imensa distância entre a infinidade de absurdos que passam por minha cabeça (vou usar a primeira pessoa do singular porque não sei se isso só acontece comigo, embora imagine que não) e aquilo que me atrevo a enfeitar, encadear num linha aparentemente racional, e dispor numa folha virtual de papel, para depois ser disponibilizada aos leitores. Houve tempos em que acreditava sinceramente que, ao escrever, eu estivesse realizando uma autópsia pública em mim mesmo, mostrando para todos meus nacos mais vermelhos de carne e admirando as voltas de meu intestino. Bobagem. Ao escrever mentimos. Se sou agressivos, pode ser para não mostrar minha fragilidade. Se falo de política, pode ser pra tirar a vizinha da minha cabeça. E por aí vai.

Tenho certa inveja e admiração por quem consegue ter um diário (e não mentir para o próprio diário). Enquanto eu pensava nas coisas que poderiam ser colocadas aqui, neste texto, que não me mandassem para a cadeia ou para o manicômio, comecei a pensar numa infinidade de coisas (muita coisa mesmo) que me brotam na cuca inúmeras vezes ao dia e que, quando muito, me servem de substrato para elaboração de um texto, bonito, irônico, alegrinho até, com uma boa e lúcida concatenação de idéias e até dotado de certo ritmo. Peso o lixão de meu subconsciente, mando pra dentro de meu estômago, digiro um pouco, e daí extraio algo que me convença a mim mesmo de que dali posso extrair leite de rosas ao invés de chorume. Faço uma falsa terapia escrita. Uma mentira deslavada de onde retiro algum fio de lógica que me sirva de guia e me mantenha intacta a dignidade e a identidade.

Tem coisas que só se escreve mesmo com pseudônimos. É por isso que, ainda muito longe de ser poeta, acho que somos fingidores. Do abrir dos olhos até a noite, um segundo antes de dormir.