sábado, 12 de setembro de 2009

Um camaleão tropical superbacana...

Dia desses, em um evento, o rei Roberto Carlos foi citado em discurso durante o Desenvolve Bauru. Pensei anos atrás... Lembrei-me da composição Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma música do Roberto e Erasmo dedicada ao Caetano Veloso, nas coisas vindo sempre aos turbilhões, no fato de não ser a única fã incondicional do cantor. A noticia se espalhou e eu ganhei uma antiga revista Vogue onde Olivetto falou do seu ídolo Caetano Veloso.
O poeta baiano, que não faz poesia. A palavra encerra grandeza, então procura evitá-la, porém, Caetano aplica o ato de poetar – não tão secretamente - em suas composições.
Pertence a uma juventude colorida, de túnicas, sandálias e cabelos compridos para ambos os sexos, a geração flower power, cantando música popular como quem toma partido, na verdade a gente se posicionava e acabava na cadeia. A partir dessa postura irreverente a cultura do Brasil foi delineada. A geração, cujo centro de atenção foi o Tropicalismo, um movimento que não dá para ser definido. Pode ser uma retomada dos ideais modernistas ou talvez, um novo olhar sobre a Antropofagia, sobre Oswald de Andrade, o homem do Paul Brasil. A juventude falava em bloco, Caetano de si mesmo transformando a relação com a poesia num roteiro de sua vida pessoal.
Uma autobiográfica com as relações familiares, a ditadura, o exílio em Londres, filmes e leituras decisivas, bossa nova, João Gilberto, samba, Maria Bethânia, Gal, cinema novo e Cinema Falado, os festivais, Zé Celso, Allen Ginsberg, Beatles, os Mutantes... ah, têm as fotografias da Terra. Coisa linda! Atire a primeira pedra quem não viveu e sofreu essa influência. Pop e rock, os meios de expressão perfeitos devido ao efeito libertador sobre a mente. Contracultura no mundo, contraditadura, no Brasil. Era proibido proibir, não era Caetano? Por isso você acabou sem lenço e sem documento em London, London. Por isso Roberto e Erasmo escreveram os famosos versos: “As luzes e o colorido/que você vê agora/nas ruas por onde anda/na casa onde mora/você olha tudo e nada/lhe faz ficar contente/você só deseja agora/voltar pra sua gente.”
Há duas maneiras de se desconhecer um autor: uma é ignorando sua lógica profunda, a outra, a potência e o seu gênio, de onde ele retira a eficácia anticonformista. Isto se refere ao trabalho de Caetano, mas poderia ser aplicado ao momento político vivido pelo país. Preciso explicar? Não!

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