A matéria de capa da revista Superinteressante deste mês é digna de aplauso e deve aguçar a curiosidade dos que com ela se depararem nas bancas. Trata-se de um curioso apanhado de informações sobre o ser humano. Com o título de “A ciência de ser você”, a revista traz uma série de pequenas matérias que tratam da humanidade e do ser humano e sua contribuição no destino do planeta e do próprio “mundo” criado pelo homo sapiens. Muito embora seja por inteiro de grande valia, o texto da revista traz ainda, no finalzinho, uma curiosa matéria com o título “a coisa mais importante da vida”. Nessa parte, faz uma afirmação taxativa e baseada em dados empíricos (ao menos, aparentemente): ter amigos é a grande dádiva e, numa análise ampliada, o verdadeiro significado da existência.
Ao folhear a revista na fila do mercado, pude me sentir um grande privilegiado. Afinal, não precisei contratar uma multidão de jovens para que saíssem pelas ruas, com um questionário sob o braço, perguntando às pessoas sobre o verdadeiro sentido da vida. Não tive que ler um sem número de livros de auto-ajuda do estilo de “Como fazer amigos e influenciar pessoas”. Nem mesmo precisei de terapia. Bastou-me, por uma dádiva do universo, ter ouvido os conselhos que meu pai e seus amigos (sempre) insistiram em me dar.
Não quero parecer piegas ao apontar estes fatos, nem entoar uma ode à amizade, desejando que todos saiam pelas ruas, de mãos dadas, cantando “Amigos para siempre”. A existência é complexa demais para isso e supor que todos possam ser amigos (no mais puro sentido da palavra) é uma insanidade. Gostaria, isto sim, de apontar aos leitores os motivos que, para mim, numa tentativa racional de discurso e encadeamento de idéias, fazem da experiência da amizade a grande comprovação desse curtíssimo e fantástico instante em que nossas consciências estão acesas no universo. Creio fortemente que o ser humano não se compreende sozinho. O olhar do outro é fundamental para que possamos perceber quem somos. Essa necessidade do outro para que possamos nos ver em seus olhos, aliado à consciência da finitude de ambos, faz do amigo uma testemunha transcendental de nossa passagem lúcida por este planeta. Está aí, a meu ver, a essência da transcendência.
É curioso perceber que, por mais que a maioria das pessoas responda que a coisa mais importante da vida é a amizade, não é tão fácil assim encontrar amigos. Eles não batem à nossa porta e, como muitos já disseram, geralmente podem ser contados nos dedos de uma mão (pelo menos no meu caso é assim). Sabemos, é certo, que, quando o assunto é amizade (e acho que em tudo na vida), quantidade não é sinônimo de qualidade. Amigos, como já dito por outros, são “os poucos e bons”.
Muito embora o objetivo da matéria fosse, efetivamente, apontar a amizade como o elemento fundamental da vida, ao terminar a leitura (na verdade, um “passar de olhos”) da revista, veio-me à cuca um pensamento inusitado. Refleti sobre a enorme quantidade de pessoas que eu conheço (conhecidos desde os tempos de criança ou mesmo mais recentes) que, por traços específicos de sua personalidade, simplesmente não possuem amigos no sentido que eu atribuo à palavra. São pessoas incapazes de conseguir enxergar a beleza da amizade entendida como um gesto de coragem. São pessoas que vivem cercadas de colegas, seguidores, fãns, funcionários, chefes, parentes, colaboradores, pagens, mas que, simplesmente, não tem amigos. Não tem a habilidade para ter amigos. Não tem o dom para a amizade. São pessoas que pensam que amigos são aqueles que te ajudam a tirar o “seu” da reta, enquanto, na minha opinião, os amigos são aqueles que te olham e te compreendem, concordando ou não com aquilo que vêem.
Confesso que o sentimento que me veio à tona não foi, por assim dizer, dos mais politicamente corretos. Pois, ao refletir sobre os traços de cada uma dessas pessoas e neles ver os traços deliberados de uma certa mendicância social, parte de mim teve a alma apaziguada ao pronunciar em silêncio um “bem feito”, enquanto os via (em minha mente) exercendo uma atividade que em muito me lembrava o consumo de uma prostituição sem sexo. Foi como se, ao assim proceder, eu defendesse em silêncio esta minha concepção de amizade que exige muito mais do que tapinhas nas costas e rodadas por círculos sociais. A minha amizade dói, mesmo quando é festiva, e faz correr as lágrimas ao perceber o milagre do encontro. Talvez por isso eu tenha me regozijado com a solidão dos covardes.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Intervalo comercial
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
MANIFESTO CONTRA ATAQUE DE TUBARÕES
Representantes de várias associações de surfistas profissionais e amadores de Pernambuco realizaram ato, na manhã desta quinta-feira (24), contra os ataques de tubarão na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Eles criticam as ações do Governo que acusam de não ter, até o momento, conseguido evitar os ataques de tubarão no Estado.
Os manifestantes colocaram 20 sacos pretos na faixa de areia, nas imediações do edifício Acaiaca, simbolizando cada uma das vítimas fatais de ataque de tubarão no Estado. Eles cobram do Comitê de Monitoramento de Tubarão (Cemit) uma ação que permita aos banhistas e praticantes do esporte entrar no mar com segurança.Um dos surfistas diz que embora sempre tenha morado em Boa Viagem, nunca surfou no local. Por não se sentir seguro na área, ele termina optando por Maracaípe ou outras praias.
VIDEO – surfistas fazem ato contra ataque de tubarão em Boa Viagem
http://www.youtube.com/watch?v=lW1xoF0fkg0
A notícia trágica ou melhor dizendo, gerada por tragédia, tornou-se hilária para mim. Imaginei várias alternativas:
- Sinalização no fundo do mar
“Tubarões GO home!”
“Tubarão, você não é bem vindo em nossa praia”
“Tubarão, esta não é sua praia!”
- Sinalização no mar: surgiria (do nada) um luminoso, uma seta indicando a toca do tubarão.
- Policiais sinalizando:
ONDA DO SURFISTA
ONDA DO TUBARÃO
- Chamar uma empresa dedetizadora
- Instalar um chip em cada tubarão que nascesse. Um radar monitoraria e emitiria ondas sonoras poderosíssimas quando um deles estivesse se aproximando.
Desculpem pelo humor negro e se não viram graça alguma... é comum a gente rir sozinho de uma piada.
Os manifestantes colocaram 20 sacos pretos na faixa de areia, nas imediações do edifício Acaiaca, simbolizando cada uma das vítimas fatais de ataque de tubarão no Estado. Eles cobram do Comitê de Monitoramento de Tubarão (Cemit) uma ação que permita aos banhistas e praticantes do esporte entrar no mar com segurança.Um dos surfistas diz que embora sempre tenha morado em Boa Viagem, nunca surfou no local. Por não se sentir seguro na área, ele termina optando por Maracaípe ou outras praias.
VIDEO – surfistas fazem ato contra ataque de tubarão em Boa Viagem
http://www.youtube.com/watch?v=lW1xoF0fkg0
A notícia trágica ou melhor dizendo, gerada por tragédia, tornou-se hilária para mim. Imaginei várias alternativas:
- Sinalização no fundo do mar
“Tubarões GO home!”

“Tubarão, você não é bem vindo em nossa praia”
“Tubarão, esta não é sua praia!”
- Sinalização no mar: surgiria (do nada) um luminoso, uma seta indicando a toca do tubarão.
- Policiais sinalizando:
ONDA DO SURFISTA
ONDA DO TUBARÃO
- Chamar uma empresa dedetizadora
- Instalar um chip em cada tubarão que nascesse. Um radar monitoraria e emitiria ondas sonoras poderosíssimas quando um deles estivesse se aproximando.
Desculpem pelo humor negro e se não viram graça alguma... é comum a gente rir sozinho de uma piada.
domingo, 27 de setembro de 2009
Quanto tempo mesmo?
Não vou mentir, estar em São Paulo é um misto de nostalgia e desconexão. Estranho demais. E por quanto tempo será que vou me sentir turista na cidade onde mais me sinto em casa?
Com saudade da Paulista, fui presenteada com chuva, e um guarda chuva, no único dia em que estaria pelo cruzamento Paulista/Augusta.
Dias de correria. Na busca por encontrar pessoas queridas acabei deixando várias pendências importantes. Saudade de sentar na Augusta para tomar uma cerveja e depois dançar muito no Studio SP. Mas calma que tudo tem seu tempo.
De tudo o que queria fazer, fiz pouco. Um almoço, um jantar, vi e fiquei muito feliz com Quanto dura o amor?, fui ver a exposição de fotos do filme no Paris6 e só... deixei tantas pendências... e outubro já está aí e eu de malas prontas mais uma vez. Será que consigo chegar a tempo do VMB? Tem bandas queridas indicadas a prêmios variados. Gostaria de estar lá para vê-los ganhar. Mas já é nessa quinta!
Na verdade, estou com malas prontas já duas vezes. Cada uma delas para um destino. Será esse meu destino? Ser itinerante? Será que sou bisneta de ciganos? Ai ai ai... aos paulistanos e interessados, a agenda de atividades que precedem e se seguem ao lançamento de Quanto dura o amor?:
Terça-feira - 29/09 - Press Day – HSBC Belas Artes, SP - a partir das 10h30
Terça-feira - 29/09 - Pré-Estreia - SP - evento promovido pelo Reserva Cultural e após a exibição do longa, haverá um debate com o diretor Roberto Moreira - Reserva Cultural - a partir das 21h20

Sexta - 2/10 - estréia do filme em diversas salas (dê uma olhada nos guias)
Sábado - 3/10 - exibição do Making off na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos seguida de debate e brinde - das 16h as 18h
Terça-feira - 6/10 - "Encontros HSBC Belas Artes" - exibição do filme para público seguida de debate com Fernando Meirelles - a partir das 21h
Com saudade da Paulista, fui presenteada com chuva, e um guarda chuva, no único dia em que estaria pelo cruzamento Paulista/Augusta.
Dias de correria. Na busca por encontrar pessoas queridas acabei deixando várias pendências importantes. Saudade de sentar na Augusta para tomar uma cerveja e depois dançar muito no Studio SP. Mas calma que tudo tem seu tempo.
De tudo o que queria fazer, fiz pouco. Um almoço, um jantar, vi e fiquei muito feliz com Quanto dura o amor?, fui ver a exposição de fotos do filme no Paris6 e só... deixei tantas pendências... e outubro já está aí e eu de malas prontas mais uma vez. Será que consigo chegar a tempo do VMB? Tem bandas queridas indicadas a prêmios variados. Gostaria de estar lá para vê-los ganhar. Mas já é nessa quinta!
Na verdade, estou com malas prontas já duas vezes. Cada uma delas para um destino. Será esse meu destino? Ser itinerante? Será que sou bisneta de ciganos? Ai ai ai... aos paulistanos e interessados, a agenda de atividades que precedem e se seguem ao lançamento de Quanto dura o amor?:
Terça-feira - 29/09 - Press Day – HSBC Belas Artes, SP - a partir das 10h30
Terça-feira - 29/09 - Pré-Estreia - SP - evento promovido pelo Reserva Cultural e após a exibição do longa, haverá um debate com o diretor Roberto Moreira - Reserva Cultural - a partir das 21h20

Sexta - 2/10 - estréia do filme em diversas salas (dê uma olhada nos guias)
Sábado - 3/10 - exibição do Making off na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos seguida de debate e brinde - das 16h as 18h
Terça-feira - 6/10 - "Encontros HSBC Belas Artes" - exibição do filme para público seguida de debate com Fernando Meirelles - a partir das 21h
sábado, 26 de setembro de 2009
PRIMAVERANDO
Nem tudo aconteceu como o planejado, mas os vasos de gerânios floridos e as redes na varanda voltada para um jardim estão lá. Um local desordenado misturando grama, flores e frutos, onde costumo deitar no chão olhando o céu buscando discos voadores. Você não acredita Thiago Azevedo?
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
um fim de semana para correr para o teatro... antes que acabe!
Fala ae galerinha, tudo bom?
Espero que sim...
a primavera chegou... e, com ela, meteorologistas afirmam que teremos um final de semana de verão. Que assim seja... (ok, vou trabalhar, mas é bem melhor o calor do que o frio, mesmo ficando dentro de uma redação). No entanto, assim que me liberarem da redação, fujo e procuro um bom evento cultural...
para quem gosta de teatro, não pode perder a oportunidade de assistir ao espetáculo "Agreste", que se despede do espaço Parlapatões neste final de semana. Outra montagem que diz tchau é "Aqui Quase Longe" (na qua. ou qui.), do teatro Coletivo. Entre as que continuam em cartaz, alguns amigos recomendam "Zoológico de Vidro", protagonizada por Cássia Kiss. Em cartaz, pela cidade, "Foi Carmen", "Alma Boa de Setsuan", "Cindi Hip Hop", "Memória da Cana", "Troianas" e outras.
no cinema, não há, ao meu ver, nenhuma estreia bombástica. Estreia, porém, "Vila 21", um filme argentino - sou fã de "películas latinas". Em cartaz, continuam ótimos filmes como "Aquele Querido Mês de Agosto", "Desejo e Perigo", "Enquanto o Sol Não Vem", "Uma Prova de Amor" e "Che 2".
não há também grandes shows... mas acho que vale dar uma passada no Sesc Pompeia para assistir à apresentação de Ricardoo Teté, na terça, e no Studio SP, para ver Lucas Santana, na quinta.
e o melhor da semana passada foi o filme "O Milagre de Santa Luzia". O documentário, dirigido por Sérgio Roelzenblit, reúne uma série de depoimentos de sanfoneiros de várias partes do país. Por meio dos depoimentos, tomamos conhecimento da relação que cada um dos artistas de Estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco têm com o instrumento. Emocionante. Vale mencionar ainda o longa "Good Bye Solo", de Ramin Bahrani.
espero encontrá-los por aí...
é isso
até mais
se cuidem!
alan
P.S: e, hoje, sábado, tem festa do grupo de teatro Redimundo (das peças "Vesperais na Janela" e "A Casa", sobre as quais já comentei aqui, no bar do Malandro, que fica ao lado do Studio SP. A entrada é R$ 10, consumíveis).
Espero que sim...
a primavera chegou... e, com ela, meteorologistas afirmam que teremos um final de semana de verão. Que assim seja... (ok, vou trabalhar, mas é bem melhor o calor do que o frio, mesmo ficando dentro de uma redação). No entanto, assim que me liberarem da redação, fujo e procuro um bom evento cultural...
para quem gosta de teatro, não pode perder a oportunidade de assistir ao espetáculo "Agreste", que se despede do espaço Parlapatões neste final de semana. Outra montagem que diz tchau é "Aqui Quase Longe" (na qua. ou qui.), do teatro Coletivo. Entre as que continuam em cartaz, alguns amigos recomendam "Zoológico de Vidro", protagonizada por Cássia Kiss. Em cartaz, pela cidade, "Foi Carmen", "Alma Boa de Setsuan", "Cindi Hip Hop", "Memória da Cana", "Troianas" e outras.
no cinema, não há, ao meu ver, nenhuma estreia bombástica. Estreia, porém, "Vila 21", um filme argentino - sou fã de "películas latinas". Em cartaz, continuam ótimos filmes como "Aquele Querido Mês de Agosto", "Desejo e Perigo", "Enquanto o Sol Não Vem", "Uma Prova de Amor" e "Che 2".
não há também grandes shows... mas acho que vale dar uma passada no Sesc Pompeia para assistir à apresentação de Ricardoo Teté, na terça, e no Studio SP, para ver Lucas Santana, na quinta.
e o melhor da semana passada foi o filme "O Milagre de Santa Luzia". O documentário, dirigido por Sérgio Roelzenblit, reúne uma série de depoimentos de sanfoneiros de várias partes do país. Por meio dos depoimentos, tomamos conhecimento da relação que cada um dos artistas de Estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco têm com o instrumento. Emocionante. Vale mencionar ainda o longa "Good Bye Solo", de Ramin Bahrani.
espero encontrá-los por aí...
é isso
até mais
se cuidem!
alan
P.S: e, hoje, sábado, tem festa do grupo de teatro Redimundo (das peças "Vesperais na Janela" e "A Casa", sobre as quais já comentei aqui, no bar do Malandro, que fica ao lado do Studio SP. A entrada é R$ 10, consumíveis).
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
abraço
era para ser uma despedida. mas o abraço trouxe uma avalanche de bem-querer.
os corpos se aproximaram. se fundiram. em segundos, eram um. a frieza dele tirou luvas e cachecol, ficou aquecida com o calor dela, que exalava labaredas de "vem viver".
as lágrimas escorriam, mas não apagavam a chama cor amor-perfeito que se formou ao redor. ninguém entrava, ninguém saía.
os braços eram extensões de carinho. se multiplicavam, cresciam, passeavam por todo o corpo, protegiam de um mundo patético que impunha limites à felicidade pura e infantil que percorremos tal qual cachorro à lebre.
a cabeça dele encontrava no ombro dela um travesseiro de repouso com cheiro de lavanda. as cinturas se encaixavam. ela podia sentir o pulsar do coração dele a quilômetros – agora, tão próxima, o barulho ensurdecedor das batidas virava uma bela canção zen.
nos ouvidos, os suspiros de que tudo era eterno – cada abraço provaria isso a eles.
sem palavras, sem ruídos, sem visões: apenas tato.
passaram os segundos, os minutos, as horas, as além-vidas. a noite brindou o encontro derramando estrelas ao fundo, e até a lua surgiu para sorrir.
por um instante, tudo deixou de existir. o big bang de um novo sentimento, de nível cósmico, fez-se explodir silenciosamente. em questão de milésimos, tudo foi destruído e recriado.
e ele e ela ali, imóveis.
tentaram-se se soltar, mas foi em vão. já estavam perdidos um na imensidão do outro, nadando nus em um oceano de possibilidades, dúvidas, medos e questionamentos.
só encontravam uma única certeza: de que não seriam mais os mesmos.
os corpos se aproximaram. se fundiram. em segundos, eram um. a frieza dele tirou luvas e cachecol, ficou aquecida com o calor dela, que exalava labaredas de "vem viver".
as lágrimas escorriam, mas não apagavam a chama cor amor-perfeito que se formou ao redor. ninguém entrava, ninguém saía.
os braços eram extensões de carinho. se multiplicavam, cresciam, passeavam por todo o corpo, protegiam de um mundo patético que impunha limites à felicidade pura e infantil que percorremos tal qual cachorro à lebre.
a cabeça dele encontrava no ombro dela um travesseiro de repouso com cheiro de lavanda. as cinturas se encaixavam. ela podia sentir o pulsar do coração dele a quilômetros – agora, tão próxima, o barulho ensurdecedor das batidas virava uma bela canção zen.
nos ouvidos, os suspiros de que tudo era eterno – cada abraço provaria isso a eles.
sem palavras, sem ruídos, sem visões: apenas tato.
passaram os segundos, os minutos, as horas, as além-vidas. a noite brindou o encontro derramando estrelas ao fundo, e até a lua surgiu para sorrir.
por um instante, tudo deixou de existir. o big bang de um novo sentimento, de nível cósmico, fez-se explodir silenciosamente. em questão de milésimos, tudo foi destruído e recriado.
e ele e ela ali, imóveis.
tentaram-se se soltar, mas foi em vão. já estavam perdidos um na imensidão do outro, nadando nus em um oceano de possibilidades, dúvidas, medos e questionamentos.
só encontravam uma única certeza: de que não seriam mais os mesmos.
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