terça-feira, 4 de novembro de 2008

Crime passional ou homicídio qualificado?

Peço perdão por emitir opinião sobre assunto tão delicado. Vejo homens matando mulheres pelo simples motivo do ciúme, a minha vida toda. Em um júri, defesa e acusação terão versões diferentes para a história, história que é sempre a mesma: crime de morte cometido sob a justificativa do amor. Eu também me lembro de ter ouvido a frase quem ama não mata. E não mata mesmo. O tempo da legitima defesa da honra acabou faz tempo, mas de Euclides da Cunha a Marcos Pimenta Neves, os assassinos ficaram impunes e a culpa recaiu sobre os ombros da vitima. Não li as reportagens, não vi a Ana Maria Braga transmitindo o enterro da Eloá, nem por isso desconheço o caso e farei aqui minha previsão: o sujeitinho não vai para a cadeia.
De acordo com a lei 11.464/2007 de autoria do ex-ministro Márcio Thomas Bastos, o assassino responde em liberdade provisória pelo homicídio. Réu primário, a moça era uma vagabunda, o pai dela responde processo, a turminha não se reunia para estudar, e sim para bagunçar, e assim por diante. Pode até haver desculpa mais contundente: as moças eram lésbicas. Então, por que a insistência dele em tê-la de volta? Enfim, deve ter um advogado de defesa preparando a cama macia na qual o criminoso vai se deitar. Mulher mata por ciúme? Vocês ouviram ou leram alguma coisa sobre o assunto? Não vale a Dorinha Duval, pois é exceção.
Em geral, o caso é o seguinte, o marido foi embora com outra e deixou-a com um montão de filhos para criar. Ela trabalha para educar a criançada. Tempos depois, o sujeito volta. O dinheiro acabou ou ele está doente no hospital. A boa companheira avisa a ex-familia e desaparece. E pior a mulher vai lá e leva o felizardo para casa. Ah, mulheres...
O Brasil possui mais de 50% de habitantes do sexo feminino. Desse total, quantas têm filhas? Vocês já pensaram que podem viver um drama igual ao da mãe da Eloá? Não está na hora de criar um movimento com slogan: mulheres unidas contra crimes passionais?
Na verdade estou colocando para fora a minha tristeza por ver a vida de uma garota de quinze anos perdida por algo tão fútil. Acredito ser a única sentimental a imaginar como seria a obra completa de um dos maiores pintores brasileiros, Almeida Junior, brutalmente assassinado por ciúme. Como estaria hoje Ângela Diniz? E a jornalista Sandra Gomide? De Doca Street ou de Pimenta eu tenho noticias: livres e soltos por aí. Veja bem, não sou contra o sexo masculino. Nem adepta da necrofilia, viu padre Beto? Tenho um filho, uma nora e uma filha, sem contar os agregados. Sou contra a irracionalidade, a brutalidade de se premeditar a morte de alguém por motivo tão torpe. O desfecho é estudado nos mínimos detalhes, não tenho dúvidas. Só por curiosidade, em linguagem jurídica é crime passional ou homicídio qualificado?

2 comentários:

Laura Palmer disse...

nossa, nesses dias temos q pedir a ficha corrida de seja lá quem formos inventar de sair...

Rosa Bertoldi disse...

Também acho
Rosa