Essa é a única certeza que tenho na vida nesse momento.
Se o próximo vai ser bom?
Não sei.
 Não tenho por hábito assistir novelas. De vez em quando fico em frente à telinha para me colocar em dia com os acontecimentos. Dia desses ao ligar a televisão encontrei-me em uma galeria de arte. Fiquei antenada! Tratava-se de um vernissage e dentre os participantes estava um jovem judeu. Ele voltou repetidas vezes ao local devido ao seu interesse por uma funcionária. Pensei nas cicatrizes deixadas pela guerra, nas lembranças das perdas, na vontade de que o holocausto não se repita, no desejo por parte de alguns ortodoxos na preservação de sua cultura. Estariam em busca de um tempo perdido? É assim que a mãe do moço se comporta criando um enfrentamento entre ela e o filho. E a mocinha, me perdoe, não ajuda muito. 
 
 Era uma sexta feira com cara de São Paulo, um frio quase calor e sol quase encoberto mas com céu azul. Dia de dicotomias. E lá estava eu parada em uma rua X da Vila Mariana em frente a um prédio normal. Eram quase 16h e esperava Fábio chegar para subirmos e vermos a coleção de Miguel Chaia...
 A Lu fez aniversário. Na comemoração a Marilena perguntou-me se eu conhecia o Egito. Respondi: não. Com isso lembrei de uma antiga conversa com a madrinha dela e minha amiga, Deboráh Pádua Mello Neves. Seu relato sobre uma viagem falando das pirâmides e de como atravessou o deserto rumo a Israel me encantou. A frase: “de repente o deserto floresceu...” fez meu queixo cair! Deboráh não estava contando um milagre, simplesmente descrevia a fronteira entre Egito e Israel.
Era uma tradição entre os abacaxis (2) sentar às margens do Abacaxi (2) e degustar abacaxibirra.
 Um antigo provérbio diz que chumbo trocado não dói. Pensei nisso ao receber uma série de slides, com imagens de mulheres idosas, acompanhada com textos tão realistas e ao mesmo tempo muito engraçados, visto assim, como por um espelho retrovisor. São fatos pelos quais todas as mães passaram em determinada época da vida.
 Não sei se eles vão achar engraçado. Eu ri enquanto lia o texto.A liberdade, gera no homem a angústia que pode levá-lo, de várias formas, ao desespero Então, cada decisão é um risco, o que deixa a pessoa mergulhada na incerteza, pressionada por uma decisão que se torna angustiante. No modo de vida estético, ele escolhe fugir dessa angústia e do desespero através do prazer e de buscar a inconsciência de quem ele é. Outra forma de fuga é ignorar o próprio eu, tornar-se um autômato, apegar-se a um papel, como no modo de vida ético (Kierkegaard)
 Todos os filhos devem ser tratados igualmente, diz a Torá. Tudo culpa dos filhos de Jacob, pois movidos pela inveja venderam José como escravo aos egípcios. Qualquer dia, eu explico essa história. Vamos ao que interessa. O pensamento aparece aqui relacionado com a construção da minha casa. Uma novela, dirão os leitores. Mas essa passagem merece ser discutida com vocês porque para mim tornou-se um problema existencial. Tenho um casal de filhos. Não sei o motivo, mas o quarto destinado ao rapaz acabou ficando menor. Para compensar decidi que os dois banheiros seriam iguais, pois não consigo deixar de ser mãe e judia. Conversa vai, conversa vem e meu marido alertando para o fato do local ser pequeno demais para comportar uma banheira. Mas, acabei instalando-a. Quando vi o resultado chamei sua atenção dizendo: você bem poderia ter sido mais enfático em suas observações.  Filosoficamente afirmou: jus uti et abuti. Resquícios de seus tempos de São Francisco, onde aprendeu direito romano. Traduzindo a resposta foi mais ou menos essa: apropriação do objeto, caracterizada pelo direito de uso e abuso. Porém, o tom era outro: coisa de novo rico. Frase repetida para o arquiteto Carlos Ferreira na primeira oportunidade, mas eu merecia isso, embora não sendo nem nova, nem rica.“Quando os professores de Matemática passavam problemas para os alunos resolverem, e do acerto da solução dependia a nota para ser aprovado, parecia que jamais eu teria um diploma nas mãos.
A Matemática era uma ciência destinada, exclusivamente, a separar os burros dos inteligentes. PI, raiz quadrada, regra de três, trigonometria, binômio de Newton, progressão geométrica, expoentes, senos e tangentes eram coisas absolutamente inúteis, concebidas por cérebros doentios capazes de resolver teoremas impossíveis e chegar a resultados para mim incalculáveis (e inexplicáveis).
Eu estava sempre no time dos burros (em matemática) porque desde a tabuada resolvida a duras penas com os dedos das mãos e dos pés, até os malditos logaritmos, tudo eram invenções do diabo para castigo antecipado dos pecados que eu viria a cometer ao longo da vida.
Para mim o inferno era ali.Sinceramente, não sei como atravessei as matemáticas de cada série e cheguei à formatura, ultrapassando, de quebra, fórmulas de Química e os mistérios insondáveis da Física.
Eu me perguntava: para que serve isso? (Gostava era de escrever). Para que serviriam a geografia, o latim, as análises sintáticas, as peripécias dos Godos e Visigodos, as drosófilas, as hipotenusas, catetos e as paralelas que só se encontram além de onde minha vista alcança, no infinito?
(Eu queria algo diferente.)
Escrever colcheias e semibreves ovaladinhas, entulhar pautas e depois fazer sua leitura grotescamente sonora em trágicas melodias de solfejos, no ritmo quebrado dos compassos... Todas essas coisas não me pareciam servir para coisa alguma até o dia em que o tempo mostrou-me as ciências realizando os milagres humanos. (Até a hora em que me propus escrever e descobri que a vasta bagagem acumulada me faz circular com certa naturalidade por vários campos).
Claro que nas passarelas, nos estádios e palcos, alguns ignorantes das ciências ganham o ouro do mundo sem fazer contas, fundir neurônios, sem entender por que o Sol nasce todos os dias ou por que uma reta é o caminho mais curto entre dois pontos. Às vezes pelos atalhos em ziguezague tem gente que chega antes.”
 Ela garante: tudo vale a pena na cidade, desde a mal-criação de alguns até aquela neblina gelada cobrindo Praga durante parte do dia. Os cristais são lindos, o artesanato e as feiras livres idem. É tudo muito barato e vai continuar sendo por um bom tempo. A comida é boa e a cerveja, a melhor do mundo. Todas as grandes marcas estão lá. Deixem Praga por último e cheguem de malas vazias. Conselho de gente entendida no assunto. E por último, comentário no banheiro feminino do festão da Célia: ao contrário das pérolas falsas, o vestidinho preto/branco usado pela Janira era um autêntico Valentino! Comprado em Praga? E eu me achando o máximo só porque tenho umas camisetas assinadas por Herchcovitch.