sábado, 6 de fevereiro de 2010

Como Lucy tornou-se famosa sem saber

Se fosse Umberto Eco a escrever, o texto começaria assim: era o ano da graça de 1967. Como sou eu, vou direto ao assunto. Era o ano de 1967 e Lucy freqüentava a Heath House, uma escolinha perto de sua casa. Tinha como vizinho e colega Julien. Diziam as diretoras do local que ambos foram duas pestes.
Um dia o menino mostrou um desenho para o pai dizendo: olha a Lucy no céu com diamantes. Lucy in the sky with diamonds foi inspirada na pintura de Julien. O pai? Lennon. A Lucy, de verdade, só ficou sabendo que era famosa e fora imortalizada através da composição, aos 13 anos, ao descobrir que o tal colega era filho de um dos Beatles. Simples assim, embora na época, a maioria, dos jornalistas e críticos, tenha noticiado que o título se referia à droga LSD. De acordo com Lennon, a canção tinha sido inspirada na frase e desenho do filho e no Alice, de Lewis Carrol. “Surrealismo para mim é realidade” declarou na época. Para mim também, John!
Duas coisas me fizeram lembrar dessa história. Adulta, Lucy passou a trabalhar junto a crianças com necessidades especiais. Em seguida eu li que estava cega. Julien também soube da doença e se prontificou a pagar pela cirurgia. A moça, pelo que sei ficou recuperada. E Julien provavelmente feliz por poder fazer algo por ela.
O outro fato é mais recente. Ganhei um livro The Beatles – A história por trás de todas as canções e de repente me deparei com a conhecida história sobre como Lennon compôs a música, algo que contei em algum outro lugar, acho que em artigo para o jornal. Lembrei: está no livro Com Textos, uma seleção de artigos escritos para Ju Machado – escritório de arte, e publicados inicialmente no Jornal da Cidade. Pronto, feito o comercial, vamos continuar.
O autor explica o que os compositores das canções queriam dizer, de verdade. É bem engraçado, pois tem coisas que a gente realmente imaginava mirabolantes e acabam sendo simples. Penso que um livro definitivo será escrito quando pesquisadores e autores tiverem em mãos os arquivos de Lennon, George, Paul ou Ringo... Mas, por hora a explicação para grande parte das letras convence. E como tive filhos pequenos um dia – hoje eles estão crescidinhos – nunca duvidei da história de John, porque pai e mãe são bobos e iguais, só mudam de endereço!