segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

VIAJANDO PELA INDIA 5 - RELIGIÕES II

1. Apenas 2% dos indianos são sikhs. Talvez haja 9 milhões de sikhs no mundo todo.

O Sikhismo foi fundado no século XV por Sri Guru Nanak Dev, no Pasquistão. Ele não fez uma tentativa de erguer uma nova religião, apenas tentou uma unidade religiosa que abraçasse tanto os hindus como os maometanos e os muçulmanos. Insistiu na adoração do Deus uno, o Criador e o Supremo Controlador, o qual é tudo, e além de quem qualquer pensamento da existência individual é somente Maya (ilusão). Guru Nanak (o primeiro de dez gurus que codificaram a religião), tentou unir todos os religiosos numa única linguagem de amor a Deus e serviço ao homem.

Os princípios do Sikhismo são a unidade de Deus e a irmandade entre os homens.
Um Sikh é admitido para o privilégio da comunidade quando é batizado. Ele passa a adotar os cinco Kakas: o “Kes”, (não cortar o cabelo), o “Kachh”, (barba crescida), o “Kara” (bracelete de ferro), o “Kirpan” (adaga de aço), e o “Kangha” (pequeno pente usado no cabelo).

(As mulheres usam essa pequena adaga pendurada numa corrente, como um pingente).

Os Sikhis dividem-se dentro de muitas sub-seitas, a saber:
- Udasis são uma ordem ascética de Nanakshahi Sikhs.
- Nirmalas são celibatários. Eles também são uma ordem de ascetas dos Nanakshahis.
- Akalis são os mais fanáticos de toda a seita Sikh; eles vestem uma roupa de tom azulado, e um turbante negro.
(Nesta viagem fiquei com uma família sikh e conheci siks bastante religiosos que não se enquadram em nenhuma dessas categorias. Vestem-se como os ocidentais mas são diferenciados pelo uso dos turbantes e barba crescida.
O que mais os diferencia dos outros religiosos indianos é que por obediência ao guru, consideram as mulheres como princesas. Essa parte eu adorei! E tratam-nos realmente com tanta deferência e delicadeza que nos sentimos a pessoa mais importante do mundo. E olhem que isso é um princípio religioso que vai contra a cultura local).

2. O Granth Sahib
O Granth Sahib é a escritura sagrada dos Sikhs. Guru Nanak inventou a linguagem Gurumukhi que contém um alfabeto com 53 letras. Todo o Granth Sahib está na lingagem Gurumukti. É uma coleção de textos traduzidos do sânscrito e hinos do décimo Guru, Govinda Singh,.
(Os sikhs, então, reverenciam o livro que nos templos ocupa o centro e é curvando-se diante dele que os religiosos -e todas as pessoas que o fizerem- são abençoados por Deus.
Na casa em que estive, Matati (avó) iniciava sempre as orações dizendo God! Oh God! Com uma entonação de súplica. O tom de voz era indescritível, completamente diferente da voz que usava para conversar. E a coisa mais linda foi ter o privilégio de subir ao templo da casa, feito sobre o telhado. Ali ela entoou as leituras numa voz que me levou ao céu, diria que vinha do fundo da alma. Naquele momento estive muito próxima de Deus, o único e verdadeiro).

3. Princípios fundamentais do Sikhismo
I) Crença no Verdadeiro Deus Uno;
II) Rendição implícita à vontade de Deus;
III) A prática da retidão e da honra;
IV) Fraternidade de Deus e irmandade do homem;
V) Não adorar senão a Deus;
VI) Trabalhar na boa fé é uma obrigação imposta por Deus; abandonando o medo por um mau resultado e ter sempre a esperança de um bom resultado.

O sikhismo não possui sacerdotes ou clero, apenas guardiões do livro sagrado, entretanto a leitura do Granth Sahib não é privilégio de uma casta, todos têm acesso a ele e podem conhecer seu conteúdo, inclusive pessoas que seguem outras religiões, e todos são bem vindos aos templos (Gurdwaras).

A meta de um sikh é atravessar cinco estágios espirituais para alcançar uma reencarnação favorável ou a libertação do ciclo da reencarnação (Samsara). Os estágios são: Dharam Khand (viver segundo a lei de Deus); Saram Khand (autodisciplina); Karam Khand (graça); Gian Khand (conhecimento); e Sach Khand (verdade).

Segundo a crença sikh ao nascer cada homem tem nova oportunidade de escapar deste ciclo reencarnatório, isto só é possível através do amor a Deus associado ao amor por todos. Esta visão é semelhante ao “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo” pregada pelo cristianismo. Por isso os sikhs também aprendem a ajudar qualquer necessitado, seja qual for a sua fé, e servir à comunidade é considerado um caminho para aproximar-se de Deus. Os seguidores do sikhismo acreditam ainda que o homem se realiza abolindo o egoísmo e o orgulho.
Observamos na filosofia sikh uma universalidade que não é comum nas religiões orientais. O respeito e o incentivo à solidariedade e ao amor para com todos os homens, independente de qualquer característica, serve de exemplo para que as religiões voltem suas atenção para o objetivo maior de levar o homem a Deus (independente do nome pelo qual o chamem) e de propiciar a criação de um mundo onde todos vivam como irmãos sem excluir ninguém do divino Amor.

Fontes:
www.terraespiritual.locaweb.com.br
e www.gita.ddns.com.br/religioes/sikhismo
As observações entre parênteses são minhas.

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