segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

VIAJANDO PELA INDIA 4 - AS RELIGIÕES 1

81% dos indianos são hinduístas, 12% muçulmanos, 2% cristãos, 2% sikhs, 4% membros das outras centenas de seitas, práticas religiosas ou sub ramos do hinduísmo (Rosa Bertoldi mencionou sua incompetência para escrever, após a reforma ortográfica eu só digo IDEM! não sei escrever sub ramos...).

O aparentemente enorme respeito entre as pessoas religiosas me surpreendeu. Uso a expressão aparentemente porque os olhos de um turista não veem “a verdade” apenas a “verdade aparente” do país visitado. Portanto darei minha versão particular, se estiver enganada corrijam-me, por favor.

Pois bem, embora eu tenha sido recebida por uma família sikh, na véspera do Natal eles montaram uma árvore com luzinhas e tudo, prepararam uma ceia do jeito que a gente faz e fizeram votos à meia noite. No dia 25 manifestei desejo de ir à missa. Imediatamente colocaram-se à disposição para me levar. Após telefonemas para cá e para lá, pois que não tinham a mínima noção de onde havia uma igreja católica nem como conseguir o horário da cerimônia, enfim fui conduzida, com toda honra, ao meu “templo”, assim se referiam à paróquia São Francisco Xavier onde fomos.

Infelizmente as informações estavam erradas e chegamos lá após o término da única celebração do dia. Mesmo assim entrei para fazer orações.Ainda havia um número razoável de pessoas por ali. Vendo-me, indisfarçavelmente ocidental, começaram a me rodear, dizendo com todo o carinho “Merry Christmas! Happy New Year!”. Muitos beijaram minha mão, pediram para tirar fotos comigo, e olhem que não sou uma top model, apenas uma avó (bem apanhada como diriam os antigos, mas uma avó)... Faziam isso simplesmente pela alegria de ver um estrangeiro ali ou pela fraternidade que une as minorias ou os que têm a mesma fé. Uma senhora aparentemente (again!...) bem idosa me abençoou e fez o sinal da cruz em minha testa.
Usavam roupas bem coloridas, novas, como manda a antiga tradição do Natal mas muito, muito simples.

Gente, não há coração que resista... olhos cheios de lágrimas saí da igreja em paz com o mundo. Foi um belíssimo Natal.

JAINISMO
Fundado na Índia no século VI a.C. é uma religião que não reconhece a autoridade dos brâmanes nem dos textos Vedas. Nos dias de hoje, está presente nas regiões oriental, central e meridional. Tem por volta de 4 milhões de seguidores. Em número de fiéis, é a sétima das religiões da Índia, ou seja, 0,4% da população indiana é jainista.
Acreditam em 4 grandes princípios: não-violência, evitar a mentira, não se apropriar do que não foi dado e não se apegar às posses materiais, para os guias ou jinas (sacerdotes ou orientadores dos fiéis), há ainda o princípio da castidade.

O Jina repudiou os interesses mundanos para alcançar um grau supremo de conhecimento. Ensinam seus seguidores a libertarem-se do ciclo da reencarnação ao atingir as três jóias: Conhecimento Justo, Fé Correta e Boa Conduta, o que implica em abandonar a violência, a cobiça, o artifício, manter-se castos e obedecer aos doze votos, divididos em três classes:
1) ANUVRATAS - abster-se de atos violentos, não mentir, não roubar, não cobiçar o parceiro de outra pessoa e limitar as possessões pessoais;
2) GUNAVRATAS - restringir as atividades pessoais a uma área concreta, restringir práticas que proporcionam prazer e evitar atos que causam sofrimento 3) SIKSAVRATAS - votos de disciplina espiritual: meditar, limitar determinadas atividades a certos momentos, adotar a vida de um monge por um dia, fazer donativos aos monges ou aos pobres.
Além dos doze votos, seguem ainda algumas regras de comportamento, tais como: Não comer durante a noite, não comer carne, não beber vinho e não comer certos vegetais nos quais se acredita que vivam determinados seres.
KARMAÀ semelhança do hinduísmo e do budismo, o jainismo partilha da crença no karma, embora de uma forma diferente. O karma no jainismo não é apenas um processo em que determinadas ações produzem reações, mas também uma substância física que se agrega a uma alma. As partículas de karma existem no universo e associam-se a uma alma devido às ações dessa alma (por exemplo, quando uma alma mente, rouba ou mata esta provoca a agregação de karma na sua alma). A quantidade e qualidade destas partículas determinam a existência que a alma terá, a sua felicidade ou infelicidade. Só é possível a uma alma alcançar a libertação quando desta se retirarem todas as partículas de karma. O processo que permite a libertação das partículas de karma de uma alma denomina-se "Nirjara" e inclui práticas como o jejum, o retiro para locais isolados, a mortificação do corpo e a meditação.