segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ele manda uma poesia com versos doloridos, intensamente amorosa, dramática. Ela, emocional, sensível, tem o olhar iluminado pelas lágrimas. Que lindo viverem um amor como esse, impossível mas real. Não se concretizara no sexo, uma união de almas gêmeas.
Ela interpreta os versos, combina estrofes, junta o poema de hoje com o de ontem e tece uma gigantesca colcha de encantamento a aquecer seus dias, a acelerar seu coração e respiração.
Têm urgência de um encontro. Precisam tocar-se, conversar, refletirem-se nos olhares. Responde afoitamente, conta-lhe de suas preocupações e pergunta-se e a ele, como poderiam resolver essa distância. Dorme sentindo sua respiração, lembrando o som de sua voz, o formato de suas unhas, os dedos grossos, másculos.

Ele manda o poema e vai ver televisão. Depois de algumas horas responde às suas aflições. Sim, ficaremos juntos um dia, fique calma, tudo se resolverá. Leva o copo com whisky para o quarto, dorme pensando sobre sua próxima passagem pelo free shop. Que marca trará, Logan ou Royal Salut?

Desaparece por doze dias. Ela, tensa, irritada, imaginando que como ninguém sabe que se amam, caso ele fique doente ou até morra, não a avisariam. Teria morrido? Abre a caixa de mensagens inúmeras vezes por dia. Nada!

Começa a pensar que talvez ele não queira fazer a família sofrer, seria isso? Tão generoso, amoroso, romântico, certamente preserva a mulher não amada mas respeitada, mãe de seus filhos. Ela aguenta sofrer, é forte, e só por saber que esse vínculo existe já se considera feliz. Esperaria, quando pudesse ele entraria em contato. Para que não a esqueça, envia mensagens, enfeita-as com flores, gifs animados, borboletas e corações pulsantes. Pede confirmação de recebimento, que não vem.

Cheio de pacotes, perfumes, licores e o tão esperado whisky ele chega em casa, abre o computador. Pula todas as mensagens recebidas e digita: “Sinto muito sua falta mas tem sido difícil ficar sozinho com você. Somos iguais, você entende quanto estou sofrendo. Não está fácil!”
Comovida ela abraça o teclado. Está vivo!

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