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Silêncio, vazio, perda da capacidade de comunicação, instalam-se na casa. Não se consegue falar sobre o acontecimento, nem sobre sentimentos. Esse isolamento provoca sensação de solidão e distanciamento entre os elementos da família. Provavelmente a razão do silêncio seja mostrar que não dói ou para evitar que lágrimas e palavras despertem a dor no outro. No processo de luto é mais saudável que todos sofram do que “abafar a dor”. Exteriorizá-la, partilhá-la possibilita aos pais e irmãos saberem que não estão sós, e que poderão abrir-se e receber ajuda uns dos outros.
É inevitável que todos se questionem sobre o que poderiam ter feito ou evitado. Muitas vezes a interiorização da culpa pode dar origem a processos de auto-destruição: consumo abusivo de álcool, sobre-medicação, e outros. A dinâmica familiar é alterada, os pais “perdidos na sua dor” acabam por ter pouca disponibilidade afetiva e emocional para dar atenção aos filhos que ficaram. Em casos extremos há deterioração da saúde mental conduzindo a depressões profundas, desistência da vida e dos prazeres e por vezes à retirada total da realidade. A doença mental se instala, e tem início um processo de desorganização mental chamado “Luto Patológico”.
No filme “Os Últimos Passos de Um Homem” em diálogo entre a freira(Susan Sarandon) –que acompanha condenados à morte– e um homem cujo filho, bastante jovem, foi morto o homem conta que sua mulher pediu o divórcio, faz uma reticência e completa... “até que a morte nos separe...”
Ainda não havia pensado nisso.
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