terça-feira, 31 de março de 2009

Como tornar-se um canalha


Não sei de onde veio essa idéia, mas numa conversa com uma amiga por email ontem, tomei a decisão: A partir de hoje eu sou um canalha!
Nao tenho a menor idéia de qual é a definição exata de “canalha” (Ok...Agora tenho... Etimologia it. canaglia (a1338) 'conjunto de pessoas desprezíveis', (1531) 'pessoa malvada', der. de cane 'cão' + suf. coletivo e depreciativo -aglia; ver ca(n)-, do Houaiss), mas vou procurar fazer o possível prá me tornar um.

Vou deixar meus contatos do MSN todos online... Ninguém mais será deletado, ninguém será ocultado e partir de agora serei gentil e camarada no ponto certo... A ponto de criar alguma afeição, a ponto de conquistar de alguma forma prá em seguida tomar vantagem disso.

É assim que as coisas deviam ser desde sempre. Quanto tempo eu perdi!

E olha que eu não levei nenhum fora hoje ou nos últimos dias não. Mas óbvio que sim, tive meus momentos ruins e que por alguma razão foram trazidos a tona recentemente e que me fizeram tomar essa decisão.

Talvez porque eu ainda almeje uma carreira política – pois é, ao contrário da maioria dos homens eu nunca quis ser astronauta ou bombeiro. Sempre quis ser presidente, mas a maturidade me levou a concluir que devo ser Senador. Sou bairrista demais prá ser presidente – acabei sempre tentando agradar a todo mundo.

Realmente acho que todo mundo “gosta” de mim... Todas as sogras, todas as tias, todas as atendentes que nunca são bem tratadas, todos os seguranças e manobristas que nunca recebem um boa noite ou um sorriso, enfim, todo mundo que gera votos mas que não dormiria comigo (ou até dormiria, mas eu é que não quero, sei lá...) no final do dia...

Mas isso mudou.

Não vou deixar de ser “oferecido” como uma vez um quase namorado da minha irma a chamou porque notou que ela era tão bem educada quanto eu e sorria para todos. Essas pessoas não tem nada a ver com meus problemas.

Mas qualquer otário ou otária que eu achar na balada, que eu julgar que mereça se danar simplesmente porque nasceu, vai levar. Vou cozinhar em banho Maria. Vou ter minha lista de pessoas que se encaixam nesse grupo. Vou dar em cima de todo mundo, dar fora em todo mundo, vou comer e sair sem dar tchau, e ligar o foda-se de uma vez por todas...

Talvez seja um excesso de autoconfiança escrever um texto como esse. Talvez alguns amigos ou amigas achem que estou ficando louco. Provavelmente se alguém do meu MSN ler esse post vai ficar com dúvida... Mas é isso. Cada um que pense o que quiser. Eu sou um canalha e se alguém souber de alguma coisa que possa me ajudar a me tornar um canalha melhor, por favor, a caixa de sugestões está aberta...E por favor, espalhem a notícia, porque canalha que se preze é conhecido por todos como canalha... Se só eu achar isso, não vai adiantar nada...

segunda-feira, 30 de março de 2009

NOVA VIZINHA

Quando o caminhão de mudança parou em frente à nossa casa tivemos certeza de que afinal a casinha do outro lado da rua seria habitada. Estava vazia há meses.
Mês de férias, sem muito o que fazer a meninada sentou na calçada para analisar a mobília e, principalmente para ver se chegaria com a mudança alguém da nossa idade.
Hoje provavelmente ninguém estaria na calçada mas no clube, diante da TV, vendo um filme, no computador ou no acampamento... Naquele tempo as férias eram na rua, mesmo. A programação da televisão começava às 6 da tarde, cinema só no domingo, clube era luxo, computador não existia e acampamento não fazia parte do nosso mundo.
Voltando à mudança, vimos descarregarem móveis que nenhum de nós tinha em casa: hoje sei que o nome é bergère, mas classificamos como um trono vermelho e dourado, um tapete de zebra lindo que os carregadores desenrolaram e enrolaram na calçada, caixas e mais caixas com panos coloridos, um espelho gigante em moldura dourada e um móvel enorme- outro conhecimento que não tinha à época- um étagère, também dourado.
O sofá, mesinhas, cadeiras, tudo era conhecido mas não como aqueles...
Encantados com tantas novidades chegamos às alturas quando um Chevrolet 52 azul, reluzente, estacionou e um senhor de terno marron e gravata listrada largou a direção apressadamente para abrir a porta do passageiro e de lá desceu dona Anita.
Risadas, cutucões e agitação. Ela era a mulher mais esquisita que já havíamos visto. Primeiro, porque usava na cabeça um lenço estampado que dava várias voltas no pescoço e caía atrás, depois porque seus óculos eram enormes mas principalmente porque usava casaco de pele e eram 11 horas de uma manhã de janeiro.
Andou sem olhar para nós, com a delicada mão do homem em seu cotovelo, diretamente para o portãozinho da casa e para nosso delírio descobrimos que por baixo do casacão usava uma saia tão justa que não conseguia subir o degrau alto. Ficou de lado, apoiou no muro, ele empurrou, mas nada! Não havia ângulo para dobrar o joelho dentro daquela saia.
Ficamos todos em pé para ver melhor, torcendo para que a situação piorasse. Infelizmente não piorou. O homem às suas costas levantou-a pela cintura e praticamente a empurrou para dentro ouvindo nossas gargalhadas.
Como a parte melhor já acabara, e era hora de comer, fomos para casa contar as novidades.
À tardezinha nos juntamos novamente. O caminhão partira, o Chevrolet na garagem, o homem subia e descia de uma escada para colocar cortinas, e tudo parecia muito plácido.
De repente ela apareceu no corredorzinho do lado.
Era muito feia! Cabelo azul, velha, com batom vermelho e “rouge”. Figura estranha. Não parecia com ninguém do bairro: as avós não usavam batom vermelho nem cabelo armado, as mães não usavam aquelas roupas e nem eram velhas.
As mulheres da rua também foram aparecendo. Uma ia à padaria, outra tinha ido xeretar mesmo e outra estava de passagem para a casa da mãe. Pararam e resolveram cumprimentá-la, dar as boas vindas.
Atravessaram a rua e foram acolhidas com o melhor sorriso do mundo.
- Ah, queridas, muito obrigada!
- A senhora morava por aqui?
- Não, eu tinha um apartamento na rua Paim, mas decidimos morar numa casa. Esta é perfeita, do tamanho que precisamos.
- A senhora tem filhos?
- Não, meu amor, sou recém casada... ainda não deu tempo. Apareçam, vamos conversar, apareçam!
No dia seguinte ela lavou a calçada e molhou o jardim de short. Um escândalo!
Quando foi à padaria de pijama e casaco de pele, o bairro já fervia.
À tarde as mães descobriram - ela era vedete. Ou melhor, ex-vedete. Aposentada.
Participara de alguns filmes com Mazzaropi e ainda fazia bicos na rádio Record.
Ouvi meu pai dizer para tomarmos cuidado, era uma mulher perigosa.
As mães, fascinadas, queriam saber de tudo. Aos poucos e sem muitos rodeios ela foi contando. Tivera muitos amantes. Fora muito apaixonada, mas ninguém a pedira em casamento. Amiga da Virgínia Lane, convidaria todas para um chá quando ela viesse de visita.
Ia montar um salão de beleza. Adorava casacos de pele. Tinha muitos, ganhos de amigos e admiradores.
Seu marido? Ah, seu marido era o “seo” Garcia, gerente da Pirani. Viúvo sem filhos sempre fora apaixonado por ela, desde moços. Os pais não o deixaram casar com uma moça à toa. Só quando os pais morreram começaram a namorar. E viveram amorosamente até a morte de “seo” Garcia uns 15 anos depois.
Ela se tornou a melhor cabeleireira/conselheira do bairro. Continuou a usar casaco de pele só com calcinha, sobre o pijama ou para conversar no portão.
Foi no colo dela que chorei a perda do meu primeiro amor.

domingo, 29 de março de 2009

Enquanto isso na lanchonete

"Ela dizia que parecia uma despedida
Calçou os sapatos, vestiu minha roupa
Já não cabia mais
Enquanto isso na lanchonete
Ela dizia que parecia uma despedida
Calcei os sapatos, vesti sua roupa
Já não cabia mais
Enquanto isso na lanchonete
Os dois se encontravam
E renascia..."
Enquanto isso na lanchonete - Vanguart


Ufa, acho que agora tudo volta um pouco mais ao normal. Eu sempre juro que dessa vez vai ser diferente e que eu vou trabalhar menos e aí me apaixono pelo projeto e aí já era. Perco a cabeça, trabalho horrores, perco sono, como mal e só penso em trabalho. Aí essa parte acaba e tudo volta ao normal. Felizmente. Amo o meu trabalho mas amo a minha família, os meus amigos, gatinho e adoro ter vida. Essa seman avoltei a viver. E bem.
Bom, mas agora me digam, a Eliana Tranchesi foi sentenciada a 94 anos de prisão. Gente, o que a mulherada desocupada dessa cidade vai fazer sem a Daslu? O Iguatemi vai explodir! A Faria Lima vai ficar em quarentena! Tudo isso porque a moça comprava um calça Marc Jacobs por 150 euros e declarava que havia comprado por 20 dolares. Ah, vai que já fizeram bem pior! Tem gente que matou, roubou água de pobrezinho e está aí, bonito, reeleito e impune. Ela pelo menos rouba de rico, nesse lance meio Robin Hood. Vendia coleção antiga aos novos ricos jurando que era fresquinha recém saída da passarela da Semana de Moda de Paris e por isso tinha aquela poeirinha. Quem é trouxa que se lasque, né? Trouxa rico merece ser enganado. Não assina a Vogue merece comprar gato por lebre! Hehehehe
E não fui ao Radiohead, vi pelo cabo e não me arrependo. Claro que show ao vivo tem um calor que é incomparavel mas até aí você também tem que aturar o calor humano à lá vida de gado. Leia-se: banheiro químico lotado e fedido (e algum não é?), fila pra entrada, fila pra sair, fila para pegar taxi (porque não dá mais para beber e dirigir senão a Tranchesi vai fazer amizade na cadeia)... e o show do Los Hermanos, que eu tanto queria ver, foi morno. Cadê as músicas pouco tocadas, cadê Canastra, MGMT e Little Joy?
E no Camelo X Amarante, o segundo ganhou de goleada. Camelo permaneceu na retranca, mal fez contado com aquele publicão que estava lá por eles, cantou pouco, passou a bola para Amarante que mostrou que Katylene está certa e que debaixo de todo aquele cabelo existe não só um grande compositor, um músico carismático e bacana mas também um homem bonito. Dá-lhe, Amarante.
E para balancear fui ao show solo, gravação do DVD, do Marcelo Camelo. Meio cabisbaixa depois da goleada do domingo mas saí de alma lavada. Ali, naquele ambiente absolutamente controlado e clean, Camelo é o cara. E bota O cara nisso.
Sim, senhoras e senhores, mantenho minha teoria de que Camelo e Amarante são respectivamente o Chico e o Caetano dessa geração. E me apaixono pelas coisas lindas que eles tem produzido.



Ah, e quem não viu Intempéries - O fim do tempo na Oca deve dar uma passada. A exposição é simples mas eficaz.

sábado, 28 de março de 2009

O SONHO DE MALLARMÉ

Não sei como me lembrei de um livro inacabado de Mallarmé. Na verdade foi uma superposição de fragmentos, elos e palavras-chaves que me levou a ele. Primeiro um filme de Woody Allen e a imagem congelada de uma gestante chorando diante de um quadro de Klimt. A tela “Esperança” mostrando uma mulher grávida em um fundo coberto de figuras monstruosas. Em seguida um amigo apresentando-me a um novo autor. Ao ler a poesia de Lito Albanês fiz o seguinte comentário: “é preciso fazer-se vidente.” A frase de Rimbaud levou-me ao simbolismo, um movimento do final do século XIX espremido entre um turbilhão de acontecimentos, tais como: impressionismo, pós-impressionismo e art nouveau. As figuras notáveis de Lautréamont, Van Gogh, Gauguin, Cézanne, Valéry e Mallarmé, o poeta maior do simbolismo, compartilhando aquele momento.
Ao relacionar objetos distantes, a estética simbolista fez a interação entre imagem interior e exterior e as fronteiras entre o mundo onírico e a realidade se tornaram indistintas. Os simbolistas realizaram um discurso indireto, do qual se percebe traços em Baudelaire. A maioria deles permaneceu afastada da sociedade. Mallarmé dizia que um grupo social onde o poeta não tem lugar não deve ser considerado. De vez em quando mandava um poema para o mundo lembrar-se de sua existência. A magia de sua linguagem continua a emocionar e exercer um poder de sonho sobre a sensibilidade contemporânea.
Tudo isso para dizer que Mallarmé era simbolista? Não. É para contar como ele imaginou um livro integral onde a poesia ficava em estado latente. A partir de um pequeno número de células-base, o autor realizaria milhares de possibilidades combinatórias. Essa era sua descrição para a obra le livre a venir/ o livro do futuro: um texto não linear, um livro com características diferentes das conhecidas. Na ocasião muitos pensaram tratar-se de um sonho místico de um escritor delirante. Ele imaginou um texto móvel obedecendo a uma ordem fixa permutando em todas as direções. No prefácio explicou: “lançar os olhos para as primeiras palavras do Poema, a fim de que as seguintes dispostas como estão os encaminhem às últimas. Os brancos assumem importância, como o silêncio em derredor, até o ponto em que um fragmento ocupe, no centro, o terço mais ou menos da página...”
Atualmente o livro poderia ser realizado através das novas tecnologias, pois elas dariam ao poeta a possibilidade da experimentação, da representação do movimento, do simultâneo e do instantâneo. Mallarmé ao conceber “Um lance de dados” viu... um hipertexto. A idéia do hipertexto é aproveitar a arquitetura não linear das memórias do computador para viabilizar uma escritura tridimensional dotada de uma disposição manipulável de forma interativa. Para leigos, isso significa abrir janelinhas ou links clicando palavras no original. Pensei... um fim de século leva a outro. Um jogo de espelhos ou vidência? Poetas têm o dom da vidência, dizia Rimbaud. O que é um vidente, afinal? Pessoa com a faculdade de visão sobrenatural de cenas futuras, aquela que profetiza. Quem possui essa habilidade está revestida de qualidades especiais. No caso, nosso poeta teve o dom de criar e se fazer vidente ao mergulhar em idéias inomináveis, inventadas, imaginadas... Pensei em Leonardo de Vinci e na quantidade de objetos que ele elaborou. Esse vidente esteve muito perto de encontrar soluções. Pensei em Dédalo, Descartes, Cyrano de Bergerac, Julio Verne, todos sonhando “com um homem alado”. Pensei em Mallarmé e como o computador converteu seu sonho em realidade. Hoje o hipertexto está sendo usado para produzir literatura criativa graças a visionários com eles.

quinta-feira, 26 de março de 2009

23

23
nem cedo, nem tarde demais: o tempo certo, a hora certa. dádiva do calendário dos deuses é conhecer você hoje, agora, pra sempre.

miau
de ronronar em ronronar, a cada espreguiçada gostosa, um pequeno cafuné ganho por manha: assim conquista-se o carinho de todos os dias, amém.

lua
de brilho intenso, próprio, dona do céu, faz das estrelas meras coadjuvantes: quando entra em cena, é senhora dos olhares e da admiração.

sétima
cheiro e prenúncio de incomparável diversão, escuta-se de longe a alegria disfarçada em saltos: ouvir este som é sinônimo de você estar aqui.

lê-tras
da ficção vampiresca à realidade triste que ainda causa admiração, folhear páginas é descobrir seus encantos, ora escondidos, ora timidamente revelados pela autora.

palhaçada
uma camada de alegria, outra de superação, mais uma de solidariedade: junte um coração sem medidas, um nariz vermelho e aprecie sem moderação.

sorriso
arte antiga que não se aprende na escola, não dá pra prestar vestibular nem comprar diploma. dom. virtude que vicia e, sobretudo, apaixona.

imagem
instantâneos que eternizam suspiros, dores, fantasias. digitalizações feitas à alma que fazem da memória praça gostosa pra se visitar no fim da tarde.

preguiça
vestindo pijama de ternura, deita: repousa, descansa, renova forças e prepara o espírito para outro dia de luta, de carinho, de viva vida.

beijo
os lábios pareciam velhos conhecidos: ao se encontrarem naquela noite de sábado, sabiam por onde caminhar, o que fazer e quando parar - nunca.

festa
desculpa pra lá de esfarrapada, velha feito peleja entre deus e diabo, para passar horas e horas desfilando sorrisos e alegria por aí.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Keep it simple & Just do that... ou prólogo sobre a liberdade e a solidão…

Pronto. Esta deve ser a décima segunda vez que escrevo esta primeira frase do primeiro post no blog e apago. Se fosse no século XIX (ou sei lá, qualquer ano antes de 1990, afinal talvez seja a mesma coisa), diria que neste momento teria um monte de papeis amassados jogados numa cesta de lixo. Mas não.. Agora é uma página em branco, criação de alguém que hoje deve receber milhões de ações da Microsoft e agora – coitado – em vez de 3 casas teve que vender uma para pagar dívidas do cartão de crédito feita para comprar ipods. E um cursorzinho propositadamente programado para piscar na velocidade máxima, para incomodar mesmo, para ver se sai alguma coisa. Além disto, um monte de pensamentos – e se “to share is to live” é a máxima da nossa década, porque não “blogar”? E daí tem a liberdade.... Tá bom, vou começar a escrever no blog... Mas escrever o que? Quantas linhas, quantos caracteres, qual assunto?? Qual profundidade? Qual público alvo? Qual grau de disclosure da vida pessoal? Escrever como um observador do mundo, na terceira pessoa (como sempre faço, confesso), ou não, “me jogar” na aventura de dizer EU ACHO QUE.... (sei lá o que eu acho..). Quase tão irritante quanto a pergunta que meu psicanalista me faz todas as vezes – conte-me tudo, e fale a primeira coisa que vier a cabeça... Desde que o mundo é mundo, ou seja, desde que a internet foi lançada para uso comercial, em 1994, tive a vontade de “blogar”, antecipando uns 5 anos o conceito hoje já ultrapassado (afinal tenho mais de 30!) – o lance agora é “twittar”, uma vez que para postar alguma coisa no blog é necessário (ou talvez seja uma forma possível) escrever um TEXTO, ora, vejam só, uma coisa que tem mais de 140 caracteres! Alguem lê? O que é leitura? Ah sim, uma forma arcaica de comunicação, na era da “interação com a informação”....
Enfim, a razão (que me vem a cabeça) do porquê tal projeto nunca foi posto em prática (“to share is to life”) é porque creio que faz pouco tempo que percebi que não há necessidade nem de uma auto-analise profunda, nem de um tratado sobre a vida cosmopolita-globalizada-líquida (adoro o conceito da vida líquida de Zygmunt Baun – é assim que se escreve mesmo? Será que checo ou não checo? – Ops, não checo, pois estou dentro de um avião OFFFFF LINE que horror! Não posso perguntar pra Deus Google, onisciente, onipresente. Tampouco descobri que não há necessidade de “estruturar”, ou seja, escrever uma introdução, um desenvolvimento e um fim, ou, mesmo não sendo assim, que existam hiperlinks lógicos entre os assuntos.. Ou talvez isto tudo seja necessário, e até desejável, e eu simplismente não estou A FIM! Talvez seja esta a grande descoberta...Sense & simplicity... já diz a propaganda mais esperta que eu já vi). “Just do that” – já orientava outra grande propaganda... Pronto, Philipps e Nike eleitas como os ícones do dia para mim. Keep it simple & Just do that. Serve até para o título. Talvez a grande pergunta seja o que é afinal o IT e o THAT destas frases. Se alguém algum dia conseguir defini-lo(s)(la)(s) por favor me avisem!!
Entao ta, o avião vai aterrisar daqui a pouco (Paris-Amsterdam, mas poderia ser RJ-SP, nao sei se a diferença seria muito grande), e nem de longe comecei a discorrer sobre UM assunto que seja... Uma coisa meio Seinfield falar sobre o nada, mas pelo menos já defini um objeto indefinido sobre o que escrever – o IT e o THAT acima.. Mas tem tanta coisa... Poderia ser sobre quem sou eu? (um mini-curriculo, que seja, vai que um headhunter acaba lendo este blog...ou alguem do linkedIn), sobre minhas aspirações amorosas (vai que arrumo o príncipe encantado aqui).. Poderia ainda falar justamente sobre o que é ser um gay-SaoPaulo-seculoXXI (ou tentar definir isto).. Ou falar sobre a fauna e a flora corporativas, ou sobre a vida globalizada de um pos-yuppie-alwaysconnected (chegando em Paris hoje a primeira coisa que fiz foi falar com um amigo a 8 fuso-horarios de distancia)... Ou, cereja do bolo ou cerne da questao, sobre a liberdade e a solidão advindos disso tudo..
OK.. Acho que já deu pra ter um pouquinho de idéia... Consideremos apenas o começo. Agora vou lá senão a comissária de bordo me joga do avião.. FUI.

terça-feira, 24 de março de 2009

Já estou de casa nova… Escolhi o primeiro apartamento que vi na Internet. Apesar de ter visto apartamentos e casas boas e ruins, fiquei com aquele local que tinha visto só por fotos na cabeça.... Quando o vi ao vivo, conclui que era o local certo.

E como era de se esperar, ele está mais prá Tate Modern do que prá British Museum... Mesmo em Cuernavaca onde tudo é velho e feio...

Foi engraçado ter de comprar quase tudo prá um apartamento em um final de semana... Imaginem que sou o primeiro morador e ele veio com geladeira, fogão, sofá e mesa (de mau gosto) e uma cama... O resto, TUDO por minha conta... Fui exatas 12 vezes a diferentes lojas e supermercados... Mas já tenho ralador, saca rolha, cerveja e amendoim... entao, digamos que estou praticamente vivendo numa casa normal com o basico prá sobrevivência...

Sempre pensei em comprar móveis na Artefacto e utensílios na Suxxar ou Spicy para minha casa... Como estou aqui provisoriamente, não quis gastar dinheiro e comprei tudo no Sam´s Club, Wall Mart, Home Depot e afins... E foi uma grata surpresa.

Depois que coloquei tudo no lugar comecei a pensar onde está com a cabeça alguém que compra Cristais Baccarrat... Ou onde eu estaria com a cabeça ao comprar móveis na Artefacto.

Foi engraçado... Sempre almejei ter o melhor em minha casa. Depois dessa experiência, tudo mudou... Meus copos são ótimos e custaram R$ 50 reais 8 deles... Meus jogo de jantar que tem todas as pecas custou menos de R$ 100... Enfim... tudo que comprei não quebra, não solta alca e vai me atender perfeitamente... E não custou caro... E prá que compraria diferente?

Não sei se esse tipo de alteração de valores está vindo com a idade ou simplesmente com a necessidade cada vez maior de gastar ou economizar dinheiro... de qualquer forma é bem vinda e espero que seja duradoura...

Ademais, coloco algumas fotos do apartamento prá ver se ao menos alguém fica com água na boca e vem me fazer uma visita...

Prá terminar, digo que vai ser difícil viver sem um closet daqui por diante... De repente a reação que a Carry Bradshaw teve ao ver seu closet novo passou a ter algum sentido. Prá quem é neurótico assumido, ver todas as camisas penduradas viradas pro mesmo lado em ordem de cor com cabides iguais trouxe algum prazer...

P.S. Eu ia tirar fotos prá postar junto com o texto, mas recebi a visita de Murphy e deu uma chuva aqui que deixou meu prédio sem energia...posto depois... :-(