domingo, 31 de julho de 2011

Domingo

"Confio na minha capacidade de desistir das pessoas por mais que eu demore em fazer isso."
Sonia Rodrigues


Preguiça de tudo e nem o blog escapa. Tive uma semana muito estranha e conturbada, e no meio de tudo ouvi uma tirada ótima, pura filosofia digna de ser repassada na FFLCH.
Vou reproduzir aqui admitindo que sou muito mulherzinha mesmo, "toda mulher vem com dois assessórios originais de fábrica: insegurança e ciúme".
Falar o que, né? O rapaz foi bondoso e deixou de fora a celulite e TPM, mas ninguém é perfeito mesmo!!!
Bom domingo. E aos baurucos amados que estão em Bauru, felicitações e aproveitem o feriado!



sábado, 30 de julho de 2011

Andy Warhol: o endiabrado

Era um artista e acho que isso é do conhecimento de todos. Ninguém sabe quando nasceu, pois mentia sempre. Começou a carreira como designer e não foi revolucionário, mas tinha enorme percepção do mundo ao seu redor. Considerado o único artista verdadeiramente pop dançou conforme a música do mass midia e acompanhou as transformações ocorridas na arte contemporânea. Não criou nada e manejava a arte com um sexto sentido apurado captando antes que qualquer artista as novas correntes, enfim os anseios da sociedade. Sua estratégia artística tinha aspectos subversivos.Invertia o princípio dos modelos de quadros únicos dirigidos aos diletantes, recorrendo a fabricação em massa, destruindo dessa maneira o prestígio do original. Usou a serigrafia juntando-a com tinta acrílica. Embora as séries pareçam iguais, pois o motivo/assunto está repetido, as telas se diferenciam através da proporção, uso diferenciado da cor, sobreposição de figuras, espaços vazios ou em preto e branco, tornando-as diferentes.
Warhol representou o famoso modo de vida americano e seu trabalho revela - indiretamente - um embate interno entre vida e morte. Pintou sua primeira Marylin Monroe poucos dias depois da morte da atriz declarando, na ocasião, que seu interesse era a beleza. Apoiado em noticias de jornais revelou catástrofes aéreas, cadeiras elétricas, acidentes de carros e fez uma quantidade enorme de retratos da viúva Jackie Kennedy combinando momentos felizes com o rosto triste que aparecia no enterro do marido. Ele foi amado e odiado com a mesma intensidade, razão pela qual acabou sofrendo dois atentados. Na primeira, os tiros acertaram a série MM, na segunda, recebeu tiros pelo corpo e ficou hospitalizado por dois meses. Morreu jovem, de infecção hospitalar, uma ironia, não é?
Os sociólogos do futuro vão encontrar muitas informações sobre a civilização moderna do final do século vinte simplesmente analisando a obra de Warhol, que mesmo sendo ficção, era a mais pura realidade, e que realidade!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mistério à Beira Mar - IV


- Preciso voltar! Preciso vê-los.
- O que houve, Baptista? Parece-me alterado. Algo deve tê-lo afetado.
- Sim, prezados, reconheço ter-me perturbado. Este dia ameno, encoberto, as árvores tão verdes, a agradável companhia e a sensação de estar no final da vida perturbaram-me mais do que gostaria.
Manteve o silêncio por alguns instantes, em seguida continuou:
- Explico-lhes: fiz parte deste coro, era primeiro tenor. Num encontro de corais conheci Inkeri, uma soprano perfeita que participava de um coro feminino. Nosso enamoramento foi imediato. Em poucos meses estávamos casados. Vivi na Finlândia por trinta anos, tive filhos, envelheci. Com mais de cinquenta anos decidi retornar ao Brasil. Inkeri acompanhou-me, apesar do sofrimento. Lembrar-me daquele período afeta-me bastante.
- Mas voltaram por opção, você sempre poderá voltar, seus filhos vieram também? Talvez possa fazer essa viagem com um dos filhos ou com um neto... Certamente deixou amigos por lá -
Disse afetuosamente Azevedo e colocou o braço nas costas do novo amigo. Podia-se perceber uma intimidade crescente entre eles. Que privilégio o meu, presenciar o nascimento desta amizade!
- Dois filhos estão aqui, no Brasil: Jarvi e Joki. Minha filha Jaakkina ficou lá, está casada com um finlandês. São todos independentes e pouco nos vemos, mesmo com os daqui... há uma distância intransponível após a morte da mãe.
Arrependi-me quase de imediato mas, atrevidamente, já formulara a pergunta:
- O que houve?
Azevedo olhou-me parecendo censurar minha ousadia.
- Atribuem-me a culpa.
- Culpa de quê? Da morte de sua esposa? Por que, o que aconteceu? Azevedo olhou-me novamente agora francamente aborrecido com essa curiosidade.
- Dizem os antigos que não devemos transplantar árvores velhas e, por extensão, nem os velhos devem mudar de lugar. Morrem. Inkeri não se adaptou ao clima tropical. Inversamente do que acontece com a grande maioria, o Sol a deprimia, precisava evitá-lo por problemas na pele, nossa casa vivia fechada. Um dia a encontramos morta.
- Morte natural? – Pela terceira vez Azevedo censurou-me

domingo, 24 de julho de 2011

Ontem morreu Amy Winehouse


O mundo estava tão habituado a ter Amy nos tablóides todos os dias e o dia todo que fiquei sabendo de sua morte pelo telefone quando uma amiga ligou e disse: a Amy morreu. Assim mesmo como se a Amy fosse nosso vizinha de bairro ou ex-colega de academia.
Amy Winehouse surgiu soberada em 2003, aos 21 anos com Frank, seu cd de estréia e se firmou como artista como o lançamento do irretocável Back to Black em 2006. Mas ficou mesmo mais conhecida do grande público por sua notória fama de dar bafão por onde passasse.
Era uma menina de Camden Town com um talento imenso e sem nenhuma direção, sucesso tão jovem logo foi vítima da imprensa mais agressiva e destrutiva do mundo. Há alguns anos, quando estive em Londres, cidade em que os tabloides são distribuídos de graça em duas edições diárias nas ruas, fiquei desconcertada com a quantidade de novidades diárias que eram capazes de produzir sobre a artista.
Enquanto Lily Allen fazia graça saindo semi alcoolizada de um pub em seus sapatos Chanel, Amy era vista comprando crack em Camden Lock. Enquanto Adele passeava no parque comendo um wrap de queijo, Amy visitava seu marido encarcerado. Todas musas, todas inglesas, todas vítimas da imprensa, somente única com uma inata e óbvia incapacidade de lidar com o sucesso, o dinheiro e a invasão constante. De todas, Amy sempre foi a mais perseguida pelos paparazzi e a que mais rendeu dinheiro aos tablóides.
Recentemente li um livro que disseca a indústria da música no mundo contemporâneo, a indústria hoje definitivamente não é mais a mesma de Frank Sinatra ou mesmo a que abraçou os grunges nos anos 90. A indústria de hoje gere e digere carreira, como podemos tão de perto presenciar com a ascensão e queda e reascensão de outra vítima da imprensa que também rende aos tablóides, Ms. Britney Spears.
E porque Ms Spears, mesmo quando todos acreditavam que era seu fim, foi capaz de se reerger e lançar mais um hitmaker e uma turnê esgotada por onde passa, mesmo após bater em um paparazzi, perder a custódia dos filhos, ter um dicórvio escandaloso e ser internada em um sanatório? E por que o mesmo não podia acontecer com Amy?
Porque a contrário de Britney, cercada pela sua gravadora que ainda tem muito interesse em que a artista seja o canal produtor de sucessos e renda, Amy era uma artista. Britney faz o que lhe mandam e Amy sempre fez o que quis. Não que Amy fosse uma santa, mas mesmo tendo problemas pessoais era aquele tipo de artista no sentido mais tradicional da palavra, que sofre, que produz música por necessidade de comunicação, que tem inspiração e transpiração e não para estar nos charts da Billboard. Amy morreu por ser uma artista e uma menina despreparada para lidar com todo o seu talento e o rolo compressor da fama, foi morta pelo seu maior desejo, o de ser musa da música R&B, fazer mágica no soul, fazer história na música e por seu descontrole emocional. Amy Winehouse deixa como legado dois cds incríveis e a vontade no público de ter mais.
Em Janeiro, fiz questão de ver seu show em sua passagem pelo Brasil, mesmo todos dizendo que ela estava por baixo, e não me arrependi. No show, um festival equivocadíssimo e cheio de curiosos, a platéia mais sensível teve a chance de ver uma diva, uma artista frágil e tímida mas de um talento absurdo. E essa é a Amy que vai fazer falta no mundo da música.

sábado, 23 de julho de 2011

"Não faça ao próximo aquilo que não quer que façam a você..."

A frase é atribuída a Hillel, sábio judaico, que ao proferi-la completou: isso é a Torá, o restante são comentários. Vá e estude. O judaísmo é uma religião. Dele surgiram o cristianismo e o islamismo. Porém, o judaísmo é uma cultura, uma civilização, um povo unido por ideais comuns. Por incrível que pareça um judeu continua sendo judeu, mesmo não observando nenhum dos preceitos da lei hebraica. O judaísmo é um fenômeno complexo composto de religião, vida social, econômica e política, onde tudo se concentra na esfera de interesse da Halaká, lei que regula essa interconexão abrangendo mais de quatro mil anos e garantindo a continuidade entre história antiga e moderna.
Por quase dois mil anos o povo de Israel viveu espalhado pelo mundo, na diáspora, palavra grega que significa dispersão. Foi a partir dos anos 70, com a destruição do segundo templo pelo imperador romano Tito que essa peregrinação teve início. Parte, dos judeus, ficou na Galiléia, conservando vivo o laço com a terra de Israel, mas a grande maioria se dispersou, procurando manter intacta a própria identidade coletiva. No Oriente, a Babilônia continuou sendo o local preferido dos judeus fora de sua pátria. No Ocidente estavam presentes na região do Mediterrâneo, como Portugal, Espanha e Itália. Existe uma característica comum nas comunidades judaicas: o gueto.
Tratava-se de uma imposição, pois a noite ele era fechado e a entrada guardada. Um dos primeiros guetos foi o de Roma, em 1555, seguido pelo de Veneza e significou uma separação rigorosa entre judeus e as populações ao seu redor. Ali eles deveriam viver e trabalhar, sem que pudessem ser donos de suas casas e obrigados a exibir um sinal que os tornasse reconhecíveis quando se encontravam fora de seu ambiente. Não muito diferente da vida nos guetos era o mundo dos judeus da Europa Oriental, onde viviam em aldeias submetidos aos senhores feudais. Esse grupo falava um dialeto, o iídiche, uma mistura de hebraico e alemão. Nessas comunidades apareceu um movimento designado como hassidismo que se propunha difundir o misticismo do rabino Israel Baal Shem Tov baseado na Cabala e na força religiosa dos justos. Ele dizia que para ser um bom judeu não era necessário ter uma profunda cultura hebraica. Os lideres religiosos se opunham a essa posição alegando que apenas o estudo das leis podia despertar no homem a alegria de viver. Paralelamente, outro movimento, o Haskalá, pregava a assimilação com a cultura ocidental e parte de seus valores. Ao provocar uma crise, o grupo conseguiu resultados importantes, como a formação de uma literatura hebraica moderna, o amor por Sion e a vontade de retornar a Israel. Embora, o racismo sempre tenha feito parte da vida dos judeus, dessa época em diante as posições ficaram mais claras e o racismo mais escancarado. O caso Dreyfus demonstrou o quanto era efêmera a ilusão de emancipação desse povo. Depois, vieram o fascismo, o nazismo, enfim tudo aquilo que vocês sabem até 1947, com o reconhecimento pela ONU do Estado de Israel. Nesse segundo semestre os palestinos pretendem o mesmo. É esperar para ver qual o comportamento dos membros da ONU em relação à justa pretensão dos vizinhos de Israel.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Seis, quase sete...

No dia 31 de outubro de 2011 – segundo a maioria das previsões demográficas - nascerá um bebê, em algum lugar do mundo, que será o sétimo bilionésimo ser humano vivo no planeta. Não sabemos seu nome, nem mesmo o país em que nascerá, mas há 70% de probabilidade dessa criança vir ao mundo em um país pobre, e com baixos índices sociais e expectativa de vida. A chegada de nosso colega de número sete bilhões, contudo, em si não diz muito, sendo na verdade apenas um marco simbólico: não pensamos todos os dias de manhã que naquele mesmíssimo dia 218 mil pessoas a mais dormirão em suas casas (ocas, barracos, pontes e sarjetas) em todo o planeta (taxa de crescimento diário). O incremento quantitativo da população não é facilmente percebido pela humanidade, sendo constatável muito mais pela confusão na plataforma do metrô do que pelo aumento do preço do trigo. Nossos sistemas de organização (jurídico, político) não assimilam muito facilmente as conseqüências do aumento da população, muito embora as conseqüências sociais existam e tenham impacto relevante, ainda mais em países ou áreas pobres e com baixo desenvolvimento social.

Há, entretanto, um problema: falar sobre os problemas do crescimento vertiginoso da população mundial nos últimos tempos (de três bilhões em 1950 para sete bilhões em 2011) parece muitas vezes mais feio do que bater na própria mãe. É como se tocar nesse tema pudesse acordar certos monstros: legalização do aborto, controle da natalidade e até critérios econômicos para a reprodução responsável (algo como uma eugenia dos ricos). De fato, algumas coisas podem parecer terríveis, como condicionar o direito à reprodução ao preenchimento de certos critérios econômicos objetivos. Mas, em contrapartida, não podemos esquecer que considerar o matrimônio como condição para a procriação (como faz a Igreja de Roma) é algo muito semelhante.


Muito foram os homens que, ao longo dos séculos, manifestaram-se sobre os riscos da superpopulação. O mais famoso deles foi Malthus, um economista e pastor britânico que afirmava que a população sempre aumenta mais rápido do que a produção de alimentos, o que gera inevitavelmente fome em larga escala (pra não dizer uma considerável inflação no preço das commodities). Mas a subpopulação também já foi um problema econômico-filosófico: basta lembrarmos o fato de a “família” ter sido durante milênios a organização humana produtora de gêneros por excelência, tendo se tornado nos últimos quatro séculos cada vez mais um núcleo humano de consumo. Essa mudança radical no papel da família, além de modificar o ethos (espécie de síntese de costumes e valores de um determinado povo), também pode ser vista como uma das responsáveis pela gradual aceitação de casais homoafetivos como núcleos familiares, independentemente da capacidade reprodutiva.


Para exteriorizar minha opinião sobre o tema, valho-me da arte, pois acredito que não se possa ter uma opinião definitiva sobre o tema justamente pelo fato de a interpretação das conseqüências da expansão populacional não serem óbvias e dependerem do contexto histórico e tecnológico. Visitei no dia 05 de julho a exposição “6 bilhões de outros”no MASP (www.6milliardsdautres.org/index.php). O trabalho era composto por cerca de cinco mil entrevistas realizadas em 76 países diferentes, nas quais pessoas comuns respondiam a questões fundamentais para a humanidade como “qual sua primeira lembrança?”, “você se sente livre?” e “você tem alguma mensagem para os outros 6 bilhões de humanos?”. E podia-se ver ali uma infinidade de respostas, das mais singelas às mais profundamente elaboradas. Mas em todos os casos – do pescador brasileiro ao agricultor afegão, passando pelo executivo de Wall Street – os homens e mulheres que ali estavam eram únicos e maravilhosos. Isso mostrou para mim que, ao contrário das outras coisas, o ser humano não segue o caminho de uma moeda desvalorizada pela inflação: nós não perdemos nosso valor intrínseco pelo simples fato de haver muitos de nós. Essa constatação – a da divina singularidade do homem – acaba me impedindo de assumir posições radiais. Desta vez, eu fico em cima do muro, muito embora, racionalmente, sete bilhões seja um número absurdo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Terceira Parte

- Já viajei muito – disse Baptista – sem orgulho posso afirmar-lhes conhecer muito bem o Prado, o Louvre e o Hermitage, o Reina Sofia apenas conheço, e outros tantos que deleitaram-me na juventude. Já não mais poderei caminhar por horas naquelas galerias. Valem-me as memórias.
- Faz-me rir, o que afirma, andamos por idênticos caminhos. Talvez tenhamos nos encontrado em algum momento.
- Então, você também gosta de arte? Perguntei.
- As sete fascinam-me. Acreditam que eu tenha me deslocado a Hämeenlina, na Finlândia, para apreciar com meus próprios olhos o que viu Sibelius em sua infância? Pura paixão...
- Encanta-me falar em paixões, retrucou Azevedo. Já fiz loucuras por paixão.

Parou repentinamente de falar e refugiou-se nas memórias. Baptista caminhava com a cabeça baixa parecendo assistir a um filme projetado no piso da calçada. Respeitei o silêncio dos dois observando-os e imaginando a carga de lembranças que têm os idosos. Eu, com pouco mais de trinta, via-os como documentos históricos.
- Sibelius, um grande e complexo compositor... Não é dos meus prediletos – disse Azevedo.
- Gosta de Vivaldi, certamente.

A música erudita não é meu forte e o assunto estava me deixando no ar, talvez até assustada pela possibilidade de me perguntarem algo a respeito. MPB, um pouco de jazz, umas pinceladas de ópera mas de Sibelius nunca ouvira falar, de Vivaldi um pouco. Me surpreendi com a risada dos dois.
- Acertou em cheio, caríssimo. Vivaldi leva-me à paz. Não há angústia em suas composições, diferentemente de seu estimado Sibelius.
- Os filhos cuidaram para que eu tivesse uma boa estada aqui, deram-me este equipamento, MP4, com minhas gravações prediletas. Conhece estes compositores, senhorita Júlia?

Pronto, chegou minha vez.
- Alguma coisa de Vivaldi. De Sibelius nada. Desculpem a franqueza mas nem sequer seu nome eu conhecia, sinto-me envergonhada.
- Minha jovem, os tempos são outros... Há muita informação à disposição através dos meios de comunicação, hoje todos sentem-se obrigados à leitura de vários jornais, há a Internet, manter-se atualizado exige que se gaste algumas horas à frente da TV, trabalha-se muito... Não se constranja, não há tempo suficiente para tudo que se deseja. Nós vivemos em época mais tranquila, ouvia-se rádio e vitrola... Mas, se os quiser conhecer tenho aqui gravações. Tento manter-me atualizado com alguns destes dispositivos. Sentemo-nos neste parque, terá prazer em ouvir. Esta música chama-se Finlândia executada por coro masculino, vozes magníficas, o Pendyrus Male Choir.

A música maravilhosa reverberou sob as árvores. Senti os olhos úmidos.
- Que lindo!
- Muito sensível.
Colocou sua mão sobre a minha, numa intimidade até certo ponto surpreendente. Azevedo sorriu e comentou sobre o prazer de ter me encontrado.
- Diga-me senhorita Júlia: é uma apaixonada?
- Bom, eu sou meio empolgada... De vez em quando alguma coisa me fascina e eu mergulho de cabeça.
Baptista estava visivelmente alterado, parecia agitado, a placidez desaparecera.