sábado, 25 de abril de 2009

Cinema e Sociologia – relações tortuosas

O cinema e a Sociologia mantêm um diálogo proveitoso ao longo de suas vidas. O cinema relaciona-se com o tempo e a memória, com a imagem e o imaginário, enquanto a Sociologia reflete sobre as relações entre a cultura e o ser humano. Bem vindos ao paraíso... Brincando nos campos do senhor... O Encouraçado Potemkin... Façam suas escolhas, comprem pipocas, algodão doce, coca-cola ou o que preferirem, pois está aberta a temporada de caça aos filmes provocadores. A intenção é buscar quais as relações tortuosas, mas relações, entre o nosso dia a dia e as questões levantadas a partir da exibição. Alguns filmes provocam um pós-silêncio, mas a negociação de uma discussão depois de digerida a informação está valendo. A arte do século XX e mais precisamente a sétima arte tem grande capacidade de auto-reflexão. A metalinguagem, uma linguagem usada para descrever algo sobre outra será o elo entre espectador/obra.
Só para refrescar a memória, um breve histórico da imagem:

1870 – Muybridge demonstrou através de fotografias, que as patas de um cavalo galopando ficavam suspensas no ar.

1882 – Jules Marey conseguiu construir um aparelho que permitia a produção de imagens em movimento.

-- Imagem fílmica é projeção de fotogramas separados por faixas pretas. (processo fotográfico)

-- Imagem videográfica é gravada por varredura eletrônica (suporte magnético)

Para a Sociologia o cinema é um instrumento de observação, de transcrição e interpretação de realidades sociais diferentes. A percepção de que a obra cinematográfica não é um simples jogo individual sem conseqüências podendo transformar o destino das sociedades é apenas um dos aspectos da questão. O outro é que ela faz parte do estilo de vida de uma época, de sua concepção de mundo, de sua liturgia de ação. Querem um exemplo?

No começo do século XX o futurismo apareceu, em oposição ao cubismo, influenciando toda a Europa. Os parisienses apelidaram-no de cubismo caipira devido sua origem italiana. Discussões a parte, como estudo do movimento explosivo, nenhuma cena é mais poderosa que a de Odessa Steps em Battleship Potemkin onde as tropas russas marcharam descendo em direção ao cais do porto atirando na multidão aglomerada a espera dos marinheiros rebeldes do Encouraçado. Uma das imagens memoráveis é a de um carrinho de bebê, solto sem controle, pulando escada abaixo acompanhando a marcha rítmica dos soldados. Quem nunca viu tem de assistir pelo menos uma vez... e depois rever Os Intocáveis.

Pós-silêncio? Continuem calados meditando sobre a frase do Manifesto Futurista “declaramos que o esplendor do mundo foi enriquecido por uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um carro correndo como se fosse uma metralhadora é mais bonito que a Vitória de Somotrácia.”

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