sábado, 4 de abril de 2009

Sonhei com o mundo fantástico de Bosch

Marx nunca trabalhou vivendo da herança recebida do avô e depois dependente economicamente de Engels. Talvez por isso tenha se preocupado tanto com o capital, dos outros, bem entendido. Declarou que a existência de um homem definia sua consciência. Traduzindo: do modo como uma pessoa vive deduz-se a maneira como pensa. Xi, eu não sei por que estou escrevendo isso. Vejo muita televisão, em conseqüência, estou sofrendo do consumo abusivo de pipocas e tendo alucinações.
Noite dessas sonhei com um país onde se come churrasco bebendo vinho. O rei tinha cara de sapo e as visões eram dantescas. Parecia quadro de Bosch. Nesse lugar ocorriam fatos estranhos, mortes mal explicadas, roubos, fraudes, violação dos direitos individuais, dinheiro dentro de cuecas, testemunha transformada em réu e ironia das ironias: o reino dando uma província e uma estatal de presente para o vizinho, enquanto a depressão econômica se instalava.
Como Erich Fromm, meditei: o perigo para uma nação não é o sádico, mas o homem comum com um poder extraordinário. Vamos aos fatos. Havia um fraudador, acusado de idealizar um esquema de corrupção, usando todos os recursos para se safar do crime. Acabou fora de corte e vaiado pelos estudantes que comem pão de queijo. O mandarim colocou as barbas de molho, passando a discursar em linguagem artificial e ambígua afirmando ser o único homem decente do reino, cujo nobre objetivo é transformar a monarquia em república socialista. Como Lênin ou Stalin? Para alcançar a meta, os meios transformaram-se em necessidade divina, e os métodos empregados são medievais. Pensei em Maquiavel, coitado desse bom homem tão mal falado. Contou o que viu e ouviu, passando para a história como o pai de todas as maldades.
No sonho vozes dissonantes manifestaram-se desencantadas. Só os intelectuais calaram. Crescente revolta tomou conta de muitos e uma ovelha desgarrada deu até bengalada... O povo riu. Esse riso pode ser o começo do fim. O escolado parlamento percebeu algo e dispensou todos os diretores, dentro da lógica vão-se os anéis, ficam-se os dedos. Afinal, nunca se viu tanta corrupção. Enquanto isso aquele que nada vê e não sabe de nada luta para se perpetuar no poder, continuando com sua atitude de fuga do real. Não do vil metal, da realidade. Parte da população não acredita na possibilidade de um governo honesto, pois está presenciando os acontecimentos sem que haja responsabilidade maior. Todos são inocentes! As normas afrouxaram e os valores tremeram. Aliás, nem mesmo existem nessa terra de ninguém, onde a ética e a etiqueta foram demitidas. Nesse mundo fantástico o vale tudo é comandado pelo tudo é relativo. Culpa do Einstein... Acordei com este cientista maluco mostrando-me a língua... Eu juro, nunca mais vou comer pipocas.

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