segunda-feira, 11 de maio de 2009

PEQUENOS SUICÍDIOS

A liberdade, gera no homem a angústia que pode levá-lo, de várias formas, ao desespero Então, cada decisão é um risco, o que deixa a pessoa mergulhada na incerteza, pressionada por uma decisão que se torna angustiante. No modo de vida estético, ele escolhe fugir dessa angústia e do desespero através do prazer e de buscar a inconsciência de quem ele é. Outra forma de fuga é ignorar o próprio eu, tornar-se um autômato, apegar-se a um papel, como no modo de vida ético (Kierkegaard)


A vida é dramática mas não obrigatoriamente trágica. Tragédias? nós as criamos.
No drama na escolha, a opção por um caminho significa o abandono do outro. Pode-se, então, lamentar a perda ou rejubilar pela opção. Nesse momento é gerada a tragédia. Quantos indivíduos conhecemos que apegam-se às perdas!

Renúncias são alimento dos pequenos suicídios, desde as mais tolas como não comer o último pedaço do bolo por educação (existe postura mais correta?), até o mais alto nível de sofisticação que se possa imaginar.
A sabedoria popular diz: “feliz do bambu que se curva ao vento e não quebra”. Quanto mais flexíveis formos menor número de suicídios cometeremos?

Os pequenos suicídios matam partes imateriais do ser. Ao abrir mão do querer, morre-se um pouco. Ferir-se a si mesmo dói mais do que ser ferido pelo mundo. Esse auto-flagelo pode ser constituído por atitudes inocentes, não identificadas como contribuição para a própria dor, ou também ser imputado ao incauto mais próximo negando-se a auto-destruição.

Separar-se da atitude suicida ou sempre voltar os olhos para o não?
Ser a cobra engolindo o próprio rabo, criar o círculo do infinito...o eterno retorno do sofrimento ou não?

3 comentários:

Anônimo disse...

Magníficoooo!!!Como vc escreve bem.

rggabrielli@gmail.com disse...

Como não posso agradecer nominalmente, senhor anônimo, agradeço por este canal. Palavras de incentivo fazem muito bem ao escritor.

Anônimo disse...

Ao passar do tempo, observei que as pessoas que vivem muitos anos, dificilmente abrem mão do seu querer. E, por não quererem abrir mão do seu querer, não morrem minimamente, nem tampouco antecipam a dança com os anjos. Elas não portam códigos éticos como insinua o filósofo, apenas fazem questão de não renunciar ao próprio querer. Os suicídios parciais provam o desperdício do querer próprio. A escritora disse algumas verdades.