sábado, 18 de julho de 2009

Apocalipse brasileiro

Dia desses vi um filme de titulo Apocalypto, cujo roteiro é de Mel Gibson. Trata-se de uma metáfora empregada em relação a um fato ocorrido antes da descoberta da América. Apocalipse é o termo usado para designar uma revelação teológica. Embora diversos textos tenham sido escritos sobre esses acontecimentos futuros, em geral, a referência é feita ao livro de João Evangelista. O filme possui uma beleza plástica imensa. O trabalho foi realizado no México e conta uma história referente aos maias. Essa civilização possui uma rica história de 3000 anos e contrariando a crença popular eles não desapareceram. Muitos vivem na mesma região e falam um dialeto da língua original. Os maias desenvolveram um império baseado na agricultura e no comércio do jade, do cacau, do sal e da obsidiana, uma espécie de vidro vulcânico. Os monumentos mais notáveis são as pirâmides e os palácios. Sua arte é considerada como a mais sofisticada e bela do Novo Mundo antigo. No centro das cidades existiam grandes praças rodeadas por edifícios governamentais e religiosos. Possuíam uma escrita combinada com elementos fonéticos e ideogramas. Foi designada de hieroglífica por sua vaga semelhança com a do antigo Egito. Os livros tinham páginas semelhantes a um cartão, feitas de um tecido sobre o qual aplicavam uma película de cal branca. Aí eram desenhados e pintados os caracteres e ilustrações. Mel Gibson mostra uma pequena tribo maia em estágio neolítico, vivendo em uma floresta tropical perto do mar. No decorrer do relato vamos percebendo que eles estão sendo explorados e dizimados pelos próprios maias, uma sociedade em decadência, antes mesmo do contato com os descobridores europeus. O jovem índio, herói do filme, é feito prisioneiro e consegue fugir impelido pelo amor devotado à sua família. Como conta a história, os maias – podres e corrompidos por dentro – acabaram como civilização.
Apocalypto nos remete as questões escatológicas do livro canônico de João. Os cavaleiros do Apocalipse são: fome, peste, morte, guerra, presentes no filme e no nosso dia a dia. Basta voltar à atenção para Brasília e lá estão: a fome pelo poder, a peste da corrupção, a morte da ética, a guerra suja pela permanência em qualquer cargo, da presidência do Senado a faxineiro do mesmo prédio. Esses “homens exercem seus podres poderes” corrompendo e sendo corrompidos, roubando e sofrendo chantagem, como o empresário do sexo em São Paulo ameaçando políticos com dossiês ilustrados, enquanto a população fica indiferente em relação à incompetência e ao mau procedimento do governo. Tal e qual a sociedade pré-colombiana, a brasileira vive o momento de triunfo do embuste. Assim como a cúpula maia, a política nacional chegou a seu nível mais baixo deixando de ser um embate de idéias e projetos para tornar-se uma disputa de poder ou um balcão de negócios. Lá e cá com anos de diferença tudo é igual. O objetivo dos maias era a construção de pirâmides, a meta no Brasil é mobilizar e financiar grupos por intermédio do Estado. Ambas as civilizações conjugando o verbo barganhar. As denúncias de corrupção ativa e formação de quadrilha deveria ser motivo de apreensão no Palácio da Alvorada. Mas, como todos os ministros do Supremo são nomeados pelo presidente é de se esperar que tudo acabe em “pizza”. Analisando os acontecimentos eu pensei: assim como os maias, os brasileiros vão acabar sob o domínio surreal da ilusão, da loucura, das sombras obscuras e do horror.

Um comentário:

Rosa Leda disse...

Magnífico!