sábado, 8 de agosto de 2009

FRANÇA-BRASIL

As relações diplomáticas entre o Brasil e a França começaram oficialmente com a transferência da família real portuguesa para o país, em 1808. Porém, a França sempre inspirou o país em termos culturais, mesmo antes do grupo que compunha a Missão Francesa chegar ao Brasil, em 1816, para instalar a Escola Imperial de Belas Artes. Após a proclamação da República, os artistas brasileiros continuaram a freqüentar os salões oficiais de arte e serem influenciados pelas novas correntes artísticas, de Elizeu Visconti passando por Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade a Ernesto Neto e Chico Buarque de Holanda. Em relação aos modernistas, a busca de informação atualizada ocorreu através de diálogo com a vanguarda européia, em termos de igualdade e não mais de discípulo versus mestre. Eram as idéias do final do século XIX dando frutos.
Durante os anos 60 Charles de Gaulle visitou o Brasil, pois havia um desejo da França de se reaproximar das nações em desenvolvimento.
Nessa época, Henri Doublier veio ao Brasil a convite de Person de Mattos para um trabalho no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Encantou-se com o país. O Ministério da Cultura e a Association d’Action Artistique iniciaram um intercâmbio cultural entre os dois países. O fato permitiu que o jovem diretor pudesse concretizar a descoberta, pelo público carioca, de obras consagradas ou inéditas do teatro lírico francês. Em contrapartida autores brasileiros foram divulgados por Doublier na Franca, entre eles Manuel Bandeira e Dias Gomes. Traduziu O pagador de promessas (1973) em forma radiofônica e em forma teatral. Durante sua permanência no Brasil, trabalhou também com o compositor José de Almeida Prado e dirigiu Procópio Ferreira em O avarento. São fatos históricos e parece-me relevante salvar do esquecimento essas experiências de intercâmbio França/Brasil. Interessante ressaltar em relação aos anos 1960/70 que quase toda produção era uma visitação a textos clássicos e sua tradição formalista. Viviam-se os anos de chumbo dentro do Brasil e os a maioria dos artistas preferia não ousar, sendo uma das exceções à peça teatral Roda Viva. Após a ditadura o país iniciou um período de efervescência cultural que permanece até os nossos dias.

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