Era uma vez uma moça que sentia muito medo do mar. Adorava ir à praia, ficar deitada ao sol, ouvir o barulho das ondas, sentir a areia sob os pés. Entrar na água? No máximo até o joelho e enfrentar as ondas bravamente, ali, no rasinho.
Como era bonita havia muitos olhares em sua direção. Das mulheres invejosas, procurando celulite, das mulheres bondosas agradecidas a Deus por aquele colírio, dos homens moços pensando sobre como ela seria pelada e dos homens velhos pensando sobre como ela seria pelada.
Ela gostava muito desses olhares e carregava sua cadeira de praia por entre os guardassóis, para a beira d´água ficando ali de olhos fechados, sentindo cada poro aquecido. Tornava-se a cada dia mais linda.
Um dia um rapaz pediu que ela cuidasse de suas sandálias. Ela ficou observando seu andar e achou interessante. Viu que ele mergulhava furando ondas, viu a alegria dele, manifesta no sorriso tranquilo, quando passava a mão nos cabelos encharcados, e ficou pensando que talvez fosse bom conhecê-lo melhor. Ele veio pegar as sandálias e perguntou se ela aceitaria uma água de côco. Ela aceitou. No caminho ele perguntou por que seu cabelo estava seco.
-Não gosto muito do mar.
-Impossível, o mar é demais!
-Verdade! Quer dizer... gostar, eu gosto, é que...
Ela baixou os olhos, sem jeito, ele adivinhou.
-Você tem medo do mar! É isso!
Sorria abertamente olhando-a encantado. Ela não era deste planeta, tão linda, tão tímida, tão simples...como poderia ter medo do mar?
Voltando da barraquinha da água de côco ele fez o convite:
- Vem comigo! Disse, pegando a mão dela.
Ela sentiu-se valente, talvez faltara alguém para dar-lhe a mão até agora, alguém para estimular suas braçadas e mergulhos. Começaria hoje pensou.
Entraram felicíssimos na água. Ela agarrada naquele braço forte e bronzeado. Estava segura, ele seria seu salvador. A onda vinha vindo, crescendo, começando a branquear, mostrando que quebraria bem em cima deles, a água foi subindo... Foi aí que ele, esquecendo seu novo amor, pois que era um velho amante das emoções, largou da mão dela e furou a onda magnífica.
Ela gritou, engoliu água, afundou, engoliu mais, gritou mais e voltou. Ele estava ao seu lado sorridente quando conseguiu abrir os olhos.
- Não foi legal? Viu como é fácil?
Os soluços deixaram-na trêmula. Olhou para ele, viu que vinha outra onda, viu a mesma cena, já sabia o que iria passar, fechou os olhos e a boca, não gritou e não chorou mas bateu os pés e os braços. Quando viu novamente a cara dele sorridente ao seu lado, deu-lhe um solene tapa, foi caminhando para o raso aos trancos e barrancos ou aos tombos e ondas, fechou sua cadeira de praia, chutou as sandálias dele e nunca mais se viram.
Como era bonita havia muitos olhares em sua direção. Das mulheres invejosas, procurando celulite, das mulheres bondosas agradecidas a Deus por aquele colírio, dos homens moços pensando sobre como ela seria pelada e dos homens velhos pensando sobre como ela seria pelada.
Ela gostava muito desses olhares e carregava sua cadeira de praia por entre os guardassóis, para a beira d´água ficando ali de olhos fechados, sentindo cada poro aquecido. Tornava-se a cada dia mais linda.
Um dia um rapaz pediu que ela cuidasse de suas sandálias. Ela ficou observando seu andar e achou interessante. Viu que ele mergulhava furando ondas, viu a alegria dele, manifesta no sorriso tranquilo, quando passava a mão nos cabelos encharcados, e ficou pensando que talvez fosse bom conhecê-lo melhor. Ele veio pegar as sandálias e perguntou se ela aceitaria uma água de côco. Ela aceitou. No caminho ele perguntou por que seu cabelo estava seco.
-Não gosto muito do mar.
-Impossível, o mar é demais!
-Verdade! Quer dizer... gostar, eu gosto, é que...
Ela baixou os olhos, sem jeito, ele adivinhou.
-Você tem medo do mar! É isso!
Sorria abertamente olhando-a encantado. Ela não era deste planeta, tão linda, tão tímida, tão simples...como poderia ter medo do mar?
Voltando da barraquinha da água de côco ele fez o convite:
- Vem comigo! Disse, pegando a mão dela.
Ela sentiu-se valente, talvez faltara alguém para dar-lhe a mão até agora, alguém para estimular suas braçadas e mergulhos. Começaria hoje pensou.
Entraram felicíssimos na água. Ela agarrada naquele braço forte e bronzeado. Estava segura, ele seria seu salvador. A onda vinha vindo, crescendo, começando a branquear, mostrando que quebraria bem em cima deles, a água foi subindo... Foi aí que ele, esquecendo seu novo amor, pois que era um velho amante das emoções, largou da mão dela e furou a onda magnífica.
Ela gritou, engoliu água, afundou, engoliu mais, gritou mais e voltou. Ele estava ao seu lado sorridente quando conseguiu abrir os olhos.
- Não foi legal? Viu como é fácil?
Os soluços deixaram-na trêmula. Olhou para ele, viu que vinha outra onda, viu a mesma cena, já sabia o que iria passar, fechou os olhos e a boca, não gritou e não chorou mas bateu os pés e os braços. Quando viu novamente a cara dele sorridente ao seu lado, deu-lhe um solene tapa, foi caminhando para o raso aos trancos e barrancos ou aos tombos e ondas, fechou sua cadeira de praia, chutou as sandálias dele e nunca mais se viram.
2 comentários:
Divino, Rosa!
Um conto de fada contemporâneo:
solene, divertido e irreverente.
Adorei!
Obrigada pelas doces e incentivadoras palavras.
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