sábado, 21 de novembro de 2009

Coincidência ou não...

Calma, não vou descambar para o humor negro, nem criticar o governo, seria inútil. Fui criada na geração ditadura, quando as pessoas achavam que regime de exceção era ruim. Hoje isso não incomoda mais. Naquele tempo, alguns eram socialistas, outros pela democracia. Todos tinham em comum a esperança de ver o Brasil em desenvolvimento e além de Sartre/Simone adoravam Antonio Candido/Gilda; Ruth/Fernando Henrique. Hoje a gente tem histórias pra contar.
Essa divagação serve como introdução para fatos soltos, porém relacionados entre si. Primeiro foi o artigo do Thiago sobre Claude Lévi-Strauss e seu bom humor brincando com o nome Lévi e Levis, a calça. Ao mesmo tempo, recebi via internet, quadrinhos sobre uma personagem, denominada Inútil. Será com H? Uma gozação em cima do primeiro casal: Adão e Eva... Não, ela teve sua utilidade comprovada. Voltando de São Paulo, parei em um posto, onde havia uma locadora e pasmem, lá estavam reproduzidas fotos de alguns intelectuais brasileiros e lado a lado, Antonio Cândido e Caetano Veloso! Depois ganhei o Livro da Ruth, presente da D. Déborah. Em seguida, leio no JC que Fernando Henrique reconheceu o filho da discreta jornalista Miriam. Ainda bem que Ruth se foi. Pensei nela e na declaração: “o que me fez optar por ciências sociais foi o interesse por literatura e filosofia. Eu sou de Araraquara e lá eu conhecia, de maneira distante, as figuras de Antonio Candido e Gilda Mello e Souza, que me atraíam para esse lado.” A turma de 1949, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, reuniu a classificada em primeiro lugar, Ruth Corrêa Leite, Fernando Henrique Cardoso, Maria Sylvia Carvalho Franco e Octavio Ianni, no tempo em que os cursos de ciências sociais ficavam na Maria Antonia. No pequeno prédio os alunos partilhavam com os mestres franceses o entusiasmo das descobertas e desenvolviam um olhar crítico sobre os problemas do país. Ruth não se envolvia no cotidiano do movimento estudantil, pois estava lá para conhecer a realidade brasileira em profundidade e poder transformá-la. Em 1953, casou-se com Fernando. Ele analisava os processos culturais do ponto de vista da Sociologia, Ruth se dedicava a Antropologia. De certa maneira, os trabalhos se complementavam. Logo após o Ato Institucional 5, eles criaram o Cebrap com apoio da Fundação Ford, ao lado de Celso Lafer, Betty Mindlin, José Arthur Giannotti, dentre outros. O núcleo transformou-se em um dos principais redutos de resistência à ditadura. Histórias, quais são as coincidências? Lévi-Strauss como colega de Antonio e Gilda, professores de Ruth e Fernando, ídolos de uma geração idealista. A Miriam Coelho e a Miriam Dutra e seus comportamentos tão diferentes. O público e privado tudo misturado. No passado a vida particular de uma pessoa era respeitada. Vocês pensaram em Juscelino, eu também...
Coincidência ou não... uma história está se repetindo.



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