quinta-feira, 12 de novembro de 2009

lua

ela dança.
como testemunha, a luz do luar.
envolve a menina com uma aura de bem-querer.
quase feitiçaria.
os cabelos ondulam desejos.
antes deles, o olhar.
que a desnuda. passeia pela paciente pele alva.
do pescoço frágil ao colo delicado.
mapeia as costas ainda frias pelo outono.
descobre o pecado ainda quente, em erupção.
machuca de querer só pra si.
do lábio fino, desliza o sorriso.
quase um carinho. talhado à mão.
então, ela rodopia.
bailarina do amor.
sua caixinha de música é um coração.
que suspira a trilha sonora.
canção decorada nos intervalos da saudade.
e lá vai ela, equilbrando sedução e libido.
sempre de mãos dadas com a noite.
rouba a atenção do céu estrelado.
que, às vezes, sente ciúme. faz chover.
mas ela não para de dançar.
não para de sonhar.
não para de encantar.
mais um rodopio.
que arranca suspiros do outro lado da solidão.
ela ri. faz pouco caso.
vez ou outra, é possível encontrar o silêncio dos olhos tímidos.
impossível não desejá-la.
não se embriagar com seu perfume aroma vida.
com sua pureza sexy, ofegante por mais.
mas lá vai ela.
mede outro passo.
paixão desmedida.
quer virar tango de amor.
mas amor é dança pra dois.
ela ainda espera encontrar seu um.
enquanto isso, dança.
traz brilho à noite escura.
às estrelas opacas.
ao coração corcunda.
que se envergonha de sua condição.
afinal, ele não sabe dançar.

Um comentário:

Amanda Mantovani disse...

talhando mulheres e noites com o charme - sim, charme- de um moço afeito às curvas do caminho.