Queria escrever um comentário sobre O Laptop de Leonardo. Liguei o computador, cliquei em arquivo, em novo, em word e ao renomear recebi a resposta: se a extensão do arquivo for alterada, pode tornar-se inutilizável. Quem nunca recebeu aviso dessa máquina infernal do tipo EAX=00000010 CS=1775? Uma ironia, pois o autor do livro descreve como esse Renascimento 2.0 vai melhorar a qualidade de vida da população, fala maravilhas da tecnologia de ponta e eu aqui refletindo sobre os dissabores do usuário quando os computadores não estão em harmonia com necessidades primárias.
A questão é: como desafiar os projetistas a focar-se no indispensável? Afinal, o que se quer são aparelhos simples adaptados ao sujeito comum. Agora, parece-me o momento certo da indústria atender as exigências desse consumidor. Onde estão os gênios gráficos e os Leonardos do web-design, perguntei-me após ver os protótipos de inventos do artista numa exposição recente. Fiquei imaginando como seriam os computadores projetados por ele. Talvez fosse contratado para pensar diferente dando aos softwares compatibilidade entre velhas e novas máquinas. Ele desenharia ferramentas e processadores de textos fáceis. Gigabytes em quantidade ou banda larga para quem necessita e tecnologia simplificada atendendo gente como a gente. Escreveria manuais inteligíveis ajudando o usuário a transpor a brecha entre o saber e o precisar. Essas coisas não acontecem somente com computadores. Dia desses, entrei no carro do meu marido. O painel do rádio parecia um disco voador, tal a quantidade de botões e círculos coloridos. Transponham o problema para televisores e/ou liquidificadores nossos de cada dia. Mas, voltando à ciência computacional, onde estão às alternativas para meros mortais? Está desatualizada, dirão os jovens. Tenho um pendrive com uma boa memória na bolsa, então não estou tão por fora assim. Procuro me informar sobre as novidades aproveitando o que tem utilidade para mim. A maioria dos usuários é assim.
Se da Vinci vivesse hoje, daria ênfase à alta qualidade, porém não faria como os engenheiros do ramo tratando seres humanos como desprovidos de inteligência e nem se comportaria como os designers de sistema acreditando que em breve haverá um programa de interfaces automático. Não, ele buscaria soluções pensando no bem estar do homem e disseminaria esse conhecimento atingindo os extremos da sociedade: especialistas e leigos. Como não apareceu nenhum Leonardo na área, o único recurso é clicar em cancelar para corrigir a falha... deles ou nossa?
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