As expressões parecem atuais, não é? Caetano Veloso responderia enfaticamente: sim! Depois pensando melhor diria, não, nem tanto... Na adolescência dos meus filhos, a expressão relacionava-se as férias no Guarujá e arredores. Eu sempre tentava ir fora da temporada devido à quantidade de gente e a falta de estrutura das cidades praianas. Algumas vezes faltava água para beber e só a farmácia possuía o precioso líquido.
Isso nunca acontecia no Rio de Janeiro. Descobri que eles tinham um longo preparo, datado dos tempos imperiais. Programa de índio era índio de verdade indo banhar-se nas areias brancas de Copacabana. Contam os livros de história que os nacionais divertiam-se durante horas na orla marítima.
O primeiro a se aventurar em banho de mar por aquelas bandas foi D. João VI devido a uma inflamação na perna. Ele usou a água salgada para se curar. Então, a corte passou a imitá-lo em seu programa medicinal. Horário: das 4 às 5 horas da manhã e com uma recomendação, as mulheres deveriam usar calções até o tornozelo, touca e sapatos de pano. Mesmo assim, molhavam só os pés.
A passagem do uso terapêutico para o lazer está relacionada às transformações urbanas ocorridas na cidade. As pessoas iam sem se alimentar – condição necessária para o banho – ficavam um pouco no sol e saiam para o desjejum, razão pela qual surgiram os cafés, convertidos nos quiosques atuais. Em 1917, o decreto 1143, avisava que os cariocas só podiam ir à praia entre 1º de abril e 20 de novembro, das 6 às 18 horas. A lei descrevia o traje adequado e proibia barulho em demasia no local. Existiam seis postos de salva-vidas ao longo de Copacabana e os freqüentadores passaram a usá-los como referência.
Após a primeira guerra, uma vida saudável ao ar livre e a prática de esportes foi estimulada. Natação, remo ou salto ornamental exigia trajes de banho confortáveis. Com o tempo, eles ficaram cada vez menores, até as atuais releituras das tangas originais dos primeiros usuários, os índios. Então, se esses antigos habitantes surgissem de repente, mesmo não reconhecendo a praia tomada pela avenida, que por sua vez, aterrada acabou dentro do mar, talvez se encaixassem em alguma turma. Cada um deles iria em busca de sua tribo, pois elas dividem os espaços na areia em função do seu status social. As expressões programa de índio ou essa não é minha praia, atualmente estendidas às diferentes situações, ainda caberiam aos turistas. Quando eu for fazer um programa de índio dirijo-me a qual tribo? Qual é minha praia?
Na dúvida, fico com a piscina do hotel, pois mesmo perguntando ao Caetano, não chegaria a qualquer conclusão. Lévi-Strauss não gostou da baia de Guanabara, seria a provável resposta. Sei, mas como fica essa paulista em relação a sua praia, hein?
4 comentários:
Ipanema apinhada de gente é com certeza um programa de índio
bjs e q 2009 seja sensacional
Obrigada!!!!!!!!!!! Pra vc também
Bjs da Rosa
Obrigada!!!!!!!!!!! Pra vc também
Bjs da Rosa
Obrigada!!!!!!!!!!! Pra vc também
Bjs da Rosa
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