sábado, 31 de janeiro de 2009
Apegos
Uns têm apego à vida, outros ao vil metal. Políticos apegam-se ao poder. Meu filho é apegado a viagens e minha filha conjuga o verbo gastar... o dinheiro da mãe, é claro. O dela fica com o tio, aplicado na Bolsa de Valores. O citado tio é meu irmão. Um engenheiro mecânico que entende de economia e outras coisas mais. Diga-se a seu favor, foi o terceiro engenheiro pós-graduado em segurança, no Brasil. Ele dá assessoria pra Deus e o mundo. O todo poderoso dá-lhe mais atenção que os homens. Se os responsáveis pelas áreas energéticas do país prestassem um pouco de atenção aos seus conselhos muitos apagões teriam sido evitado. Ele tem algum apego? Não sei, mas tem um ego bem grande, embora isso não seja defeito numa família onde se tenta descobrir quem possui o maior.
Vamos aos apegos. Quando criança minha filha poderia ser classificada de mão fechada. Durante as férias o irmão esbanjava tudo no primeiro dia e ela guardava o seu rico dinheirinho, possivelmente imaginando um jeito de fazê-lo crescer. Agora ela encontrou... Naquela época, o Rio de Janeiro era nosso destino quase mensal.
Nem uma volta pelo calçadão de Copacabana estimulava seu desejo de consumo. Eram bons tempos. Hoje cultiva apego aos perfumes, às roupas de grife e famosos costureiros. Marcelo Quadros e Alexandre Herchcovitch são os preferidos. A intimidade é grande. Os moços convidam para lançamentos de coleções e avisam sobre as liquidações.
Sempre fui um pouco hippie, mas ela tem a quem puxar. Eu gosto de tudo que é bonito, de biquínis a trajes a rigor, de roupa de cama, mesa, banho a pratos e talheres. Mas, confesso meu apego descarado por bolsas de marca, e põe marca nisso. Posso sair com uma bermuda cortada de uma velha calça jeans e uma rasteirinha, mas a bolsa, bem ela é sempre assinada por um bom estilista. A minha menina é ardilosa e conhece a mãe. Convida para um café no Iguatemi. Sentadas em uma mesa do Gero onde o café e a sobremesa custam os olhos da cara, ela dá a noticia. A Zara está liquidando aquelas roupas ma-ra-vi-lho-sas. Entro na loja e pego a saia de seda marrom, cuja etiqueta está colada nas nuvens, tal o valor da peça. Deixo aquela de lado e provo uma camisetinha minúscula só no tamanho, pois mesmo em promoção o preço é maiúsculo. A filha não fica atrás, caí de boca nas bem cortadas calças. Vestem como uma luva. Saímos de lá carregadas e com bônus para irmos a um badalado salão de beleza, com direito às taças de champagne e tudo mais. Pudera, deixei todo meu salário lá. Só isso? Não daqui a pouco tem as pontas de estoque do Alê, do Marcelo e do Fause. É claro que eu vou levar a culpa. Afinal ela era tão controlada e a mãe mostrou-lhe como é divertido andar pelos shoppings e praticar a compraterapia. Faz bem para a alma, cura stress, dor de cotovelo, ansiedade, depressão e emagrece. Quer coisa melhor que isso? Pode dizer: isso é coisa de perua louca. Mesmo assim, vamos aos apegos ou as compras, como preferirem, nem que seja em supermercado, pois ali também tem tanta coisa bonita, mas, cuidado algumas engordam...
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