terça-feira, 2 de setembro de 2008

NOITE CHUVOSA – Dorothy Parker


Fantasmas de meus maravilhosos pecados
freqüentam meu travesseiro...
etérea a desejada chuva começa
escondendo o choroso e frouxo salgueiro
atente para seus olhos e ouvidos
deixe de lado seu manto de tristeza
você pode ter meus próximos anos
você pode andar comigo amanhã
sou irmã da chuva;
leve, repentina e profana,
impaciente na vidraça,
facilmente perdida, lembrada com vagar,
tenho vivido na sombra, uma sombra
amarrada por flores de cemitério.
Deixe-me estar esta noite no lugar da batalha
no prateado da tempestade.
Tudo que é frágil enferruja
com a passagem de outro Abril.
Posso estar coberta de pó mágico,
deslizando pela grama quebradiça.
Todos doces pecados devem ser esquecidos
Quem vai viver para contar seu canto?
Ouça-me agora, não me deixe corromper
ainda melancólica, ainda sonhando.
Fantasmas de minhas doces tentações, ouçam;
eu sou frágil, sejam compreensivos.
Será que não vêm que tenho necessidade
de viver com os vivos?
Velejem, esta noite, o peito de Phoenix;
numa procissão sombria, em vôo plano
rumo ao desconhecido
espíritos de minhas transgressões compartilhadas.
Perambulem com a jovem Persephone
Colhendo os frutos para seu abandono...

3 comentários:

Camilla Tebet disse...

Uau, essa semana é poesia. E que poesia hã???
Bjos

Janaina Fainer disse...

gente, eu amo Dorothy Parker

Rosa Bertoldi disse...

Meninas, precisamos "poetar" mais!!!!!!
Bjs
Rosa