segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Desde menina gostei de dicionários. Os ilustrados iam comigo para a cama. Na rua em que morava meus dicionários eram os maiores e usados pela turma de meninas muitas vezes, para procurar bobagens altamente eróticas
De passagem uma ou outra palavra despertava a curiosidade; voltava a elas para saber mais. A sonoridade de fandango, bombástico, pendente, heliófobo, compadecer, era fascínio puro. O mistério de fidúncia, fibrilha e outras fantásticas e abandonadas, desusadas e desconhecidas palavras embalava as horas em que silenciosa e solitariamente tentava compreender o mundo.
Fruto dessa maluquice cultivada desde então é a coleção de textos
VOCÊ SABE DO QUE ESTOU FALANDO?
De vez em quando mostrarei um. ! O segundo texto é explicativo e ninguém perderá o sono por não saber o que é corregourino ou corumbambas.Divirtam-se!
Adorava cororô, simplesmente adorava!
Ria quando ali encontrava um “corpus alienum”. Era corregourino e como todos os corregourinos tinha esse hábito.Outra mania eram os correlogramas. Com o pai gostava de conversar sobre correntezanos. Afrouxavam o corrião sentavam na varanda e em pouco tempo formava-se o corrilho. Uns traziam seu corrupixel onde colhiam frutas
Muitos, ao passar, diziam baixo, xingando-os: corrodentes!
Ali ficavam até que a corrubiana chegava.
Então entravam e começava a corta-jaca.
Por volta de meia noite aquilo era um cortelho.
As esposas não se incomodavam. Gostavam de tê-los sob os olhos.Aceitavam tanto a coscuvilhice quanto os corumbambas que acabavam acontecendo todas as noites.
Adorava aquela camadinha de arroz que fica grudada na panela, simplesmente adorava!
Ria quando ali encontrava um corpo estranho. Era natural de Córrego do Ouro e como todos os naturais de Córrego do Ouro tinha esse hábito. Outra mania eram os diagramas cartesianos ortogonais.Com o pai gostava de conversar sobre os habitantes de Correntezas. Afrouxavam o cinto de couro com fivela, sentavam na varanda e em pouco tempo formava-se um ajuntamento para fofocar.
Uns traziam sua sacola de pano na ponta de uma vara onde colhiam frutas.
Muitos, ao passar, diziam baixo xingando: os: traças!
Ali ficavam até que a neblina fria, acompanhada de vento sueste chegava.
Então entravam e começava o samba de roda.
Por volta de meia noite aquilo era uma pocilga.
As esposas não se incomodavam. Gostavam de tê-los sob os olhos. Aceitavam tanto os mexericos quanto as trapalhadas que acabavam acontecendo todas as noites.
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3 comentários:
certa vez fuçando em livros antigos no porão da casa da infância...encontrei um dicionário...pra mim era inédito....e resolveria meu problema com aqueles exercícios insuportáveis que me passavam na escola para recortar e colar um milhão de palavras começadas com "x" com "gui"...
nunca esqueci isso. pra mim foi uma descoberta. o dicionário existe até hoje e...confesso....existem algumas colunas recortadas.
mariah
Adorei.. adorei. Uma curiosa que faz arte com o que descobre. Ê Rosa.
Indispensável o uso do dicionário. Injusta a glosa: "pai dos burros, se dia a dia dele se socorrem todos os filhos. Sem o dicionário, como reler o texto que Rosa apresentou no espelho, "com essas palavras secas e sem rédeas". Sérgio
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