sábado, 14 de fevereiro de 2009

MADALENA...

Madalena foi pro mar, eu fiquei a ver navios... ao ouvir o nome cantarolava essa canção. Outras vezes relembrava Paris e a igreja Madeleine. Pensava em Proust, pois foi o ato de morder a madeleine, um doce típico da sua região, com todas as lembranças nostálgicas evocadas, que o fez escrever Em busca do tempo perdido. Em Oxford, fundada em 1448, Magdalen College é uma das primeiras faculdades de ciências do mundo e, em Cambridge, está Magdalene College, desde 1542. Parece que os intelectuais não têm preconceitos contra a famosa pecadora retratada na Bíblia, pois ela é a padroeira de educadores de elite.
Li o Código Da Vinci, mas quem não leu? Como o livro é instigante e o autor cita conhecidos estudiosos, fui verificar o que era ficção e o que era verdade no relato. Semanas de pesquisa revelaram uma quantidade de textos documentando dois mil anos de história do cristianismo. Dentre eles, os Códices de Nag Hammadi e os pergaminhos do Mediterrâneo, desvendados com as sofisticadas técnicas de análise em ultravioleta ou infravermelho, abrindo possibilidades para uma nova interpretação das escrituras. Para quem não leu uma dica: o autor baseou a trama na idéia do casamento de Jesus e Maria Madalena. A última tentação de Cristo, escrito a mais de cinqüenta anos, por Nikos Kazantzakis e filmado na década de 80, por Scorcese, também insinuava isso.
O título de Brown deve-se ao fato da ceia pintada por Leonardo ter uma figura aparentemente feminina ao lado de Cristo. Matutando sobre o problema, pensei se não convêm a Igreja Romana reavaliar sua doutrina, afinal a conversa ganhou o mundo. Richard McBrien, no programa televisivo de título Jesus, Maria e Da Vinci, declarou que a Epistola aos Hebreus (4:15) descreve Jesus como a gente, exceto por não pecar. O reverendo questiona: “é pecado praticar relações sexuais no casamento?”
O Código refere-se ainda a pratica milenar do hieros gamos. Em civilizações ancestrais, os ritos do casamento sagrado como os de Osíris/Isis, Tamuz/Ishtar, Baal/Astarte e Adônis/Vênus eram conhecidos e cultos celebravam a simbiose dessa união íntima entre o masculino e o feminino em todo o Oriente. Ao introduzir o assunto Brown estaria justificando a união Jesus/Madalena ou reforçando uma semelhança entre o discurso de Cristo e crenças religiosas milenares? Talvez, ambas... O Código Da Vinci é ficção, mas levantou questões interessantes. Elas permitem afirmar que a religião de Aton, onde Moisés foi instruído, e a cultura helenística seriam as fontes da Bíblia e por extensão do judaísmo e cristianismo. O estado civil de Cristo não é tão importante quanto o conhecimento da essência dessas religiões.
Paulo de Tarso, em Corintios 9:5 afirmou: “ os irmãos de Jesus e os outros apóstolos viajavam com suas irmãs/esposas”. O termo irmã/esposa era acrescentado aos muitos títulos recebidos por uma mulher ao se casar com um faraó... Observem ainda a semelhança entre o credo cristão e o texto relatando o padecimento, morte e ressurreição do primeiro músico grego, o filho de Apolo. “ Creio em Orfeu/ criador da melodia/ nasceu de Clio/ e muito padeceu sob o poder maior da poesia/ e foi pela paixão crucificado...” Mera coincidência?

2 comentários:

Rosa Leda Gabrielli disse...

Como você consegue? Lembro de um professor que dizia: mais importante do que saber é transferir conhecimento. Você sabe fazer isso.

Rosa Bertoldi disse...

Vai ver é porque sou judia....
É nada puro contato com gente inteligente e descolada. Vc sabe quem são eles, pois está entre nós...os benditos santos.
Obrigada
Rosa