Se perguntassem a você o que gostaria de ser se não fosse o que é, qual sua resposta?
Eu diria que gostaria de ser uma grande artista. Uma grande bailarina, uma grande pianista, uma grande cantora mas não uma grande atriz.
Minha amiga, com bem mais de 60 e vários quilos acima da “tabela” imposta pelos nutricionistas e padrões de beleza, sonha tornar-se uma cantora de música popular.
Eu não, seria uma soprano como Maria Callas, Yma Sumac, Laura de Souza, Leila Guimarães ou Angela Gheorghiu (todas elas fazem parte do mundo da ópera).
Cantei num coral, era segundo soprano. Dona de pequena extensão vocal, apenas alinhavava outras vozes. Como tenho um lado carneiro e gosto muito de andar em rebanho sentia-me feliz.. Tímida, jamais consegui me sair bem nos ensaios em que devia mostrar meu estudo semanal e provar estar apta. Como conciliar, então, essa realidade com o sonho da grande presença em cena?
O bom do sonho é isso. Por que sonhar pequeno? Eu, grande cantora de ópera, devastaria platéias morrendo de tanto tossir como a Dama das Camélias, cortesã parisiense amada por Alexandre Dumas Filho
Mais arrasador ainda seria meu suicídio como a comovente e jovem gueixa que sacrificou sua família, religião e a própria vida pelo marido americano, o Tenente Pinkerton. O belo americano volta para os Estados Unidos deixando-a com um filho, casa novamente e, pior de tudo, traz sua nova esposa para tirar o menininho da mãe e levá-lo embora. Qualquer uma de nós faria o mesmo que Madame Butterfly: que pega um punhal onde está escrito “Morre com honra, quando for impossível viver sem honra” e se mata. Pinkerton chega, ajoelha a seu lado, chora e diz seu nome. Como todos estariam em prantos com minha representação irrepreensível e minha voz cristalina que alcançaria 18 tons, ninguém veria minha piscadela. O punhal era daqueles cuja lâmina entra no cabo.
O Barbeiro de Sevilha é cheio de mentirinhas, armações e meias-palavras. Talvez Rosina não fosse para mim.
Carmem, sim., a sensual cigana contrabandista desejada por todos seria meu papel predileto. Logicamente preferiria não morrer, talvez conseguisse escapar de Don José, o oficial revoltado, montada num touro pilotado por Escamillo, o toureiro que também era apaixonado por mim.
O que mais se parece com minha vida, no entanto é o Elixir do Amor. Nele eu não seria a sedutora fazendeira que primeiro despreza o amor de Nemorino para depois desejá-lo. Seria o próprio Nemorino meio apatetada, crédula, confiante e apaixonada.
Bom final de carnaval !
4 comentários:
difícil responder essa
bjs
penseando melhor, acho q seria Dorothy Parker irmã da chuva, dona de palavras ácidas e cheia de equívocos a quem nem a tão chuva compareceu no velório
Acho que eu seria Anaïs Nin, não o perfume, a escritora.
IMagine viver em Paris naqueles loucos anos 20, em plena modernidade. E ponha moderno nisso!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bjs
Rosa Bertoldi
PS:pela data da postagem dá pra ver que eu ando ocupada, não é?
Nossa, Rosa,
amo Anais Nin
li seus diários, seus poemas, sua vida... e tb adoraria ser ela
bjs
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