quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Balípodo

Há dias venho me entusiasmando em escrever algo sobre futebol. Resolvi fazê-lo. Todavia não vou aqui analisar a escalação da Seleção do Dunga e muito menos propor novas táticas e estratégias para os clubes brasileiros. Não vou também analisar crises fiscais enfrentadas por clubinhos do sertão da Paraíba, nem analisar a situação de semi-escravidão em que jogadores semi-amadores semi-sobrevivem país afora. Pretendo somente dividir uma impressão, mais estética, creio, do que de verve política.

Tive conhecimento essa semana que a Fifa deseja acabar com a “paradinha”, na cobrança do pênalti. Para quem não sabe, a paradinha é um movimento de drible no momento em que o cobrador (do pênalti, não do ônibus) corre em direção à bola. Inventada por Pelé, a “paradinha” se tornou pesadelo de goleiros ao redor do mundo e tem sido criticada por reduzir ainda mais as chances de defesa da cobrança, cuja sorte e probabilidade de êxito, por natureza, já se inclinam mais para o lado daquele que chuta. Fiquei também sabendo que mesma Fifa aplicou uma punição ao jogador brasileiro naturalizado croata (pois é...croata) Eduardo da Silva que atua pelo Arsenal da Inglaterra após ele ter simulado sofrer um pênalti na partida entre sua equipe e o Celtic, também inglês. A mencionada punição fora imputada dias após o jogo, numa decisão que indiretamente anula a soberania do juiz dentro das linhas e do período de partida.

Outra notícia curiosa do ambiente futebolístico é a possibilidade de introdução do “replay” durante as partidas. Desta forma, no caso de dúvidas sobre uma falta, impedimento ou gol, poderia haver uma consulta a um telão gigante nos estádios, em que se verificaria a ocorrência ou não de determinado fato.

É bastante interessante ver como a sociedade moderna, também na sua versão lúdica, vem paulatinamente insuflando a aversão ao imprevisível e a dependência tecnológica. Estes dois fenômenos vão, cada vem mais, tornando claro que a sociedade trilha uma senda de ojeriza ao imponderável que não encontra barreiras nem mesmo nas regras do “velho esporte bretão”. A tentativa de se impedir a arte do drible e da finta (arbítrio do jogador) e a diminuição do eventual erro na interpretação da jogada por parte do juiz-homem demonstram bem até que ponto pode chegar a obsessão humana pelo controle.

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