segunda-feira, 5 de outubro de 2009

OS DEUSES A CHUVA E A PRIMAVERA

Os Astecas veneravam Tlaloc, deus da umidade, dos raios e tormentas; ele casou com Chalchiutlicue, sua irmã, sempre vestida com túnicas de jade que cuidava dos mares e dos lagos, e também dos filhos que gerava em forma de nuvens. A serpente de ouro acompanhava Tlaloc, simbolizando o relâmpago e o trovão. Viviam em Tlalocan, um paraíso aquático onde brotavam milhares de ninféias amarelas.
Para eles o mais importante neste mundo é o amor. Ficam irados quando ele não está presente na vida das pessoas.

Os humanos sentiam por eles uma emoção confusa que misturava reverência e temor, já que às vezes, enfurecidos, disparavam granizo e inundavam os campos de milho; por isso, por pura precaução faziam oferendas com pulque(aguardente de milho) e pamonhas na tentativa de minimizar a ira desse casal sobrenatural.

Tudo isto foi há muito tempo, quando os homens ainda temiam o desconhecido e o incerto; hoje, sabidos e cheios de convicções, não damos a mínima para essas histórias fabulosas. Os deuses acabrunhados e desmotivados, esquecem de fazer chover por algum tempo, quando lembram alagam tudo desajeitadamente, quase que de forma burocrática, para cumprir a missão, perdeu a graça.

No início da primavera, quando precisamos de inocência e de amores ardentes e também de um pouco do beijo molhado e do orvalho matutino, eles se negam a agir de forma divina. Parecem irados, fazem tsunamis, inundações, desmoronamentos, desabrigam pessoas, matam...

A idéia é a seguinte: quando você vir uma borboleta colorida, emocione-se! Quanto maiores forem suas asas e mais pigmentos estejam nelas concentrados, mais comovido você deverá ficar. Se por acaso ela pousar na sua cabeça, aí se torna obrigatório o enamoramento por toda a vida; vale também ficar agachado para perceber de perto o perfume de um canteiro de cravinas e levantar-se em seguida para sentir a tontura.

Mas o bom mesmo será dividir uma fruta colhida no pé com alguém que, como você, compreenda as borboletas, goste de flores perfumadas, não se incomode de sujar as mãos e não tenha medo de parecer antiquado. Por essa pessoa você deverá ter muito amor. Quem sabe assim agradaremos Tlaloc e Chalchiutlicue e eles voltam a agir como deuses e não como "pestes"...

O prazo que temos termina no final da primavera quando Tlaloc e Chalchiutlicue se retiram deixando um caminho livre para outros deuses, mais enxutos e menos apaixonados.

Boa semana!

Na mitologia asteca, Chalchiutlicue é a deusa dos lagos e das correntes d'água. Também é a patrona dos nascimentos e desempenha um papel importante no batismo dos astecas.



Um comentário:

Unknown disse...

PARABÉNS. Imgine que ontem comentei com Irineu que ia escrever sobre as catastrofes naturais! Como diria Jung sincronicidade.Parabéns!!!!
Janira