
Enquanto minha amiga desesperada contava sua história eu tomava calmamente meu café. Cachorro! Despertei de minha divagação para prestar atenção no assunto.
Todo esse tempo ele tinha duas famílias. Era o mais paparicado dentro daquela casa. Tudo girava em torno dele. O louro lindo quase provocou uma briga entre ela e o irmão, que deixara um sofá no escritório da residência por algum tempo devido a reformas em seu apartamento. O “cachorro”, como ela o chamava, após a descoberta, se encantou com o sofá preto e lá se aboletava sempre que queria tirar um cochilo.
Negociou a permanência do móvel em troca de outro mais novo e moderno, de grife, como ela afirmava, pois o mano aproveitou-se da ocasião e escolheu o produto na Tok & Stok, uma verdadeira fortuna!
Um belo dia ele apareceu arranhado. Ela fez um curativo. Ficou encucada com o machucado, ao lembrar-se que uma conhecida sua havia descoberto batom na cueca do marido, quando separava roupas para colocar na máquina de lavar. Ciúmes? Bobagem, sou uma mulher de cabeça boa, e ele é tão delicado, carinhoso! Deixou para lá.
Viajou a trabalho e ao voltar no dia seguinte ficou surpresa: o local do machucado tinha outro curativo e os pêlos tinham sido raspados em volta do arranhão. Achou esquisito e
perguntou a queima roupa: você tem outra família? Como isso é possível? Ingrato, cachorro, sem vergonha...
Sempre achei estranha essa história de ficar uma parte do dia aqui em casa e de repente sumir. Tentei até seguir você, mas nunca conseguia, pois de repente vapt... e parecia que havia sido abduzido. Como você conseguiu um furo na cara? E quem fez o outro curativo? Nessas alturas ela estava quase gritando e os mais próximos da nossa mesa olhavam espantados. Levantei as mãos e perguntei: afinal, o gato ou o cachorro, sei lá, como você diz, é o seu namorado?
 Não, é meu gato, aquele loirinho de nariz cor de rosa. A mãe morreu cinco dias depois de seu nascimento. Então, criei o filhote na mamadeira e deixei-o dormir na minha cama. Você acredita que ele chegava até babar no meu travesseiro? O apartamento tinha carpete e precisou ser dedetizado, pois sou alérgica, ALÉRGICA, ouviu? Tomo até remédio da homeopatia feito a base de pêlos de gatos para não espirrar quando fico perto de felinos. Ele ia comigo para todos os lugares, até em churrascos, o ingrato. Como ela está inconsolável, após o lamentável acontecimento, peço aos leitores um favor: mesmo que saibam quem é a outra família, não contêm a história, para que a dona número dois, não fique tão traumatizada como minha amiga. Aproveita e faça uma sugestão: porque não usa um protetor fator 8 no nariz do seu gato, ele é tão clarinho... Isso é o que ela fazia todo santo dia, usando o gel para que as sardas do loirinho dela não aumentassem! Em tempo, as ilustrações são aleatórias. Como os genéricos estão em moda, então procurei um gato similar, substituindo o verdadeiro, como acontece com remédios... é e não é...   Não tive coragem de pedir uma fotografia do “cachorro” para ilustrar o post. Ela podia bater em mim, ou pior, jogar o café no meu blazer Herchcovitch – juro que ele não é genérico –  para descontar a raiva que estava sentindo!
4 comentários:
impagável
hilário!
bjs, Eto.
MUITO ESQUEZITO
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