segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Juridicamente impossível!

- Impossível.
- Não vejo problema algum... todos deveriam ter esse direito.
- Vamos fazer uma coisa? Gravamos tudo o que você me disse e depois conversaremos a respeito.
Caminhou até a estante, pegou o gravador, sentou-se ouvindo a argumentação do outro e, ligando o gravador, disse:
- Por favor, diga seu nome completo, a data de hoje e conte-me, novamente, sua reivindicação.
- Pô, cara, a gente é amigo, precisa tudo isso?
- É preciso, sim. Por favor.
- Bom, meu nome é Luiz Flávio Alcântara. Hoje é dia 17 de janeiro de 2011 e vim até aqui pedir ao meu amigo Júnior, que é um bom advogado, para ele fazer um documento que me dê o direito de participar vivo de meu enterro. É isso.
- Luiz Flávio, você expôs seus argumentos apresentando suas razões para reivindicar esse direito. Poderia expô-los novamente?
- Bom, eu acho que quando a gente morre vem um monte de gente para ver o cadáver, uns choram, outros dão uma risadinha, outros rezam, ficam por perto ou se afastam, ficam um pouco ou o tempo todo, justificam a chegada só na hora do enterro... isso é muito interessante.
- Continue, por favor!
- Bom, sempre penso como será quando eu morrer. Não sei se terei 40, 50, 80 ou 100 anos, então pensei em participar vivo do meu funeral como o Júnior fala...
Deu uma risadinha humilde como a dizer – tudo está tão claro, por que não? Júnior, já um pouco impaciente insistiu:
- Continue, por favor!
- Bom, eu pensei em contratar uma funerária, ela colocaria o anúncio, eu iria no meu caixãozinho para o lugar do velório e ficaria esperando os “convidados”, isto é, aqueles que tivessem se sentido tocados pelo anúncio fúnebre. Estaria ouvindo tudo, claro, e dando umas espiadinhas de vez em quando. Na hora marcada o féretro sairia e em vez de ir para o cemitério, iríamos para um Buffet onde haveria comes e bebes caprichados para todos, inclusive para mim que fiquei todas aquelas horas lá, esticadão.
- Você imagina que todos estariam celebrando? Ninguém ficaria aborrecido?
- Bom, já pensei nisso. Veja se concorda comigo: quem não gosta de mim só estaria lá porque eu estaria mortão, então, quando descobrir ficará louco da vida, sim, e continuará falando mal de mim como sempre fez, já que não vai com minha cara. Os que gostam vão ficar tão contentes com a minha "volta", que vão encher a cara com o melhor uísque que já tomaram. Melhor do que uma festa de aniversário dessas chatinhas, com todo mundo arrumado. E vai ser num sábado, então não tem risco de não poderem ir por causa de escritório, essas coisas.
Sorriu novamente e continuou:
- Fala que não é uma boa idéia. Eu acho ótima.
- Isso não existe, Flávio, se você quer fazer uma palhaçada, faça, garantir-se juridicamente quanto a eventuais ações por falsidade ideológica ou seja lá o quê, foi isso que você me pediu, no começo, isso não posso fazer por você.
- Júnior, não quero fazer um teatro, sempre haveria um ou outro que descobriria, quero fazer um enterro de verdade sem enterro. Pense nisso. Pô a gente é amigo desde pequeno, já aprontamos tantas, mais uma, cara, vamos nessa!
A conversa se prolongou e... o que vocês acham que aconteceu? Aceito sugestões.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho que ele deveria continuar com a brincadeira e depois dar a festa...somente para os amigos, se ele não for trucidado pelos inimigos...

Anônimo disse...

Droga de negócio...nunca vou me entender com esse deixador de recados...Rosa bertoldi
Bjs e continue a relatar a história. Estou curiosa.
Bjs
Rosa II