quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Terceira parte (veja a primeira parte no dia 17)

Júnior quase lhe deu um tapa quando percebeu a entrada de uma mulher jovem e linda. Não era conhecida, se a tivesse visto uma vez não esqueceria. Era perfeita. Caminhou para o caixão, colocou sua mãos sobre as mãos de Flávio, persignou-se e fez uma oração silenciosa, movendo os lábios. Deu um beijo sobre o tule, na altura das mãos e foi sentar ficando em silêncio.
- Quem é, Flávio?
- E eu vou saber? Não posso abrir os olhos... Fala como ela é. O cheiro é uma delícia!
- É linda, tem cabelo curtinho, nariz arrebitado, um corpo perfeito. Está com jeans e uma blusinha branca super clássica. Usa brincos, pulseira e anéis de prata, bolsa grande e está chorando.
- Puta que o pariu, quem será? Vou levantar e espiar.
- Ta louco? Fica quieto, vou ver se descubro.
Júnior foi até a porta, ligou o ventilador e como quem não quer nada sentou perto da mulher.
- Seu amigo?
- Muito!
De poucas palavras... não vai ser fácil, pensou.
- Há muito tempo?
- Não.
- Trabalhavam junto?
Ela olhou Júnior fechando ligeiramente os olhos. Queria mostrar-lhe, parecia, que a conversa não estava agradando. Tirou um rosário da bolsa.
- Com licença!
Começou a girar o rosário entre os dedos e mesmo não sendo católico Júnior sabia ser um sinal de que orava. Dois amigos de infância chegaram. Júnior os cumprimentou com tapinhas nas costas. Não chegaram perto do caixão. Quando viu que estavam distantes ela se levantou e puxou uma cadeira para perto de Flávio e continuou a desfiar o rosário.

2 comentários:

Janaina Fainer disse...

eu quero saber como acaba... estou adorando

Sérgio Rizzi disse...

a mulher jovem e linda (Jovelinda) ao se aproximar novamente do esquife toma consciência que o morto não é a pessoa que procurava. Entrara em sala errada no velório. Começa a rir, deixa a sala.

Nesse momento, toca o celular do "morto". Este fica em dúvida se atende ou não, mas, percebendo que a mulher não estava mais na sala, resolve atender.

Era do serviço de sepultamento do cemitério avisando que o jazigo estava pronto e as carneiras tinham sido abertas. Perguntam qual o horário do sepultamento. O "morto" indaga se as despesas estavam pagas e se o atestado de óbito chegara pelo motoboy do hospital novo mundo.
Fica sabendo que o atestado ainda não chegara, pede que chamem novamente quando o atestado for recebido.
Entra na sala o sacerdote e pergunta se querem fazer a encomendação. O morto não conhecia essa palavra, mas não poderia perguntar. Seu amigo Flãvio diz que todas as encomendas deveriam ser aceitas e pergunta quais as despesas de entrega. O padre indaga se o morto tinha seguro de vida, seguro de exéquias ou seguro de rezas. Flávio sente vontade de perguntar ao amigo que estava deitado mas se controla. Responde que vai verificar e pede o número do celular do padre para dizer se haveria ou não a encomendação.