terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Segunda parte do conto de ontem

Saiu do escritório sem a liberação de enterro sem morto e, dirigindo-se à funerária, pensou que talvez uma rede de televisão conseguisse montar o velório alegando gravação de um especial.
- O único problema é que terá que ser em tempo real, esses autores novos... sabe como é... inventam cada uma!
- Não tem problema. Nós temos salas e não trabalhamos com agendamento – riu da piada que devia fazer constantemente – Para amanhã posso reservar uma. O anúncio fúnebre não pode usar nosso emblema, não seria ético.
- Combinado! Eu coloco o anúncio e amanhã antes de clarear o dia já estarei aqui. Vocês me preparam e fico aguardando os “convidados”.
Ante a cara de espanto do encarregado explicou que era cinema experimental, não haveria câmeras grandes nem iluminação especial, deveria parecer um velório comum, de uma pessoa comum.
As aulas de yoga afinal teriam uma aplicação prática.
- Você não tem remorso? perguntou Júnior, preocupado com o rumo dos acontecimentos.
- Nenhumzinho. Se eu tivesse pais, tios, avós, filhos, não faria essa brincadeira, mas são amigos... E ex namorada, hein, será que virá alguma?
Estava empolgado. Dormiu pouco. Se tirasse uma soneca durante o velório não teria problema, todos garantiam que nunca havia roncado, problema seria se mexer ou coçar, precisaria de muito auto controle.
Completamente desperto rumou para o velório. Já o esperavam. Foi maquilado e enfeitado, colocaram até um colchãozinho para ficar mais confortável.
- Quando chega a equipe de filmagem?
- Já não disse que será discreto? Câmeras de mão, pequenas como as filmadoras comuns, vocês nem perceberão. A idéia é essa, mesmo, que ninguém suspeite ser uma filmagem.
Sozinho entre as velas e o perfume enjoativo das flores começou a sentir dúvidas sobre sua própria sanidade mental. Júnior viu além, não agüentarei até as cinco da tarde. Puxa vida, ninguém até agora... Combinara com a funerária de colocarem um relógio à sua vista. Eram oito e meia.
Júnior aproximou-se e, como se fizesse uma oração, contendo o riso, disse-lhe uma porção de bobagens para que também risse. Queria aproveitar o fato de estarem sozinhos para desfazer essa situação ridícula. Assustou diante da impassividade de Flávio, colocou a mão em sua testa. Estava quente, ainda bem, pensara que houvesse realmente morrido!
Flávio sorriu.
- Assustou, cara?

Sugestões!!!!!!!!!!!!!! Quero sugestões para continuar.

Um comentário:

Janaina Fainer disse...

eu quero é saber como acaba... estou adorandoooooo