sábado, 16 de julho de 2011

1822 - Bahia x Pernambuco

"Que ninguém se aproxime dele
Ele é um réu condenado à morte.
Foi contra sua majestade,
contra a ordem de tudo que é nobre.
Republicano, ele não quis
obedecer ordens da corte
separatista, pretendeu
dar o Norte à gente do Norte
Padre existe é p'ra rezar
pela alma, não contra a fome."


Contei outro dia que estava lendo um livro do jornalista Laurentino Gomes, de título 1822. A data fala por si. Será? Até onde as escolas ensinam a verdadeira história do Brasil? Como aconteceu a separação do Brasil de Portugal? A impressão é de uma festa em ambos os lados. Quem conseguiu segurar a barra da união entre às antigas capitânias foi o pensamento/ação da família Andrada. Essas ideias certas ou erradas acabaram por fazer de Dom Pedro I o primeiro imperador do Brasil. Houve protestos, muitos protestos. O Uruguai tornou-se independente nessa época. O norte e o nordeste se posicionaram a favor de Dom João IV por questões econômicas, outros ficaram contra pelos mesmos motivos, enquanto outro grupo queria liberdade total. Sei pouco sobre isso, como a maioria dos brasileiros. Vou falar da Bahia e Pernambuco devido meu contato com esses dois estados. Os baianos comemoram a independência em dois de julho. Pró-americanos? Não!!!!! Essa é a data da expulsão das tropas portuguesas de seu território, em 1823. Dizem que foram os baianos que mais sofreram na separação da colônia, pois Portugal não queria abrir dessas terras. Queriam dividir o Brasil em dois países. O sul ficaria com D. Pedro I e o resto dependente de Lisboa. Grande parte de população aderiu ao imperador e a primeira localidade a se pronunciar foi Santo Amaro da Purificação, cidade famosa por sua cachaça e por Caetano Veloso ter ali nascido. Resumindo após sangrentos combates, em 2 de julho de 1823, os portugueses abandonaram Salvador. Daí os festejos tão prestigiados quanto o carnaval.
Porém, no Pernambuco, a opinião era outra. Em 1817 houve uma revolução contra D. João e foi proclamada uma república independente. O castigo foi perder Alagoas, parte da capitânia até aquele momento. Os participantes do levante ficaram presos na Bahia. Em 1824, o mesmo grupo rebelou-se através da Confederação do Equador e perdeu 60% de suas terras com isso. O motivo inicial da revolta teria sido a dissolução da constituinte. Frei Caneca e seus comandados queriam uma república federalista nos moldes americanos, com províncias autônomas, enquanto José Bonifácio desejava um governo forte centralizado para evitar a fragmentação territorial. Na Casa de Cultura do Recife existe um painel contando a saga dos confederados liderados por um dos mais respeitados heróis pernambucanos. Trata-se de um amontoado de imagens ilustrando as cenas de apoteose e morte de Caneca. A pintura tem um poder plástico e empático muito forte. É interessante relembrar aqui um fato relativamente recente. Em 1972, ano do sesquicentenário da independência, os restos mortais de Dom Pedro I foram trazidos para o Brasil. O povo do Pernambuco pediu que o navio passasse ao largo do porto de Recife, pois nesse pedaço de Brasil, não existia nenhum motivo para se prestar homenagem ao antigo imperador. O pedido foi atendido. Meu coração fica dividido nessa história, embora tenha pendido a favor dos intelectuais pernambucanos. Caetano Veloso é meu poeta predileto e Cícero Dias, autor do painel Frei Caneca é meu pintor preferido. Mas, fazer o que diante dessa minha dualidade?

3 comentários:

janirabastos@gmail.com disse...

Rosa:
Minha amiga, pode-se chamar você de audaciosa? Não sabe história (ou conhece pouco) e nem pintura. E se arvora em analista do painel de Cícero Dias? Imagine você que levei quase três anos analisando o trabalho e não cheguei a uma conclusão conclusiva... Enfim, não deixa de ser interessante as observações sobre a independência. E o livro é bom, mesmo. Eu li e gostei muito.
Janira Fainer Bastos

Janaina Fainer disse...

uau
gostei muito
bjs

Anônimo disse...

Prezada Janira:
Minha querida colega de escola está preocupada com a concorrência? Não se preocupe, estou bem assim...aposentadissima! Bjs Rosa Bertoldi