segunda-feira, 11 de julho de 2011

Continuando...

Ao perceberem meu movimento muito elegantemente deram-me a frente para descer os poucos degraus do terraço e foram para a calçada que acompanhava a orla da praia.
Comecei a me sentir ridícula caminhando atrás deles sem nada ouvir. O vento vinha de nossas costas e carregava suas palavras, só podia perceber que conversavam animadamente. Resolvi acelerar e passar à frente. Ao avançar eles novamente me olharam e um deles galantemente dirigiu-me a palavra:
- Acompanhar - nos- ia, senhorita? Sem graça eu sorri dizendo que seria uma honra, eles rebateram dizendo que a honra seria deles e assim avançávamos os três, pela calçada deserta naquela época do ano. Pedi que conversassem. Gostaria de ouvi-los. Natural e complacentemente sorriram.
- Diga-nos a senhorita o que faz neste refúgio de idosos, pois que isto durante a temporada é lugar para jovens, agora exclusivamente para quem não gosta de movimento.
- Trabalhei muito no ano passado e acabei tendo uma exaustão. Médico e família exigiram que eu me refugiasse num lugar qualquer em que pudesse descansar, esquecer a agitação, ler e, enfim, conhecer pessoas agradáveis. Escolhi este.
- O Sol nesta temperatura é muito agradável e fará com que recupere sua energia.
Demos mais alguns passos em silêncio, então criei coragem para perguntar:
- E vocês? Desculpem-me tratá-los tão informalmente, mas são bastante jovens e somos companheiros em férias, não é mesmo?
Sorrindo o que usava bengala disse:
- Chame-me como quiser, o prazer de sua companhia é muito grande. Cheguei a pensar em partir, também sou urbano e apraz-me a agitação. Sua presença me alegra. Sou Baptista, com “p” no meio, muito prazer.
- E eu sou Azevedo. Adelmo Azevedo.
- Júlia. Eu também estava pensando em fugir daqui. Bom nos encontrarmos. Gosto muito de viajar mas para lugares agitados. Este deserto só mesmo como medicação.

2 comentários:

Alexandre Henrique disse...

mais uma uma vez curioso...

Anônimo disse...

Rosa:
Isto tem nome e sobrenome.... Sadismo e seu pai foi Freud, dizem....
Curiosa!
Rosa Bertoldi