quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Apostasia

A grande mídia tem alardeado nos últimos dias a repercussão internacional do caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por lapidação pelos tribunais de seu país. Seu crime teria sido o adultério, mesmo estando seu marido...morto há algum tempo. Muitos movimentos mundo a fora tentam conseguir a clemência do governo persa para a condenada, tendo havido, inclusive, uma manifestação – mais hilária do que eficiente – do presidente Lula, no sentido de oferecer asilo à mulher.

É bem verdade que fica bastante difícil para os ocidentais – e mais ainda para os brasileiros – compreender a estranha figura jurídica do adultério cometido em face de um morto. Muito provavelmente o laço que une os casais segundo a lei islâmica é definitivamente inquebrável, desdenhando até da “única certeza”. Mas como a análise jurídica de leis (e crimes) pouco ortodoxos aos nossos olhos pode fazer-nos cair num ocidentocentrismo desavisado, é melhor que evitemos as teorizações sobre a “charia” – a lei islâmica – e busquemos uma compreensão mais pragmática do caso.

O Irã tem estado ultimamente nos noticiários, menos no caderno internacional e mais próximo das páginas policiais. Na condição de pária da comunidade internacional – exceto pela aproximação de Brasil e Turquia – o Irã reforça a autoridade de seu governo perante sua própria população com uma postura agressiva, autoritária e que simplesmente desdenha dos pactos internacionais de Direitos Humanos outrora firmados. A título de curiosidade, podemos apontar o fato de ser o Irã o país que mais tem menores de 18 anos no corredor da morte. Os dados são imprecisos mas ao que tudo indica 114 jovens, meninos e meninas, aguardam execução. Ainda, segundo dados do Iran Human Rights, mais de uma pessoa é executada por dia naquele país, e o número de condenações é crescente.

A lista de crimes que pode levar à pena de morte não é pequena. Além do assassinato – crime para o qual a pena de morte ainda é admitida em certos países ocidentais -, o Irã também pune com a pena capital o estupro, o roubo à mão armada, seqüestro, tráfico de drogas e o adultério feminino. Silencia, contudo sobre o adultério masculino.

Mas o crime mais complexo, de difícil definição, passível de pena de morte é o que se costuma chamar de “apostasia”. Para aqueles que, como eu antes de decidir escrever esse texto, não sabem o que é apostasia, aqui vai uma explicação. O apóstata é aquele que se desvia de seu caminho com deus. Em outras palavras, a apostasia é o ato de deixar de praticar uma específica fé religiosa. No caso do Irã, aqueles que deixarem de ser muçulmanos poderão ser condenados à morte, em virtude do crime de apostasia.

É curioso como esse fato, por si só, evidencia o abismo que separa o mundo ocidental contemporâneo do Irã. Afinal, mais do que uma simples legislação penal, a definição do crime de apostasia se baseia numa visão de mundo que despreza a mudança e que não tolera que o indivíduo pense por si só. Não admite que ele mude de idéia. Não vê a mudança como um elemento natural da existência.

E, no fundo, o crime de Sakineh, que aguarda para morrer, foi unicamente querer mudar, e continuar a viver, mesmo depois da morte do marido.

4 comentários:

Anônimo disse...

In it something is. Thanks for the help in this question, can I too I can to you than that to help?

Rodolfo Plata disse...

LA GRAN APOSTASÍA QUE COMETIÓ SAN PABLO, MADRE DE TODAS LAS APOSTASÍAS QUE SE HAN COMETIDO DESDE EL INICIO DEL CRISTIANISMO: Es la causa principal de que actualmente grandes multitudes abandonen la religión judeo cristiana ante la falta de congruencia de los dogmas con la realidad. Pepe Rodríguez: (Mentiras fundamentales de la Iglesia católica), critica duramente a la Iglesia por tergiversar, mutilar, falsificar los textos bíblicos a fin de reinterpretarlos de acuerdo a sus propios intereses, usos y costumbres. Sin tener en cuenta que antes de criticar la adecuación de los textos bíblicos al paso del tiempo, primero se debe criticar al profetismo judío, a fin de hacer objetiva la necesidad de re expresar y reinterpretar los textos bíblicos para adecuarlos al momento y circunstancias (De manera semejante a la reinterpretación de la Torah que hacen los rabinos en el Talmud y el Mishná para encontrar su significado “aquí y ahora”); la cual omite aduciendo falazmente que es palabra de Dios. Juan José Tamayo, también omite la critica al profetismo judío, antes de señalar las causas de la perdida de religiosidad del pueblo español; así no se da cuenta que la acentuada deserción se debe a la separación entre la fe y la razón promovida por San Pablo a fin de evitar que se criticara el profetismo judío (1ª Corintios I, 17 al 27). Apostatando la enseñanza de Cristo sobre la relación indispensable entre la fe y la razón revelada metafóricamente al ciego de nacimiento debido a que es necesario utilizar el raciocinio para poder hacer un juicio justo de nuestras creencias, a fin de disolver las falsas certezas de la fe que nos hacen ciegos a la verdad (Jn IX, 39) __Lo cual hace patente la necesidad de una nueva reinterpretación bíblica, ante la pérdida de religiosidad de nuestra sociedad, debido al cambio del paradigma religioso a causa del progreso científico. Y justifica las adecuaciones de los textos bíblicos que se hicieron en el devenir histórico de la Iglesia__ http://www.scribd.com/doc/33094675/BREVE-JUICIO-SUMARIO-AL-JUDEO-CRISTIANISMO-EN-DEFENSA-DEL-ESTADO-LA-IGLESIA-Y-LA-SOCIEDAD

Anônimo disse...

Excuse for that I interfere ?To me this situation is familiar. It is possible to discuss. Write here or in PM.

Rodolfo Plata disse...

El culto a las imágenes de Dios, es una apostasía condenado por la Ley de Israel. Sin embargo hay que reconocer la importancia del papel histórico de la iglesia como preservadora de la cultura greco romana, después de la caída de Roma. La gran apostasía de la Iglesia, no se debe al culto a las imágenes sagradas, se debe a su papel de aliada de la Sinagoga, guardiana y maestra de la tradición y las enseñanzas judías como si fueran inseparables de cristianismo; lo cual sería correcto si fuéramos judíos cristianos, pero somos gentiles. La Torah, fue escrita por judíos para el pueblo judío; y al no tener sentido para los no judíos los textos racistas criminales y genocidas, escritos en los Mandamientos de las segundas tablas de la Ley, y las leyes de la Guerra contra los gentiles (causantes de los genocidios Bíblicos) escritas por Moisés en el Deuteronomio, los reinterpretamos fantásticamente a fin de darles sentido para los no judíos. El punto es que no puede haber ética ni religión, en la mentira, y la Iglesia al no manejarse con la verdad sus directrices solo conducen al caos. http://www.scribd.com/doc/17148152/CRÍTICA-A-LA-UTOPÍA-CRISTIANA-EN-DEFENSA-DEL-ESTADO-LA-IGLESIA-Y-LA-SOCIEDAD