Martin Page
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E com isso, além dos 400 projetos, acabei comprando alguns livros por me interessar por citações bacanas.
Talvez uma história de amor, de Martin Page, foi o primeiro deles. Curiosidade aguçada a partir da história desse rapaz que chega em casa e ouve um recado de uma garota declarando o fim de seu relacionamento, relacionamento este que ele não se lembra, assim com da garota.
Lembrei de o O brilho eterno de uma mente sem lembrança, um dos meus top 10 filmes definitivos, e li o livro em 48 horas.
Com frases incríveis, sacadas filosóficas e um protagonista doente e de fácil identificação, a leitura flui. Não posso negar que meu lado romântico hollywoodianamente pervertido ficou decepcionada com o desfecho. Mas, por favor, não me entendam mal, o livro é bom. Agora fiquei curiosa pelos outros títulos do autor...
Segue trecho de Talvez uma História de Amor, de Martin Page, traduzido por Bernardo Ajzenberg
“…
Depois de desligar da tomada o abajur da mesa para ligar a do aparelho da secretária, Virgile apertou o botão de leitura. A mensagem apareceu.
- Então essa mulher o deixou – disse a psicanalista.
- Não exatamente.
- Mas ela disse isso claramente. Você é que não está aceitando.
A doutora Zerkin acreditava ter posto o dedo na ferida. Afinal de contas, os dois conheciam a situação da vida sentimental de Virgile: que ele provocasse a ruptura por parte de alguém era algo bastante plausível. Como os fenômenos das marés ou da migração das aves selvagens, fazia parte da ordem natural das coisas. Virgile sentia-se feliz por poder contradizê-la e, pelo menos uma vez, com razão.
- Nós não estávamos juntos. Nem sequer a conheço.
A doutora Zerkin segurou os óculos entre os dedos e começou a limpar as lentes. O caso a interessava. Após uma jornada inteira ouvindo neuroses clássicas, não tinha nada a opor a um pouco de fantasia. Recolocou os óculos e afastou as mãos num gesto de interrogação.
- E como você interpreta isso?
- Não quero interpretar. Quero entender.
- Ah, é?"
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